Duração de vogais antecedentes a consoantes oclusivas na variedade paraibana do português brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2023.1.42103Palavras-chave:
duração de vogais, oclusivas, Português brasileiro, variedade dialetal da ParaíbaResumo
Considerando-se os estudos que enfocam a duração segmental, destaca-se o fenômeno da produção de vogais precedentes a segmentos oclusivos vozeados e não vozeados, cujos valores, em várias línguas, tendem a ser superiores quando essas precedem uma consoante vozeada em detrimento de uma não vozeada, tal como ocorre no inglês (LADEFOGED, 1982). Acerca desse objeto de estudo no Brasil, encontram-se pesquisas que se debruçaram a respeito do inglês como L2 (ZIMMER; ALVES, 2007, 2008, 2012; ALBUQUERQUE, 2010, 2012), de português como L2 (ALVES; BRISOLARA, 2020) e pesquisas de cunho interdialetal (ESCUDERO et al., 2009). No entanto, investigações no sistema linguístico do português brasileiro, sem levar em conta o desenvolvimento de uma L2, são escassos. Diante desse panorama, este estudo investigou a duração de vogais precedentes a consoantes oclusivas na variedade dialetal da Paraíba. Os valores foram utilizados para ajustar um modelo de efeitos mistos aos dados. Os resultados obtidos demonstram que as oclusivas vozeadas parecem favorecer valores vocálicos duracionais significativamente maiores, em detrimento das oclusivas não vozeadas, além de possibilitar reflexões acerca dos desafios na aprendizagem fonético-fonológica de uma L2, em que tal duração pode desempenhar papel decisivo para a inteligibilidade da fala língua adicional (ALVES; BRISOLARA, 2020).
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