A história de uma negação
A dimensão popular do tumulto de 1624 no México
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2022.1.35503Palavras-chave:
Tumulto, Marquês de Gelves, México, Século XVIIResumo
Em 15 de janeiro de 1624, um tumulto irrompeu no México, forçando o vice-rei a abandonar o palácio em que residia para salvar a própria vida. Como consequência, a Audiência Real assumiu o governo da Nova Espanha até que Felipe IV nomeasse outro vice-rei, o que causou debates encarniçados dos dois lados do Atlântico e acusações de parte a parte. Quem eram os responsáveis e quais eram as causas do motim que na prática destituíra o Marquês de Gelves? Tal pergunta está na origem da pesquisa apresentada neste artigo, cujo objetivo é analisar duas versões do tumulto elaboradas entre 1624 e 1629 e atribuídas ao vice-rei. Em termos metodológicos, a proposta foi examinar ambos os documentos buscando respostas à questão formulada para, em seguida, compará-las. Ao fazê-lo, notamos uma diferença sutil, mas significativa: a segunda versão negava enfaticamente o caráter popular do motim. Passamos então a mostrar como se deu tal negação para, ao final, oferecer uma hipótese para essa mudança. Nossa hipótese sugere que Gelves negou-se a imputar a autoria da sedição ao povo valendo-se de um imaginário político compartilhado no mundo ibérico a respeito da soberania popular. E o vice-rei o fez por duas razões. Por um lado, defender sua reputação e patrimônio, e por outro, assegurar que a autoridade real espanhola sobre a Nova Espanha não havia sido rompida. Isso se tornava mais relevante à medida que as disputas na Europa se acirravam na década de 1620 e outras potências ameaçavam os domínios ultramarinos da Espanha.
Downloads
Referências
BALLONE, Angela. The 1624 Tumult of Mexico in Perspective (c. 1620–1650). Authority and Conflict Resolution in the Iberian Atlantic. Leiden; Boston: Brill, 2017.
BANCROFT, Hubert Howe. History of Mexico. San Francisco: A. L. Bancroft, 1883, v. 3.
BAUTISTA Y LUGO, Gibrán. 1624: Historia de una rebelión olvidada. El levantamiento popular de 1624 en la ciudad de México, a través de sus primeras crónicas. 2007. Tesis (Licenciado en Historia) – Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), México, 2007.
BAUTISTA Y LUGO, Gibrán. Los indios y la rebelión de 1624 en la ciudad de México. In: CASTRO GUTIÉRREZ, Felipe (ed.). Los indios y las ciudades de Nueva España. México DF: UNAM, 2010. p. 197-216.
BAUTISTA Y LUGO, Gibrán. Castigar o perdonar: el gobierno de Felipe IV ante la rebelión de 1624 en México. 2014. Tesis (Doctorado en Historia) – Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), México DF, 2014.
BAUTISTA Y LUGO, Gibrán. Cédulas del perdón real a los rebeldes de la ciudad de México, 1627. Estudios de Historia Novohispana, México DF, n. 52, p. 68-74, 2015.
BOYER, Richard. Absolutism versus Corporatism in New Spain: The Administration of the Marquis of Gelves, 1621–1624. The International History Review, Oxford, v. 4, n. 4, p. 475-503, nov. 1982.
BÜSCHGES, Christian. ¿Absolutismo virreinal? La administración del Marqués de Gelves revisada (Nueva España, 1621–1624). In: DUBET, Anne; RUIZ IBÁÑEZ, José J. (ed.). Las monarquias española y francesa (siglos XVI-XVIII) ¿Dos modelos políticos? Madrid: Casa de Velázquez, 2010. p. 31-44.
BRADING, David. Miners and Merchants in Bourbon Mexico, 1763-1810. Cambridge: Cambridge University Press, 1971.
BRADING, David. Los Orígenes del Nacionalismo Mexicano. México DF: Ediciones Era, 1973.
CAÑEQUE, Alexandre. The king’s living image. The culture and politics of viceregal power in colonial Mexico. London; New York: Routledge, 2004.
CAÑIZARES-ESGUERRA, Jorge. Transformações ideológicas na Atlântica América Espanhola: as imagens e as narrativas das rebeliões de 1624 e 1692 na Cidade do México. In: FURTADO, Júnia F. (org.). Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica: Europa, Américas e África. Belo Horizonte: Fapemig: PPGH-UFMG, 2008. p. 173-181.
DOCUMENTOS PARA LA HISTORIA DE MEXICO. Segunda serie. México DF: Imprenta de F. Escalante y Cía., 1855, v. 2.
ELLIOTT, John Huxtable. El conde-duque de Olivares. 4. imp. Madrid: Crítica, 2010.
FEIJOO, Rosa. El tumulto de 1624. Historia Mexicana, México DF, v. 14, n. 1, p. 42-70, 1964.
FERNANDES, Luiz Estevam. Patria Mestiza. A invenção do passado nacional mexicano (XVIII-XIX). Jundiaí: Paco, 2012.
GAGE, Thomas. The English American his Travail by Sea and Land: or A New Svrvey of the West Indias. London: R. Cotes, 1648.
GIBSON, Charles. Los Aztecas bajo el domínio español (1519-1810). 4. ed. México DF: Siglo Veintiuno, 1978.
GIERKE, Otto von. Teorías políticas de la Edad Media. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1995.
GÓNGORA, Mario. Studies in the Colonial History of Spanish America. London: Cambridge University Press, 1975.
GROSSI, Paolo. A ordem jurídica medieval. São Paulo: WWF Martins Fontes, 2014.
GUTHRIE, Chester. Riots in Seventeenth Century Mexico City: A Study in Social History with Special Emphasis on the Lower Classes. 1937. Dissertation (PhD History) – University of California, 1937.
GUTHRIE, Chester. A Seventeenth Century “Ever-Normal Granary”: The Alhóndiga of Colonial Mexico City. Agricultural History, Kennesaw, v. 15, n. 1, p. 37-43, jan. 1941.
HANKE, Lewis. Los virreyes españoles en America durante la Casa de Austria (México). Madrid: Atlas, 1977. t. 3.
INFORME del estado en que el Marqués de Gelves halló los reinos de la Nueva España, y relación de lo sucedido en el tiempo que la gobernó y del tumulto y lo demás, hasta que volvió a España, c. 1629. In: HANKE, Lewis. Los virreyes españoles en America durante la Casa de Austria (México). Madrid: Atlas, 1977, t. 3, p. 113-160.
INFORME preparado por el Marqués de Gelves, 1628. In: HANKE, Lewis. Los virreyes españoles en America durante la Casa de Austria (México). Madrid: Atlas, 1977, t. 3, p. 160-190.
INSTRUCCIÓN secreta al marqués de Cerralbo, 1624. In: HANKE, Lewis. Los virreyes españoles en America durante la Casa de Austria (México). Madrid: Atlas, 1977, t. 3, p. 267-269.
ISRAEL, Jonathan. Mexico and the “General Crisis” of the Seventeenth Century. Past & Present, Oxford, n. 63, p. 33-57, maio 1974.
ISRAEL, Jonathan. Razas, clases sociales y vida política en el México colonial, 1610-1670. México DF: FCE, 1981.
KAMEN, Henry. Empire. How Spain became a world power, 1492-1763. New York: HarperCollins, 2003.
LEMPÉRIÈRE, Annick. Entre Dieu et le Roi, la République. Mexico, XVIe-XIXe siècle. Paris: Les Belles Lettres, 2004.
OWENSBY, Brian. Pacto entre rey lejano y súbditos indígenas. Justicia, legalidade y política en Nueva España, siglo XVII. Historia Mexicana, México DF, v. 61, n. 1, p. 59-106, jul./set. 2011.
PARKER, Geoffrey. Europe in crisis, 1598-1648. Ithaca: Cornell University Press, 1979.
PHELAN, John. L. The People and the King: The Comunero Revolution in Colombia, 1781. Madison: The University of Wisconsin Press, 1978.
PROVISIÓN que la audiencia hizo en respuesta del protesto de S. E. con las glosas que se pusieron al margen. In: HANKE, Lewis. Los virreyes españoles en America durante la Casa de Austria (México). Madrid: Atlas, 1977, t. 3, p. 195-199.
QUIJADA, Mónica. Las “dos tradiciones”. Soberanía popular e imaginarios compartidos en el mundo hispánico en la época de las grandes revoluciones atlánticas. In: RODRÍGUEZ, Jaime (coord.). Revolución, independencia y las nuevas naciones de América. Madrid: Mapfre, 2005. p. 61-86.
RAMÍREZ HERNÁNDEZ, Esaú. J. Análisis de la categoría de “calidad” en la clasificación social de Nueva España (siglos XVII-XVIII). Historicas. Boletín del Instituto de Investigaciones Historicas, México, n. 97, p. 2-27, 2013.
RELACIÓN del estado en que dejó el gobierno del Marqués de Cerralbo, 1636. In: HANKE, Lewis. Los virreyes españoles en America durante la Casa de Austria (México). Madrid: Atlas, 1977, t. 3, p. 269-290.
REIS, Anderson R. Instruções reais, advertências vice-reais. A escrita do governo ante as circunstâncias da Nova Espanha (século XVI). Tempo, Niterói, v. 22, n. 39, p. 51-71, jan./abr. 2016.
RIVA PALACIO, Vicente. México a través de los siglos. Barcelona: Espasa y Compañía, 1888. t. 2.
RODRÍGUEZ, Jaime. Las revoluciones atlánticas: una reinterpretación. Historia Mexicana, México DF, v. LXIII, n. 4, p. 1871-1968, 2014.
RODRÍGUEZ, Manuel R. La edad de oro de los virreyes: el virreinato en la monarquía hispánica durante los siglos XVI y XVII. Madrid: Akal, 2011.
ROLDÁN VERA, Eugenia. “Pueblo” y “pueblos” en México, 1710-1810: un ensayo de historia conceptual. Araucaria, Sevilla, n. 17, p. 268-288, maio 2007.
SENELLART, Michel. As artes de governar. Do regimen medieval ao conceito de governo. São Paulo: Editora 34, 2006.
SIMPSON, Lesley B. Muchos Méxicos. México DF: FCE, 1986.
SKINNER, Quentin. Fundações do Pensamento Político Moderno. São Paulo: Cia. das Letras, 2006.
STOWE, Noel. The Tumult of 1624: Turmoil at Mexico City. 1970. Tese (Doutorado em História) – University of Southern California, Los Angeles, 1970.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Anderson Roberti dos Reis
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Estudos Ibero-Americanos implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Estudos Ibero-Americanos como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.