“Eu já me sabia fragmentada”

o corpo infante como local de violência em Corpo desfeito, de Jarid Arraes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46155

Palavras-chave:

Corporeidade, Infância, Literatura brasileira contemporânea, Violência

Resumo

Os estudos sobre violência estão em constante crescimento, visto que a sua compreensão engloba assimilar os diferentes extratos de manifestação, assim como o alargamento e a profundidade cujos impactos vão para além de indícios físicos. Dessa forma, analisar a violência envolve apreender, por meio de um eixo vertical e horizontal, as múltiplas formas pelas quais ela se revela. A obra Corpo desfeito, de Jarid Arraes (2022), traz as nuances não só corporais da narradora Amanda, mas também as múltiplas violências que auxiliam a construir seu corpo infantil. Desta forma, o objetivo deste estudo é compreender como a escala de violência geracional impacta na fragmentação do corpo infantil ao ponto de suprimir a vida da narradora Amanda, a descorporificando de suas próprias experiências como forma de sobrevivência. Logo, este estudo foi edificado de uma forma que contemplasse eixos essenciais de análise como a extensão corporal da violência, cuja manifestação se dá por meio da negligência familiar, do trabalho doméstico, da violência geracional e da punição como método disciplinar, assim como a exposição máxima da agressão que leva a descorporificação da narradora.

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Biografia do Autor

Verônica Farias Sayão, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Doutoranda em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e mestre em Teoria da Literatura pela mesma universidade. É formada em Letras Língua Portuguesa e possui experiência em revisão de textos acadêmicos, literários e materiais didáticos. Possui interesse em temas de corporeidade, violência de gênero, espaço como reflexo do indivíduo e mitos femininos.

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Publicado

2024-11-06

Como Citar

Farias Sayão, V. (2024). “Eu já me sabia fragmentada”: o corpo infante como local de violência em Corpo desfeito, de Jarid Arraes. Letrônica, 17(1), e46155. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46155

Edição

Seção

Dossiê: Estas não são histórias para crianças – representações da infância na literatura, no audiovisual e nas artes