O que há de realmente atemorizador nos cenários tipo-Gattaca?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2020.2.36605

Palavras-chave:

Gattaca, edição genética, eugenia, Habermas, Sandel, direitos humanos

Resumo

No filme Gattaca, imagina-se um futuro já nada distante em que os casais poderão consultar um especialista em fertilização artificial e escolher as características de seu futuro filho. Eles podem selecionar embriões fertilizados em laboratório, podendo também alterar seus traços genéticos, eliminando genes capazes de expressar doenças ou mesmo características físicas indesejáveis. Técnicas recentes, como a edição genética por Prime Editing ou por meio da CRISPR-Cas9, logo permitirão terapias gênicas em embriões fertilizados in vitro antes de sua implantação uterina. Neste artigo, pretendemos avaliar essas possibilidades, revisando criticamente alguns argumentos conhecidos contra o uso indiscriminado de tais técnicas (como o argumento da ladeira escorregadia, e os argumentos de Jurgen Habermas e Michael Sandel). Ao final, em defesa de que objeções de princípio a práticas eugênicas devem estar assentadas na proteção e promoção dos direitos humanos, pretendemos avaliar quais limites poderiam publicamente justificar a permissão ou proibição do uso privado de tais técnicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marco Antonio Azevedo, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Doutor em Filosofia (UFRGS).

Marcos Rolim, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS

Doutor em Sociologia. Professor do PPG em Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) em Porto Alegre, RS, Brasil.

Referências

AGOSTINHO DE HIPONA. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores.),

ANZALONE, Andrew V.; RANDOLPH, Peyton B.; DAVIS, Jessie R.; SOUSA, Alexander A.; KOBLAN, Luke W.; LEVY, Jonathan M.; CHEN, Peter J.; WILSON, Christopher; NEWBY, Gregory A.; RAGURAM, Aditya & LIU, David R. Search-and-replace genome editing without double-strand breaks or donor DNA. Nature. https://doi.org/10.1038/s41586-019-1711-4, 2019. DOI: https://doi.org/10.1038/s41586-019-1711-4

ARENDT, Hannah. O que é política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002

______. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

AZEVEDO, Marco Antonio. Bioética fundamental. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2002.

______. Embriões e células-tronco embrionárias têm direito à vida? Ethic@ 4(3), 2005: 301-308.

______. The precautionary principle, and some implications of its use on the risk and safety of new biotechnologies and human body reengineering. In: DOMINGUES, Ivan. (Org.). Biotechnologies and the Human Condition. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2012.

BAIER, Annette C. Reflections on how we live. Oxford, UK & New York, USA: Oxford University Press, 2010. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:osobl/9780199570362.001.0001

BECK, Ulrich. World risk society. Cambridge: Polity Press, 1999.

CASTORIADIS, Cornélius. A instituição imaginária da sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 1982.

COHEN, Jon. Prime editing promises to be a cut above CRISPR. Science, 366(6464), 2019: 406. DOI: https://doi.org/10.1126/science.366.6464.406

DeGRAZIA, David. Creation ethics: reproduction, genetics, and the quality of life. Oxford, UK & New York, USA: Oxford University Press, 2012. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195389630.001.0001

DIAS, Maria Clara & VILAÇA, Murilo Mariano. Natureza humana versus aperfeiçoamento? Uma crítica aos argumentos de Habermas contra a eugenia positiva. Princípios 20(33), 2013: 227-263.

DWORKIN, Ronald. Taking rights seriously. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1977.

GOKLANY, Indur. The precautionary principle: a critical appraisal of environmental risk assessment. Cato Institute, 2001.

GROBSTEIN, Clifford. From chance to purpose: An appraisal of external human fertilization. London: Addison-Wesley, 1981,

HECK, José Nicolau. Eugenia negativa/positiva: o suposto colapso da natureza em J. Habermas. Veritas 51(1), 2006: 42-55. DOI: https://doi.org/10.15448/1984-6746.2006.1.1881

HABERMAS, Jurgen. The future of human nature. Cambridge, UK: Polity Press, 2003.

NIETZSCHE, Friedrich. The gay science. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2001.

SANDEL, Michael. Contra a Perfeição: ética na era da engenharia genética. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2018

SCANLON, Thomas M. What we owe to each other. Cambridge, Massachusetts, and London, England: The Belknap Press of Harvard University Press, 2000. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv134vmrn

SAVULESCU, Julian & KAHANE, Guy. The Moral Obligation to Create Children with the Best Chance of the Best Life. Bioethics 23(5), 2009: 274-290. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-8519.2008.00687.x

SUNSTEIN, Cass. Laws of fear: Beyond the precautionary principle. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2005. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511790850

VAN ERP, Paul B.G.; BLOOMER, Gary; WILKINSON, Royce and WIEDENHEFT, Blake. The history and market impact of CRISPR RNA-guided nucleases. Current Opinion in Virology. 12:85-90. https://doi.org/10.1016/j.coviro.2015.03.011 DOI: https://doi.org/10.1016/j.coviro.2015.03.011

WARNOCK, Mary. Is there a right to have children? Oxford, UK: Oxford Univeristy Press, 2002.

Downloads

Publicado

2020-07-25

Como Citar

Azevedo, M. A., & Rolim, M. (2020). O que há de realmente atemorizador nos cenários tipo-Gattaca?. Veritas (Porto Alegre), 65(2), e36605. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2020.2.36605

Edição

Seção

Varia