Infância abaixo do Rio Ohio

memória e racismo em Black Boy, de Richard Wright

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46133

Palavras-chave:

Memória, Infância, Racismo, Literatura Afro-Americana, Narrativa

Resumo

Este artigo busca analisar as representações da memória da infância na narrativa autobiográfica Black Boy, de Richard Wright, publicada em 1945. O foco recai sobre a temática do racismo, ou seja, como a experiência da violência racial é elaborada no processo mnemônico e, consequentemente, no projeto narrativo. Para concretizar este propósito, na primeira seção a memória e a sua construção narrativa são discutidas a partir de Ricoeur (2007, 2010) e Umbach (2008), principalmente. Na sequência, apresenta-se a análise literária de Black Boy que tem como chave analítica os atravessamentos do racismo na representação narrativa da memória da infância. A partir disso, observa-se que pela dupla temporalidade da narrativa, a memória traumática da opressão racial se abre no texto: o narrador adulto, desde o presente narrativo, modaliza a experiência do personagem criança, no passado narrativo.

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Biografia do Autor

Ernani Silverio Hermes, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

Doutorando e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria, com bolsa Capes. Professor da área de linguagens da rede estadual do Rio Grande do Sul.

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Publicado

2024-11-07

Como Citar

Hermes, E. S. (2024). Infância abaixo do Rio Ohio: memória e racismo em Black Boy, de Richard Wright . Letrônica, 17(1), e46133. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46133

Edição

Seção

Dossiê: Estas não são histórias para crianças – representações da infância na literatura, no audiovisual e nas artes