Só uma cantada? Análise da percepção do assédio de rua a partir do sexismo ambivalente
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-8623.2024.1.42580Palavras-chave:
sexismo ambivalente, assédio, violência contra as mulheresResumo
Este estudo objetivou analisar a percepção do assédio de rua no contexto brasileiro. Participaram 323 pessoas da população geral, com idades variando entre 18 e 65 anos (M=27,5; DP=8,10), as quais responderam a um questionário online com situações fictícias de assédio de rua, medidas de percepção do assédio, uma questão aberta e perguntas sociodemográficas. Os resultados quantitativos mostraram que os participantes percebem o assédio como um comportamento sexista; contudo, mulheres percebem mais do que homens. Essa percepção varia de acordo com o contexto em que o assédio ocorre, ou seja, o assédio que acontece na rua é visto como mais sexista do que quando ocorre em uma festa. Ademais, os resultados mostram que o sexismo hostil influencia significativamente de forma negativa a percepção do assédio de rua. Além disso, os resultados qualitativos convergem com o que foi encontrado nos dados quantitativos, de modo que as pessoas percebem e justificam a situação ocorrida como assédio.
Downloads
Referências
Allport, G. W. (1954). The nature of prejudice. Addison-Wesley.
Bailey, B. (2017). Greetings and compliments or street harassment? Competing evaluations of street remarks in a recorded collection. Discourse & Society, 28(4), 353-373. https://doi.org/10.1177/0957926517702979
Barreto, M., & Ellemers, N. (2005). The burden of benevolent sexism: How it contributes to the maintenance of gender inequalities. European Journal of Social Psychology, 35(5), 633-642. https://doi.org/10.1002/ejsp.270
Bowman, C. (1993). Street Harassment and the informal ghettoization of women. Harvard Law Review, 6(3), 517-568. https://doi.org/10.2307/1341656
Campos, P. A., Falb, K. L., Hernández, S., Díaz-Olavarrieta, C., & Gupta, J. (2017). Experiences of street harassment and associations with perceptions of social cohesion among women in Mexico City. Salud pública de méxico, 59(1), 102-105. https://doi.org/10.21149/7961
Cialdini, R. B., Reno, R. R., & Kallgren, C. A. (1990). A focus theory of normative conduct: Recycling the concept of norms to reduce littering in public places. Journal of personality and social psychology, 58(6), 1015-1026. https://doi.org/10.1037/0022-3514.58.6.1015
Chaudoir, S. R., & Quinn, D. M. (2010). Bystander sexism in the intergroup context: The impact of cat-calls on women’s reactions towards men. Sex Roles, 62(9-10), 623-634. https://doi.org/10.1007/s11199-009-9735-0
Deboni, M. A., & Silva, L. V. F. (2018). Lei Maria da Penha: análise de campanhas publicitárias de combate à violência contra a mulher. Revista Fragmentos de Cultura-Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas, 28(2), 191-206. https://doi.org/10.18224/frag.v28i2.6462
di Leonardo, M. (1981). The Political Economy of Street Harassment. Aegis, 51-57.
Fairchild, K. & Rudman, L. A. (2008). Everyday stranger harassment and women’s objectification. Social Justice Research, 21, 338-357. https://doi.org/10.1007/s11211-008-0073-0
Fairchild, K. (2010). Context effects on women’s perceptions of stranger harassment. Sexuality & Culture, 14(3), 191-216. https://doi.org/10.1007/s12119-010-9070-1
Farmer, O., & Jordan, S. S. (2017). Experiences of Women Coping With Catcalling Experiences in New York City: A Pilot Study. Journal of Feminist Family Therapy, 29(4), 205-225. https://doi.org/10.1080/08952833.2017.1373577
Formiga, N. S., Gouveia, V. V., & Santos, M. D. (2002). Inventário de sexismo ambivalente: sua adaptação e relação com o gênero. Psicologia em estudo, 7(1), 103-111. https://doi.org/10.1590/S1413-73722002000100013
França, M. H. O., & Calixto, T. G. (2016). Naturalização da violência contra mulher: contextualizando condutas do Brasil Colônia. Revista Conceitos, 24(2), 98-110.
Garrido, J. A., Billi, M., & González, M. J. G. (2017). ¡Tu'piropo'me violenta! Hacia una definición de acoso sexual callejero como forma de violencia de género. Revista Punto Género, 7, 112-137. https://doi.org/10.5354/0719-0417.2017.46270
Glick, P., & Fiske, S. T. (1996). The ambivalent sexism inventory: Differentiating hostile and benevolent sexism. Journal of personality and social psychology, 70(3), 491-512. https://doi.org/10.1037/0022-3514.70.3.491
Glick, P., Fiske, S. T., Mladinic, A., Saiz, J. L., Abrams, D., Masser, B., Adetoun, B., Osagie, J. E., Akande, A., Alao, A., Annetje, B., Willemsen, T. M., Chipeta, K., Dardenne, B., Dijksterhuis, A., Wigboldus, D., Eckes, T., Six-Materna, I., Expósito, F., . . . López, W. L. (2000). Beyond prejudice as simple antipathy: hostile and benevolent sexism across cultures. Journal of Personality and Social Psychology, 79, 763-775. https://doi.org/10.1037/0022-3514.79.5.763
Gravelin, C. R., Biernat, M., & Bucher, C. E. (2019). Blaming the victim of acquaintance rape: Individual, situational, and sociocultural factors. Frontiers in psychology, 9, 1-22. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.02422
Kearl, H. (2010). Stop street harassment: Making public places safe and welcoming for women. Praeger Publishers.
Kemmelmeier, M. (2014). Telling what they want to know: A replication and extension. Social Psychology, 45(5), 426-430. http://dx.doi.org/10.1027/1864-9335/a000173
López, A. M., & Yepes, T. G. (2018). Percepción del acoso sexual según los niveles de prejuicio sexista, 23(2), 19-26. https://doi.org/10.32824/investigpsicol.a23n2a2
Madalozzo, R., & Artes, R. (2017). Escolhas profissionais e impactos no diferencial salarial entre homens e mulheres. Cadernos de Pesquisa, 47(163), 202-221.
Maurer, T. W., & Robinson, D. W. (2008). Effects of attire, alcohol, and gender on perceptions of date rape. Sex Roles, 58(5-6), 423-434.
McCarty, M. K., Iannone, N. E., & Kelly, J. R. (2014). Stranger danger: The role of perpetrator and context in moderating reactions to sexual harassment. Sexuality & Culture, 18(4), 739-758. https://doi.org/10.1007/s12119-013-9215-0
Mellgren, C., Andersson, M., & Ivert, A. K. (2018). “It happens all the time”: Women’s experiences and normalization of sexual harassment in public space. Women & Criminal Justice, 28(4), 262-281. https://doi.org/10.1080/08974454.2017.1372328
Michaelis. (n. d.). Assédio. In Michaelis: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Acessado em 20 jan. 2021, disponível em http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/ass%C3%A9dio
Organização Mundial da Saúde (2012). Compreendendo e abordando a violência contra as mulheres: Violência do parceiro íntimo. OMS. https://apps.who.int/iris/handle/10665/77432
Pereira, M. L. Q., Costa, A. S., & Pereira Júnior A. J. (2018). Revisão do conceito de assédio sexual praticado contra mulheres no brasil. Revista dos Tribunais, 994(2018), 449-480. https://www.researchgate.net/profile/marynna-pereira/publication/327955403_revisao_do_conceito_de_assedio_sexual_praticado_contra_mulheres_no_brasil/links/5baf65bd45851574f7ef197e/revisao-do-conceito-de-assedio-sexual-praticado-contra-mulheres-no-brasil.pdf
Riemer, A., Chaudoir, S., & Earnshaw, V. (2014). What looks like sexism and why? The effect of comment type and perpetrator type on women’s perceptions of sexism. Journal of General Psychology, 141, 263-279. https://doi.org/10.1080/00221309.2014.907769
Saffioti, H. (2015). Gênero, Patriarcado, Violência (2. ed.). Expressão Popular; Fundação Perseu Abramo.
Savio, T. D. (2016). Ei gostosa! Assédio de rua e interações no espaço público [Dissertação de Metrado em Letras, Universidade Estatual do Oeste do Paraná]. https://tede.unioeste.br/bitstream/tede/2583/1/Thayna_Savio_2016.pdf
Saunders, B. A., Scaturro, C., Guarino, C., & Kelly, E. (2017). Contending with catcalling: The role of system-justifying beliefs and ambivalent sexism in predicting women’s coping experiences with (and men’s attributions for) stranger harassment. Current Psychology, 36(2), 324-338. https://doi.org/10.1007/s12144-016-9421-7
Silva, E. (2017). Internet, estupro, assédio sexual e ativismo na campanha online “primeiro assédio”. In C. Stevens, E. Silva, S. Oliveira, & V. Zanello (Orgs.), Relatos, análises e ações no enfrentamento da violência contra mulheres (pp. 200-233). Technopolitik.
Souza, M. A. R. D., Wall, M. L., Thuler, A. C. D. M. C., Lowen, I. M. V., & Peres, A. M. (2018). O uso do software IRAMUTEQ na análise de dados em pesquisas qualitativas. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 52, 1-7. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2017015003353
Vera-Gray, F. (2016). Men's stranger intrusions: Rethinking street harassment. Women's Studies International Forum, 58, 9-17. https://durham-repository.worktribe.com/output/1405925/mens-stranger-intrusions-rethinking-street-harassment
Walton, K. A., & Pedersen, C. L. (2021). Motivations behind catcalling: exploring men’s engagement in street harassment behavior. Psychology & Sexuality, 13(3), 689-703. https://doi.org/10.1080/19419899.2021.1909648
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Psico
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Psico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Psico como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.
