Necropolítica em Leite do peito, de Geni Guimarães

um devir infantil em infravida

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.202.1.46149

Palavras-chave:

Literatura afro-brasileira, Geni Guimarães: conto, Michel Foucault: biopoder, Achille Mbembe: necropolítica, Interseccionalidade

Resumo

Este artigo analisa, em contos de Leite do Peito (2001), de Geni Guimarães, aspectos das condições de vida de sua protagonista. Para tanto, parte de um conceito de “biopoder” em acordo com as premissas de Michel Foucault (2005) suplementadas por Achille Mbembe (2014, 2018a, 2018b), especificamente com a noção de “infravida”, preconizada por este último, designando um sistema de negações a direitos básicos de subsistências, no contexto da necropolítica. Metodologicamente, a partir de uma abordagem interseccional, desde Patricia Hill Collins (2019), de Sirma Bilge e Patricia Hill Collins (2021), sobretudo no que concerne às variáveis raça, classe e gênero, explora conjunturas de vida sobre o devir infantil da protagonista nos contos “Fim dos meus natais de macarronadas” e “Santa Ceia”, de Geni Guimarães. Como resultados parciais, propõe-se uma relação entre as dores a afligir as noções subjetivas da personagem e as afetações psíquicas sofridas no meio árido em que vive com sua família, em um contexto de aviltamento de imunidades, tais como de educação, saúde, lazer e da própria infância.

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Biografia do Autor

Cleide Silva de Oliveira, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, Piauí, Brasil

Doutora (2024) e mestra (2019) em Letras/Literatura pela Universidade Federal do Piauí. Integrante dos Grupos de Pesquisa “Amefricanidades: lugar, diferença e violência” e “Teseu, o labirinto e seu nome”, em que realiza estudos e palestras acerca da produção literária de mulheres negras, especificamente sobre as construções identitárias das protagonistas da contística afro-brasileira. Atualmente, professora vinculada à Secretaria Estadual da Educação do Piauí. Realiza pesquisas na área das literaturas contemporâneas escritas por mulheres afro-brasileiras, além das relações étnico-raciais e interseccionalidades presentes nessas obras, sobretudo no que tange às infâncias negras.

Alcione Correa Alves, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, Piauí, Brasil.

Doutor (2012) e mestre (2008) em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor associado II na Universidade Federal do Piauí, onde tem desenvolvido atividades docentes de ensino, extensão e pesquisa, em graduação e pós-graduação. Tem coordenado, desde 2010, o Projeto de Pesquisa e Extensão “Teseu, o labirinto e seu nome”, dedicado ao tema das construções identitárias nas literaturas amefricanas.

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Publicado

2024-11-19

Como Citar

Silva de Oliveira, C., & Correa Alves, A. (2024). Necropolítica em Leite do peito, de Geni Guimarães: um devir infantil em infravida. Letrônica, 17(1), e46149. https://doi.org/10.15448/1984-4301.202.1.46149

Edição

Seção

Dossiê: Estas não são histórias para crianças – representações da infância na literatura, no audiovisual e nas artes