O estranho e a concha: espaços do exílio em Adriana Lisboa
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2018.3.31267Palavras-chave:
Exílio, Espaço diaspórico, Melancolia, Adriana Lisboa.Resumo
Marcada pelo exílio, a obra de Adriana Lisboa, ela própria uma imigrante nos Estados Unidos, se move em espaços caracterizados pela melancolia, pelo luto – pessoal e cultural – e pelos afetos da intimidade. Este trabalho se propõe investigar como a experiência do exílio é representada espacialmente, mais especificamente no romance Azulcorvo. Mostra-se como essa experiência se associa àfigura da concha, definida por Bachelard em Poética do espaço como uma casa que cresce na mesma medida em que cresce o corpo que a habita, numa dialética do escondido e do manifesto em que o ser mais mole constitui a concha mais dura e, ao mesmo tempo, prepara um turbilhão e uma saída. Assim também o estranho/estrangeiro produz a fortaleza da sua morada a partir da fraqueza e da morte, apontando para uma saída que, sintoma ou cura, se concretiza não tanto em espaços reais quanto no plano da imaginação.
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