“O mal de Alzheimer nacional”: (in)justiça, história e literatura
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2016.s.22154Palavras-chave:
K., Ditadura, Julgamento, Inconsciente jurídico.Resumo
Cinquenta anos depois do golpe militar brasileiro, as artes ainda procuram refletir e representar o período. Um dos grandes exemplos da literatura brasileira contemporânea, e sobre o qual este texto pretende versar, é o livro K. (2011), de Bernardo Kucinski. A trama centra-se na busca de um pai, K., por sua filha, A., desaparecida política no período do regime militar, e para a qual exige justiça, através da construção de uma narrativa. A leitura da obra proposta buscará contrastar diferentes áreas do conhecimento, como História, Psicanálise, Política e Direito, em especial com o texto de Shoshana Felman, O inconsciente jurídico (2002). A perspectiva levantada pela autora é a de que os julgamentos e a lei, de maneira geral, reproduzem e repetem os traumas sociais e políticos, a partir do seu inconsciente jurídico (dotada dos conceitos de trauma e de inconsciente de Freud). Os julgamentos históricos são marcados pela sua impossibilidade de escuta da voz do testemunho, enquanto a literatura seria o espaço no qual a hipocrisia da violência é colocada à prova, garantindo a escuta daqueles que não tem voz garantida no ambiente jurídico.
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