O livro didático de língua portuguesa: a autoria e suas coerções

Resumo

Este artigo objetiva discutir a autoria e as possíveis coerções envolvidas na produção do livro didático de Língua Portuguesa do Ensino Médio, a partir da observação e análise das orientações presentes nos manuais didáticos, referentes à abordagem de textos visuais e verbo-visuais, em duas coleções, indicadas pelo PNLEM 2009. Para este recorte, selecionamos uma atividade de leitura e seis excertos dos manuais dos professores. Buscamos, no confronto dos dados, compreender como as orientações presentes nos documentos oficiais de ensino da Língua Portuguesa no Ensino Médio interferem na produção dos livros e podem revelar as coerções envolvidas nesse processo.  Para tanto, a discussão ancora-se no arcabouço teórico enunciativo-discursivo de Bakhtin e o Círculo, que nos auxilia a compreender como os conflitos envolvidos na produção dos livros podem ser percebidos nos exemplares editados e analisados, em uma perspectiva dialógica de pesquisa.  A análise do corpus revelou que as orientações constantes nos manuais nem sempre se efetivaram na proposta pedagógica dos autores, demonstrando claramente um conflito entre vozes autorais e oficiais e uma lacuna entre o que é proposto nos manuais dos professores e as propostas de leitura dos textos visuais e verbo-visuais que de fato se efetivaram nos livros analisados.