O Aurélio era preto: trabalho, associativismo e capital relacional na trajetória de um homem pardo no Brasil Imperial e Republicano

Autores

  • Paulo Staudt Moreira Unisinos

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2014.1.16504

Palavras-chave:

Escravidão. Educação. Irmandades.

Resumo

Este artigo analisa as inserções profissionais e associativas de um homem negro, durante o Império e primeiros anos da República, no Brasil, percebendo as posições ocupadas por ele em redes sociais e políticas que lhe possibilitaram ascensão e prestígio. Percebemos que Aurélio Viríssimo de Bittencourt constituiu uma autorrepresentação étnico-racial de pardo, percebendo-se como equidistante do mundo dos brancos e do cativeiro, mundos esses nos quais convivia e circulava. O seu pertencimento racial e social pode ter lhe colocado alguns obstáculos, mas também deu-lhe um posicionamento ambivalente de mediador entre diferentes grupos étnicos e sociais.

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Biografia do Autor

Paulo Staudt Moreira, Unisinos

Professor adjunto da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e coordenador do Programa de Pós-graduação em História. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. Possui graduação em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1993), doutorado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2001) e pós-doutoramento na Universidade Federal Fluminense. 

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Publicado

2014-12-17

Como Citar

Moreira, P. S. (2014). O Aurélio era preto: trabalho, associativismo e capital relacional na trajetória de um homem pardo no Brasil Imperial e Republicano. Estudos Ibero-Americanos, 40(1), 85–127. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2014.1.16504

Edição

Seção

Artigos