O uso de dados e métodos digitais nas pesquisas em comunicação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-3729.2019.2.32473

Palavras-chave:

humanidades digitais. Métodos computacionais. Comunicação.

Resumo

Este artigo faz um esforço exploratório de mapear as principais implicações epistemológicas e metodológicas de recentes desenvolvimentos tecnológicos para as pesquisas da Comunicação. São eles: a popularização do computador pessoal, a da internet e o surgimento das ferramentas características da Web 2.0. A partir desse mapeamento, traçamos uma tipologia ao identificarmos tendências entre os estudos contemporâneos que fazem uso de técnicas computacionais de coleta e análise de dados, buscando indicar desafios e caminhos para evitar um possível tecnicismo de tais métodos. Nosso trabalho destaca críticas que têm surgido entre pesquisadores das ciências humanas e sociais que problematizam valores e práticas de pesquisa reforçados pelo fetiche quantitativo e deslumbramento com a era de dados abundantes que vivemos. Um dos nossos principais argumentos é o de que metodologias híbridas são umas das melhores soluções para nos beneficiarmos humanamente da virada computacional em nosso campo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Carolina Vimieiro, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (MG).

Professora do Departamento de Comunicação Social (DCS) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutora em Comunicação pela Queensland University of Technology (QUT, Austrália), com pós-doutorado pelo PPGCOM/UFMG.

Janine de Kássia Rocha Bargas, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, PARÁ (PA).

Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCOM/UFMG). Mestra em Ciências Sociais, com área de concentração em Sociologia, e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, ambas pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professora Adjunta do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).

Referências

ALBUQUERQUE, Afonso; MAGALH ÃES CARVALH O, Eleonora De; SANTOS JR., Marc elo Alves Dos. Ciberativismo no Brasil. In: DANE, Felix (org.). Internet e sociedade. Cadernos Adenauer. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer Stiftung, 2015. p. 75-95.

BAYM, Nancy K. Tune in, log on: soaps, fandom, and online community. Thousand Oaks, Calif: Sage Publications, 2000.

BERRY, David M. Introduction: Understanding digital humanities. In: BERR, David. Understanding digital humanities. London - UK: Palgrave Macmillan, 2012. Disponível em: http://public.eblib.com/choice/publicfullrecord.aspx?p=868344. Acesso em: 23 fev. 2018. https://doi.org/10.1057/9780230371934_1

BERRY, David M. Critical theory and the digital. New York/London. Bloomsbury Publishing, 2014.

BRUNS, A.; WELL ER, K.; HARRINGT ON, S. Twitter and Sports: Football Fandom in Emerging and Established markets. In: K. WELL ER et al. (ed.). Twitter and Society. New York: Peter Lang, 2014. p. 263-280.

BURGESS, Jean; BRUNS, Axel. Twitter Archives and the Challenges of “Big Social Data” for Media and Communication Research. M/C Journal, v. 15, n. 5, 11 out. 2012. Disponível em: http://journal.media-culture.org.au/index.php/mcjournal/article/view/561. Acesso em: 23 fev. 2018.

BURROWS, John. Textual Analysis. In: SCHREIBMAN, Susan; SIEMENS, Ray; UNSWORTH , John (org.). A Companion to Digital Humanities. Malden, MA, USA: Blackwell Publishing Ltd, 2004. p. 323-347. Disponível em: http://doi.wiley.com/10.1002/9780470999875.ch23. Acesso em: 23 fev. 2018. https://doi.org/10.1002/9780470999875.ch23

DE BARROS FILH O, Clóvis; PRAÇA, Sérgio. Agenda Setting, Newsmaking e a Espiral do Silêncio. In: CITELL I, Adilson e outros (org.). Dicionário de comunicação: escolas, teorias e autores. São Paulo, SP: Editora Contexto, 2014. p. 25-35.

DIXON, Dan. Analysis Tool or Research Methodology: Is there an epistemology for patterns? In: BERRY, D. Understanding digital humanities. Palgrave Macmillan UK, 2012. p. 191-209. https://doi.org/10.1057/9780230371934_11

EITELJORG, Harrison. Computing for Archaeologists. In: SCHREIBMAN, Susan; SIEMENS, Ray; UNSWORTH , John (org.). Companion to Digital Humanities. Blackwell Companions to Literature and Culture. Hardcover ed. Oxford: Blackwell Publishing Professional, 2004. Disponível em: http://www.digitalhumanities.org/companion/. Acesso em: 23 fev. 2018.

ESCOSTEGUY, Ana Carolina; JACKS, Nilda. Comunicação e Recepção. São Paulo: Hackers Editores, 2005.

GILLESPIE, Tarleton. The politics of ‘platforms’. New Media & Society, v. 12, n. 3, p. 347-364, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1461444809342738. Acesso em: 4 nov. 2019.

GITELMAN, Lisa; JACKSON, Virginia. Introduction. In: GITELMAN, Lisa (ed.). “Raw data” is an oxymoron. MIT Press: Cambridge, 2013. p. 1-14. https://doi.org/10.4074/s0336150013013100

GIGLIETT O, Fabio; SELVA, Donatella. Second Screen and Participation: A Content Analysis on a Full Season Dataset of Tweets. Journal of Communication, v. 64, n. 2, p. 260-277, 1 abr. 2014. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jcom.12085/abstract. Acesso em: 23 fev. 2018. https://doi.org/10.1111/jcom.12085

HOCKEY, Susan. The History of Humanities Computing. In: SCHREIBMAN, Susan; SIEMENS, Ray; UNSWORTH , John (ed.). A Companion to Digital Humanities. Blackwell: Oxford, 2004. Disponível em: http://www.digitalhumanities.org/companion/. Acesso em: 23 fev. 2018. https://doi.org/10.1111/b.9781405103213.2004.00024.x

KATZ, Elihu. O Estudo da Comunicação e a imagem da sociedade. In: COHN, Gabriel (org.). Comunicação e Indústria Cultural. São Paulo. Nacional, 1975. p. 155-61.

KOENIG, Thomas. Routinizing Frame Analysis through the use of CAQDAS. Paper presented at The Bi-annual RC-33 meeting, Amsterdam, 17-20 ago. 2004. Disponível em: http://www.restore.ac.uk/lboro/research/case_studies/hohmann/frames_and_CAQDAS.pdf. Acesso em: 23 fev. 2018.

KOENIG, Thomas. Compounding mixed-methods problems in frame analysis through comparative research. Qualitative Research v. 6, n. 1, p. 61-76, 1 fev. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1468794106058874.

LIU, A. Where Is Cultural Criticism in the Digital Humanities? In: GOLD, M. K. (ed.). Debates In the digital humanities. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2012. p. 490-509. https://doi.org/10.5749/minnesota/9780816677948.003.0049

MANOVICH, Lev. Trending: The promises and the challenges of big social data. In: GOLD, M. Debates in the digital humanities. University of Minnesota Press: Minneapolis, 2012. p. 460-475. https://doi.org/10.5749/minnesota/9780816677948.003.0047

NAPOLI, Philip; CAPLAN, Robyn. Por que empresas de mídia insistem que não são empresas de mídia, por que estão erradas e por que isso importa. Parágrafo, v. 6, n. 1, p. 143-163, 2018. https://doi.org/10.17771/pucrio.acad.11435

NEUMAN, W. R. e outros The Dynamics of Public Attention: Agenda-Setting Theory Meets Big Data: Dynamics of Public Attention. Journal of Communication, v. 64, n. 2, p. 193–214, abr. 2014. Disponível em: https://academic.oup.com/joc/article/64/2/193-214/4086099. Acesso em: 23 fev. 2018. https://doi.org/10.1111/jcom.12088

PORTO, Mauro. A pesquisa sobre recepção e os efeitos da mídia: propondo um enfoque integrado. In: FERREIRA, Giovandro; MARTINO, Luiz Cláudio (org.). Teorias da Comunicação: epistemologia, ensino, discurso e recepção. Bahia: Edufba, 2007.

PRESNER, Todd. Digital Humanities 2.0: A Report on Knowledge, 2010. Disponível em: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.469.1435&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 23 fev. 2018.

ROGERS, Richard. The end of the virtual: digital methods. Amsterdam: University Press, 2009.

ROGERS, Richard. Digital Methods for Web Research. In: SCOTT , Robert A.; KOSSLYN, Stephan M. (org.). Emerging Trends in the Social and Behavioral Sciences. Hoboken, NJ, USA: John Wiley & Sons, Inc., 2015. p. 1-22.. https://doi.org/10.1002/9781118900772.etrds0076

SCHREIBMAN, Susan; SIEMENS, Ray; UNSWORTH , John. Companion to Digital Humanities (Blackwell Companions to Literature and Culture). Hardcover ed. Oxford: Blackwell Publishing Professional, 2004. Disponível em: http://www.digitalhumanities.org/companion/. Acesso em: 23 fev. 2018.

SILVEIRA, Fabrício. Teoria dos Usos e Gratificações. In: CITELL I, Adilson et al. (org.). Dicionário de comunicação: escolas, teorias e autores. São Paulo, SP: Editora Contexto, 2014. p. 459–456.

VAN DIJCK, J. Datafication, dataism and dataveillance: Big Data between scientific paradigm and ideology. Surveillance & Society, v. 12, n. 2, p. 197-208, 2014. Disponível em: https://ojs.library.queensu.ca/index.php/surveillance-and-society/article/view/4776. Acesso em: 8 out. 2019. https://doi.org/10.24908/ss.v12i2.4776

VAN DIJCK, J. O. S. É. Confiamos nos dados? As implicações da datificação para o monitoramento social. MATRIZes, v. 11, n. 1, p. 39-59, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/1430/143050607004.pdf. Acesso em: 8 out. 2019.

VIMIEIRO, A. C. A produtividade digital dos torcedores de futebol brasileiros: formatos, motivações e abordagens. Revista Contracampo, v. 31, p. 23-59, 2014. Disponível em: http://periodicos.uff.br/contracampo/article/download/17534/11160. Acesso em: 8 out. 2019. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i31.695

VIMIEIRO, A. C. Football supporter cultures in modern-day Brazil: Hypercommodification, networked collectivisms and digital productivity. Brisbane. Tese (Doutorado) – Faculdade de Indústrias Criativas, Queensland University of Technology, 2015. Disponível em: http://eprints.qut.edu.au/91056. Acesso em: 08 out. 2019.

Downloads

Publicado

2019-12-17

Como Citar

Vimieiro, A. C., & Bargas, J. de K. R. (2019). O uso de dados e métodos digitais nas pesquisas em comunicação. Revista FAMECOS, 26(2), e32473. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2019.2.32473

Edição

Seção

Pensamento Midiático Comunicacional