Depressão, somatização e distúrbios do sono como fatores de risco para o desenvolvimento de disfunções temporomandibulares

Um estudo de controle de casos baseado na população

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-8623.2022.1.38434

Palavras-chave:

disfunção temporomandibular, fatores de risco, preditores, características sociodemográficas

Resumo

O objetivo deste estudo foi determinar a associação entre disfunções temporomandibulares (DTM) com depressão, somatização e distúrbios do sono na cidade de Maringá, Brasil. Foram selecionados 1.643 participantes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS). Desses, o grupo caso foi formado por 84 participantes que apresentaram limitações moderada ou grave devido à dor na DTM e o grupo controle foi formado por 1.048 participantes com ausência de dor. Verificou-se diferença estatisticamente significativa (p<0,001) entre casos e controles em relação à depressão (82,1 versus 37,4%), somatização (84,5 versus 31,4%) e distúrbios do sono (84,6 versus 36,4%), em níveis moderados a graves. Os níveis de depressão moderada a grave, somatização e distúrbios do sono foram significativamente mais altos em indivíduos com DTM com alta incapacidade devido à dor por DTM. O risco de desenvolver DTM aumentou quatro a cinco vezes quando o indivíduo apresenta níveis moderados a graves de depressão, somatização e distúrbios do sono.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniela Disconzi Seitenfus Rehm, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutora em Odontologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil; mestre em Odontologia; especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (ABORS); graduada em Odontologia. Professora Adjunta A no Departamento de Odontologia Conservadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil.

Patrícia Saram Progiante, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil.

Doutora em Prótese Dentária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil; pós-doutorado em Saúde Coletiva pela Faculdade de Odontologia de Bauru-USP; mestre em Prótese Dentária pela Faculdade São Leopoldo Mandic; especialista em Prótese Dentária e Disfunção Temporomandibular; graduada em Odontologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), em Maringá, PR, Brasil. Professora Adjunta do Curso de Odontologia da Faculdade Ingá e docente efetiva do Mestrado em Prótese Dentária pela Uningá.

Marcos Pascoal Pattussi, Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, RS, Brasil.

PhD in Epidemiology and Dental Public Health pela University College London (UCL), em Londres, Reino Unido; pós-doutorado na Harvard School of Publich Health; Master of Science in Dental Public Health pela University College London (UCL); especialização em Odontologia em Saúde Coletiva pela Universidade de Brasília (UnB), em Brasília, Brasil; graduação em Odontologia pela Universidade de Passo Fundo (UPF), em Passo Fundo, RS, Brasil. Professor Titular da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, RS, Brasil, atuando no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

Tatiana Quarti Irigaray, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutora e Mestre em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil. Professora titular dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil. 

João Batista Blessmann Weber, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutor em Odontologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil; mestre em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP), em Bauru, SP, Brasil; especialista em Odontopediatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil; Cirurgião-Dentista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil, Professor dos cursos de graduação e pós-graduação do Curso de Odontologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil. 

Dalton Breno Costa, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil.

Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), em Porto Alegre, RS, Brasil. Research Assistant da University of North Carolina at Greensboro (UNCG), em Greensboro, NC, Estados Unidos.

Patrícia Krieger Grossi, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil.

PhD em Serviço Social pela Universidade de Toronto, Canada; mestre e graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil; especialista em Gerontologia Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil; pós-doutorado em Serviço Social pela Universidade de Toronto, Canadá. Professora do programa de pós-graduação em Serviço Social e do programa de pós-graduação em gerontologia biomédica da PUCRS. Pesquisadora Produtividade do CNPq 1B

Márcio Lima Grossi, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutor em Epidemiologia Oral (Doctor of Philosophy- PhD) pela University of Toronto, Canadá; pós-doutoramento pela Universidade de Toronto, Canadá; mestre em Oclusão (Master Of Science Restorative Dentistry-Occlusion) pela University of Michigan, Estados Unidos; especialista pelo CFO em Prótese Dentária e Disfunção Têmporo-Mandibular e Dor Orofacial; graduado (Cirurgião-Dentista) em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil. Professor dos cursos de graduação (Oclusão I e II) e pós-graduação do Curso de Odontologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil.

Referências

Aggarwal, V. R., Macfarlane, G. J., Farragher, T. M., & McBeth, J. (2010). Risk factors for onset of chronic oro-facial pain–results of the North Cheshire oro-facial pain prospective population study. Pain, 149(2), 354-359. https://doi.org/10.1016/j.pain.2010.02.040

Aggarwal, V. R., Fu, Y., Main, C. J., & Wu, J. (2019). The effectiveness of self‐management interventions in adults with chronic orofacial pain: A systematic review, meta‐analysis and meta-regression. European Journal of Pain, 23(5), 849-865. https://doi.org/10.1002/ejp.1358

Alrashdan, M. S., & Alkhader, M. (2017). Psychological factors in oral mucosal and orofacial pain conditions. Europeanjournalofdentistry, 11(4), 548-552. https://doi.org/10.4103/ejd.ejd_11_17

Canales, G. D. L. T., Guarda-Nardini, L., Rizzatti-Barbosa, C. M., Conti, P. C. R., & Manfredini, D. (2019). Distribution of depression, somatization and pain-related impairment in patients with chronic temporomandibular disorders. Journal of Applied Oral Science, 27(e), 1-6. https://doi.org/10.1590/1678-7757-2018-0210

Carlson, C. R. (2008). Psychological considerations for chronic orofacial pain. Oral and maxillofacial surgery clinics of North America, 20(2), 185-195. https://doi.org/10.1016/j.coms.2007.12.002

Carrara, S. V., Conti, P. C. R., & Barbosa, J. S. (2010). Termo do 1º consenso em disfunção temporomandibular e dor orofacial. Dental Press Journal of Orthodontics, 15(3), 114-120. https://doi.org/10.1590/S2176-94512010000300014

Ćelić, R., Braut, V., & Petričević, N. (2011). Influence of depression and somatization on acute and chronic orofacial pain in patients with single or multiple TMD diagnoses. Collegium Antropologicum, 35(3), 709-713.

Daher, C. R. D. M., Cunha, L. F. D., Ferreira, A. P. D. L., Souza, A. I. S. D. O., Rêgo, T. A. M., Araújo, M. D. G. R. D., & Silva, H. J. D. (2018). Limiar de dor, qualidade do sono e níveis de ansiedade em indivíduos com disfunção temporomandibular. Revista CEFAC, 20(4), 450-458. https://doi.org/10.1590/1982-0216201820414417

Dougall, A. L., Jimenez, C. A., Haggard, R. A., Stowell, A. W., Riggs, R. R., &Gatchel, R. J. (2012). Biopsychosocial factors associated with the subcategories of acute temporomandibular joint disorders. Journal of orofacial pain, 26(1), 7-16.

Dueñas, M., Ojeda, B., Salazar, A., Mico, J. A., & Failde, I. (2016). A review of chronic pain impact on patients, their social environment and the health care system. Journal of pain research, 9, 457-467. https://doi.org/10.2147/JPR.S105892

Dworkin, S. F., Turner, J. A., Mancl, L., Wilson, L., Massoth, D., Huggins, K. H., LeResche, L., & Truelove, E. (2002). A randomized clinical trial of a tailored comprehensive care treatment program for temporomandibular disorders. Journal of Orofacial Pain, 16(4), 259-76.

Ekici, Ö. (2020). Association of stress, anxiety, and depression levels with sleep quality in patients with temporomandibular disorders. Cranio, 19, 1-9. https://doi.org/doi:10.1080/08869634.2020.1861886

Fernandes, G., Franco, A. L., Siqueira, J. T. T., Gonçalves, D. A. G., & Camparis, C. M. (2012). Sleep bruxism increases the risk for painful temporomandibular disorder, depression and non‐specific physical symptoms. Journal of oral rehabilitation, 39(7), 538-544. https://doi.org/10.1111/j.1365-2842.2012.02308.x

Furquim, B. A., Flamengui, L. M. S. P., & Conti, P. C. R. (2015). TMD and chronic pain: A current view. Dental Press Journal of Orthodontics, 20(1), 127-133. https://doi.org/ 10.1590/2176-9451.20.1.127-133.sar

Jekel, J. F., Katz, D. L., & Elmore, J. G. (2006). Epidemiologia, bioestatística e medicina preventiva. In Epidemiologia, bioestatística e medicina preventive (pp. 432-432). Artmed.

Jeremic-Knezevic, M., Knezevic, A., Boban, N., DjurovicKoprivica, D., & Boban, J. (2018). Correlation of somatization, depression, and chronic pain with clinical findings of the temporomandibular disorders in asymptomatic women. Cranio: the journal of craniomandibular practice, 39(1), 17-23. Advance online publication. https://doi.org/10.1080/08869634.2018.1554294

Kim, Y. K., Kim, S. G., Im, J. H., & Yun, P. Y. (2012). Clinical survey of the patients with temporomandibular joint disorders, using Research Diagnostic Criteria (Axis II) for TMD: preliminary study. Journal of Cranio-Maxillofacial Surgery, 40(4), 366-372. https://doi.org/10.1016/j.jcms.2011.05.018

Lavigne, G. J., & Sessle, B. J. (2016). The neurobiology of orofacial pain and sleep and their interactions. Journalof dental research, 95(10), 1109-1116. https://doi.org/10.1177/0022034516648264

Manfredini, D., Winocur, E., Ahlberg, J., Guarda-Nardini, L., & Lobbezoo, F. (2010). Psychosocial impairment in temporomandibular disorders patients. RDC/TMD axis II findings from a multicentre study. Journal of dentistry, 38(10), 765-772. https://doi.org/10.1016/j.jdent.2010.06.007

Mathias, J. L., Cant, M. L., & Burke, A. L. J. (2018). Sleepdisturbancesandsleepdisorders in adults living withchronicpain: a meta-analysis. Sleep Medicine, 52, 198-210. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2018.05.023

Merrill, R. L. (2010). Orofacial pain and sleep. Sleep Medicine Clinics, 5(1), 131-144.

Natu, V. P., Yap, A. U. J., Su, M. H., Irfan Ali, N. M., & Ansari, A. (2018). Temporomandibular disorder symptoms and their association with quality of life, emotional states and sleep quality in South‐East Asian youths. Journal of oral rehabilitation, 45(10), 756-763. https://doi.org/10.1111/joor.12692

Nishiyama, A., Kino, K., Sugisaki, M., & Tsukagoshi, K. (2012). Influence of Psychosocial Factors and Habitual Behavior in Temporomandibular Disorder–Related Symptoms in a Working Population in Japan. The open dentistry journal, 6, 240.

Pack, A. I., Platt, A. B., & Pien, G. W. (2008). Does untreated obstructive sleep apnea lead to death? Sleep, 31(8), 1067.

Penlington, C., & Ohrbach, R. (2020). Biopsychosocial assessment and management ofpersistent orofacial pain. Oral Surgery, 13(4), 349-357. https://doi.org/10.1111/ors.12470

Penna, P. P., Recupero, M., & Gil, C. (2009). Influence of psychopathologies on craniomandibular disorders. Brazilian dental journal, 20(3), 226-230. https://doi.org/10.1590/S0103-64402009000300010

Progiante, S. P., Pattussi, P. M., Lawrence, H. P., Goya, S., Grossi, K. P., Grossi, L. M., ... & Grossi, M. L. (2015). Prevalence of Temporomandibular Disorders in an Adult Brazilian Community Population Using the Research Diagnostic Criteria (Axes I and II) for Temporomandibular Disorders (The Maringá Study). International Journal of Prosthodontics, 28(6). https://doi.org/10.11607/ijp.4026

Reis, F., Guimarães, F., Nogueira, L. C., Meziat-Filho, N., Sanchez, T. A., & Wideman, T. (2019). Association between pain drawing and psychological factors in musculoskeletal chronic pain: A systematic review. Physiotherapy theory and practice, 35(6), 533-542. https://doi.org/0.1080/09593985.2018.1455122

Selaimen, C. M., Jeronymo, J., Brilhante, D. P., & Grossi, M. L. (2006). Sleep and depression as risk indicators for temporomandibular disorders in a cross-cultural perspective: a case-control study. International Journal of Prosthodontics, 19(2), 154-161.

Sheng, J., Liu, S., Wang, Y., Cui, R., & Zhang, X. (2017). The link between depression and chronic pain: neural mechanisms in the brain. Neural plasticity, 2017(19), 1-10. https://doi.org/10.1155/2017/9724371

Sherman, J. J., LeResche, L., Huggins, K. H., Mancl, L. A., Sage, J. C., & Dworkin, S. F. (2004). The relationship of somatization and depression to experimental pain response in women with temporomandibular disorders. Psychosomatic medicine, 66(6), 852-860. https://doi.org/10.1097/01.psy.0000140006.48316.80

Sierwald, I., John, M. T., Schierz, O., Hirsch, C., Sagheri, D., Jost-Brinkmann, P. G., & Reissmann, D. R. (2015). Association of temporomandibular disorder pain with awake and sleep bruxism in adults. Journal of Orofacial Orthopedics/Fortschritte der Kieferorthopädie, 76(4), 305-317. https://doi.org/10.1007/s00056-015-0293-5

Unger, E. R., Nisenbaum, R., Moldofsky, H., Cesta, A., Sammut, C., Reyes, M., & Reeves, W. C. (2004). Sleep assessment in a population-based study of chronic fatigue syndrome. BMC neurology, 4(6).

Wager, J., Brown, D., Kupitz, A., Rosenthal, N., & Zernikow, B. (2019). Prevalence and associated psychosocial and health factors of chronic pain in adolescents: differences by sex and age. European Journal of Pain, 24(4), 761-772. https://doi.org/10.1002/ejp.1526

Downloads

Publicado

2022-11-25

Como Citar

Rehm, D. D. S., Progiante, P. S., Pattussi, M. P., Irigaray, T. Q., Weber, J. B. B., Costa, D. B., Grossi, P. K., & Grossi, M. L. (2022). Depressão, somatização e distúrbios do sono como fatores de risco para o desenvolvimento de disfunções temporomandibulares: Um estudo de controle de casos baseado na população. Psico, 53(1), e38434. https://doi.org/10.15448/1980-8623.2022.1.38434

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)