O que fazemos para fundamentar nossas teorias filosóficas: do a priori kantiano ao “a priori histórico”
Palavras-chave:
sujeito, a priori, mundo, história.Resumo
Immanuel Kant (1724-1804), na Crítica da Razão Pura (1781), expressou a sua preocupação filosófica em desvendar os fundamentos que tornam possível a relação entre sujeito e objeto. Para tanto, ele buscou investigar aquilo que podemos conhecer objetivamente, mas percebeu, todavia, que não há uma adequação entre a razão e as coisas elas mesmas, mas que todo conhecimento é mediado, a começar pelas formas da intuição pura, que são as nossas noções de tempo e espaço. Conhecemos fenômenos e não as coisas em si mesmas. Todo o nosso conhecimento possível é guiado por um saber a priori, que dá forma aos objetos de nossa experiência. Esse discurso transcendental kantiano fundou um paradigma, mas se tornamos esse a priori puro algo absoluto, acabamos por admitir a existência de uma interioridade isenta de todas as influências do mundo onde ela se originou, no qual ela permanece inserida e do qual ela não pode se separar. Esse é o mundo vivido, para o qual nos chama a atenção o filósofo Martin Heidegger (1889-1976). Para ele, só conhecemos as coisas, ou melhor, só compreendemos, na medida em que já somos dentro de um mundo de significados gestados através da história. A partir dessa perspectiva, então, seria mais pertinente falarmos de algo como um “a priori histórico”. Nossa proposta, portanto, é, primeiramente, apresentar em que se fundamenta o a priori kantiano e, em um segundo momento, mostrar as transformações pelas quais o conceito de a priori passou até incorporar elementos da história com as considerações heideggerianas.
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