A fotografia, o naturalismo e a política na imagem de ocupação urbana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-3729.2023.1.43824

Palavras-chave:

fotografia, cinema, naturalismo, política, ocupação urbana

Resumo

Este texto está orientado a problematizar as seguintes questões: o que quer dizer naturalismo em fotografia? Em que sentido podemos afirmar que o naturalismo insiste em certas fotografias de ocupação urbana? Finalmente, o que difere este naturalismo insistente de outras imagens de ocupação e autoconstrução urbanas? O primeiro movimento deste artigo é retomar discursos sobre naturalismo e fotografia. O segundo movimento é analisar o naturalismo insistente em uma série de fotografias de ocupação urbana, no caso, Copacabana Palace, de Peter Bauza (2016). A análise de Copacabana Palace é feita em comparação com outras imagens de ocupação e autoconstrução urbana: Marrocos (DI BELLA; CHRIST, 2017), Era o Hotel Cambridge (CAFFÉ, 2016), Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados (BEMFICA; BASTOS; ARAÚJO; MAIA DE BRITO, 2018) e Construção (DA ROSA, 2020), entre outras. A estratégia comparativa é adequada para evidenciar uma insistência (naturalismo) e suas distâncias frente a imagens correlatas.

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Biografia do Autor

Bruno Leites, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.

 

Doutor em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil. Realizou estágio doutoral no Instituto de Pesquisa sobre o Cinema e o Audiovisual (IRCAV), na Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris 3, na França. Professor do Departamento de Comunicação (DECOM) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFRGS. Integra o grupo de pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação (GPESC).

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Publicado

2023-11-03

Como Citar

Leites, B. (2023). A fotografia, o naturalismo e a política na imagem de ocupação urbana. Revista FAMECOS, 30(1), e43824. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2023.1.43824

Edição

Seção

Mídia e Cultura