Um olho na tela, outro no leitor
Multimodalidade na contação de histórias em Libras no meio digital
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2020.4.37484Palavras-chave:
Língua de sinais, Contação de histórias, Vídeos, MultimodalidadeResumo
O meio digital pode ser considerado uma ferramenta mediadora da ação docente na construção de novos saberes. Para usuários surdos, especifica-mente, esse meio promove o desenvolvimento da atribuição de significados em diferentes níveis. Assim, a contação de histórias em Libras no meio digital favorece o acesso dos leitores surdos a um variado acervo literário, potencializando sua formação estética literária. A partir desse contexto, propomo-nos a discutir os aspectos multimodais e as suas potencialidades na formação leitora de sujeitos surdos, presentes nos vídeos de contação de histórias na língua brasileira de sinais (Libras). Para isso, analisaremos o vídeo de contação de história O homem que amava caixas (1997), do canal Mãos Aventureiras, disponível no YouTube. Em nossa análise, consideramos os aspectos de multimodalidade, segundo as diretrizes de Gualberto e Santos (2019) e Sisto (2012), para verificar os elementos caracterizadores da contação; Peixoto e Possebon (2018), especificamente, para tratar sobre a Literatura em Língua de Sinais; e Santaella (2012) para abordar os elementos plásticos da imagem. Os resultados da análise realizada mostram que a performance da contadora, o uso do livro físico, o enquadramento do vídeo, o ambiente, as cores, a dinâmica entre contador e imagem constroem os significados da história. Todos esses elementos reunidos tornam o vídeo um suporte multimodal que favorece a compreensão do texto literário narrado. Esses resultados demonstram que os vários elementos que constituem o vídeo de contação em Libras no meio digital exigem uma postura atenta e interativa do leitor surdo, o que interfere potencialmente na sua formação literária.
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