Estado de exceção e a governamentalidade da vida: a guerra como paradigma político

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2019.3.34648

Palavras-chave:

Estado de exceção. Exceção. Poder. Soberania. Biopoder.

Resumo

A presente reflexão visa investigar a concepção de estado de exceção enquanto dispositivo de governamentalidade que inclui a vida por meio do direito, pelo uso da exceção firmada como norma, o que coloca a Vida e o Direito em uma íntima relacionalidade. Esse dispositivo instituído pela exceção jurídica firmada pela decisão soberana estabelece mecanismos e estratégias de poder que insere e produz novas modalidades de controle sobre a vida, - paradigma de decisionismo soberano – que faz coincidir excepcionalismo e governamentalidade. Esse paradigma de exercício do poder assente no decisionismo soberano faz com que o Direito e as instituições democráticas se tornem instâncias de subtração de direitos. Esse dado basilar gera uma situação paradoxal diante da modernidade, sua concepção do político e de soberania enquanto garantia de direitos e de autonomia dos indivíduos. Essa configuração coloca em xeque o significado que o Direito e a própria vida passam a ter no tempo presente.

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Biografia do Autor

Evandro Pontel, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Doutor e pós-doutorando em Filosofia, Escola de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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Publicado

2019-12-31

Como Citar

Pontel, E. (2019). Estado de exceção e a governamentalidade da vida: a guerra como paradigma político. Veritas (Porto Alegre), 64(3), e34648. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2019.3.34648

Edição

Seção

Filosofia & Interdisciplinaridade