Síndrome metabólica em militares de uma unidade da polícia de Aracaju, Sergipe
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2016.3.24160Palavras-chave:
síndrome metabólica, obesidade, resistência a insulina, pressão arterial, risco cardiovascular, policiais militares.Resumo
Objetivos: Determinar a prevalência de síndrome metabólica e de seus componentes nos militares de uma unidade da polícia em Aracaju, Sergipe.
Métodos: Foi realizado um estudo transversal envolvendo os policiais militares de uma unidade de polícia localizada em Aracaju, capital do estado de Sergipe, no período de junho a julho de 2016. Foram selecionados para o estudo todos os policiais ativos na unidade que aceitaram participar da pesquisa, assinaram o termo de consentimento e não estavam em licença, afastamento, férias, ou processo de transferência para outra unidade. Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário com informações sociodemográficas e uma ficha com dados antropométricos e de exames laboratoriais realizados pelos militares por ocasião do exame médico periódico de rotina. A síndrome metabólica foi definida a partir dos critérios do National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III. Uma análise univariada foi realizada para examinar associações entre as variáveis de interesse, utilizando-se o teste qui-quadrado de Pearson e adotando-se o valor de p £ 0,05 como estatisticamente significativo.
Resultados: No período do estudo 115 policiais militares estavam lotados na unidade em estudo e 96 (83,5%) entre eles preencheram os critérios de inclusão no estudo. Destes, a maioria era do sexo masculino (96,6%), com filhos (84,4%), casados (52,2%), apresentavam nível de escolaridade até o ensino médio (35,4%), autorreferiram-se pardos (61,5%), ganhavam entre cinco e seis salários mínimos mensais (42,7%), tinham idade entre 36 e 45 anos (59,1%) e eram soldados (53,1%). Um total de sete (7,3%) entre os participantes do estudo apresentavam síndrome metabólica. Em relação aos componentes da síndrome metabólica, identificou-se circunferência abdominal aumentada indicando risco para doenças cardiovasculares em 34,4% dos participantes; sobrepeso em 57,3%; hipertensão arterial em 11,5%; triglicerídeos elevados em 29,5%; baixo colesterol ligado a lipoproteínas de alta densidade em 60,4%; e glicemia de jejum elevada em 31,3%. A graduação de cabo apresentou associação com síndrome metabólica: um militar com graduação de cabo tinha risco em torno de onze vezes mais de ter critérios para síndrome metabólica em relação às outras graduações (razão de prevalência=11,86; intervalo de confiança 95% 10,88-12,84; p=0,005).
Conclusões: Os policiais da amostra investigada apresentaram uma prevalência de síndrome metabólica menor quando comparada a outros estudos brasileiros. A graduação de cabo apresentou maior risco de desenvolver síndrome metabólica, o que deve ser investigado com mais profundidade por meio de estudos que relacionem as características funcionais de cada patente com a presença dos componentes clínicos e laboratoriais da síndrome metabólica.Downloads
Referências
I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq Bras Cardiol. 2005;84:1-27. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2005000100001
Ferrari, CKB. Atualização: fisiopatologia e clínica da síndrome metabólica. Arq Cat Med. 2007;36(4):90-5.
Godoy-Matos AF, Oliveira J, Guedes EP, Carraro L, Lopes AC, Mancini MC, Suplicy HL, Brito CLS, Bystronski DP, Mombach KD, Stenzel LM, Repetto G, Radominski RB, Halpern ZSC, Villares SMF, Arrais RF, Rodrigues MDB, Mazza FC, Bittar T, Benchimol AK; Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Diretrizes Brasileiras de Obesidade. 3ª ed. São Paulo: AC Farmacêutica; 2009.
Gottlieb MGV. Origem da síndrome metabólica: aspectos genético-evolutivos e nutricionais. Sci Med. 2008;18(1):31- 8.
Minayo MCS, Assis SG, Oliveira RVC. Impacto das atividades profissionais na saúde física e mental dos policiais civis e militares do Rio de Janeiro (RJ, Brasil). Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(4):2199-209. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000400019
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cidades: Sergipe – informações básicas dos municípios. 2015 [cited 2016]. Available from: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?lang=&coduf=28&search=sergipe
Sergipe. Secretaria de Segurança Publica de Sergipe (SSP/SE). Histórico do Batalhão de Choque da Policia de Sergipe [Internet]. Aracaju; 2014 [cited 2016 Oct 05]. Available from: http://www.pm.se.gov.br/institucional/historico/
Oliveira PLM, Bardagi MP. Estresse e comprometimento com a carreira em policiais militares. Bol Psicol. 2009; 59(131):153-66.
Vilarinho RMF, Lisboa, MTL. Diabetes mellitus: fatores de risco em trabalhadores de enfermagem. Acta Paul Enferm. 2010;23(4):557-61. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002010000400018
Jesus GM, Jesus EFA. Predisposição para desenvolver resistência insulínica em policiais militares. Pensar Prat. 2010;13(2):1-15.
Tahan F, Pereira JC. Avaliação de risco cardiovascular por indicadores antropométricos em policiais militares de um batalhão do Sul de Minas Gerais. Rev Bras Gastroenterol. 2015;14(4):230-6.
Cordeiro AKR. Avaliação da Síndrome Metabólica em Policiais Militares do Segundo Batalhão de Policia Militar da Paraíba [monografia]. [João Pessoa]: Universidade Federal da Paraíba; 2015. 27 p.
Leite EB, Anchieta VCC. Identificação de Síndrome Metabólica em Policiais Civis do Distrito Federal. Brasília Med. 2013;50(3):186-93. http://dx.doi.org/10.14242/2236-5117.2014v50n3a88p186
Garbarino S, Magnavita N. Work stress and metabolic syndrome in police officers. a prospective study. PLoS One. 2015 Dec 7;10(12):e0144318. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0144318
Oliveira AF. Nutrição e síndrome metabólica em policiais militares do oeste do Paraná [tese]. [São Paulo]: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); 2009. 118 p.
Barbosa RO, Silva EF. Prevalência de fatores de risco cardiovascular em policiais militares. Rev Bras Cardiol. 2013;26(1):45-53.
Oliveira CM, Cruz MM. Sistema de vigilância em saúde no Brasil: avanços e desafios. Saúde Debate. 2015;39(104):255-67. http://dx.doi.org/10.1590/0103-110420151040385
Rocha RM, Barra GB, Campos EC, Rosa C, Garcia EC, Amato AA, Azevedo MF. Prevalence of the rs1801282 single nucleotide polymorphism of the PPARG gene in patients with metabolic syndrome. Arch Endocrinol Metab. 2015 Aug;59(4):297-302. http://dx.doi.org/10.1590/2359-3997000000086
Braga Filho RT, D'Oliveira A. The Prevalence of Metabolic Syndrome Among Soldiers of the Military Police of Bahia State, Brazil. Am J Mens Health. 2014 Jul;8(4):310-5. http://dx.doi.org/10.1177/1557988313510928
Wirth MD, Burch J, Shivappa N, Violanti JM, Burchfiel CM, Fekedulegn D, Andrew ME, Hartley TA, Miller DB, Mnatsakanova A, Charles LE, Steck SE, Hurley TG, Vena JE, Hébert JR. Association of a dietary inflammatory index with inflammatory indices and metabolic syndrome among police officers. J Occup Environ Med. 2014 Sep;56(9):986-9. http://dx.doi.org/10.1097/JOM.0000000000000213
Lucena MM. Risco cardiovascular em policiais e bombeiros de Campina Grande - Paraíba. [monografia]. [João Pessoa]: Universidade Federal da Paraíba; 2014. 33 p.
Bello-Rodriguez BM, Sanchez-Cruz G, Delgado-Bustillo F, Asiama G. The relationship between metabolic syndrome and target organ damage in Ghanaian with stage-2 hypertension. Ghana Med J. 2013 Dec;47(4):189-96.
Hartley TA, Burchfiel CM, Fekedulegn D, Andrew ME, Knox SS, Violanti JM. Associations between police officer stress and the metabolic syndrome. Int J Emerg Ment Health. 2011;13(4):243-56.
Batista UM. Prevalência de sobrepeso, obesidade e Fatores de Risco para doenças cardiovasculares em policiais militares masculinos efetivos de Goiânia – GO [dissertação]. [Goiania]: Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro; 2011. 153 p.
Fonseca ISS, Araújo TM. Prevalência de transtornos mentais comuns entre indústriarios bahianos. Rev Bras Saúde Ocup. 2014;39 (129):35-49. http://dx.doi.org/10.1590/0303-7657000065012
Carlotto, MS. Síndrome de Burnout em professores: prevalência e fatores associados. Psic Teor e Pesq. 2011;27(4):403-10. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722011000400003