Regulações do corpo e da parentalidade durante o pré-natal em mulheres jovens de camadas populares
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2015.2.17985Palabras clave:
Pré-natal. Camadas populares. Regulação. Corpo. Parentalidade.Resumen
A partir de duas pesquisas etnográficas realizadas com mulheres jovens de camadas populares usuárias dos serviços de saúde pública, no Recife e no Rio de Janeiro, no artigo analisamos as relações destas com os profissionais e serviços de saúde de proximidade na construção de experiências da gravidez. Destacamos a maneira como os atendimentos do pré-natal têm se convertido em um dispositivo de regulação não somente de comportamentos e práticas corporais ligadas ao “cuidado de si” e do “outro a vir”, mas também das relações de parentalidade. Seguindo esse escopo, observamos quatro técnicas de regulação sanitária: a assignação à maternidade, a construção de um “projeto de criança”, a formação de “grupos de discussão” e a mobilização da categoria de “risco”. Em conclusão, relativizamos a força disciplinar do dispositivo para compreender como as experiências da gravidez são construídas pelas mulheres, bem como para enfatizar as mudanças nos regimes de regulação na área da saúde materno-infantil.
Descargas
Citas
BAJOS, Nathalie; FERRAND, Michelle; Equipe GINÉ. De la conception à l’avortement: sociologie des grossesses non prévues. Paris: Inserm, 2002.
BAJOS, Nathalie; FERRAND, Michelle. La contraception, levier réel ou symbolique de la domination masculine? Sciences Sociales et Santé, v. 22, n. 3, p. 117-142,
BAJOS, Nathalie; FERRAND, Michèle. L’interruption volontaire de grossesse et la recomposition de la norme procréative. Sociétés contemporaines, n. 61, p. 91-117, 2006.
BERQUÓ, Elza; CAVENAGHI, Suzana. Increasing adolescent and youth fertility in Brazil: a new trend or a one-time event? In: Annals Population Association of America. Annual Meeting, session 151. Pennsylvania, Philadelphia 2005.
BERQUÓ, Elza; LIMA, Liliam Pereira. Fecundidade e aspectos reprodutivos. In: PNDS-2006, Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher, Relatório final. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p. 113-126 <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/index.php>.
BOLTANSKI, Luc. La condition foetale: une sociologie de l’engendrement et de l’avortement. Paris: Gallimard, 2004.
BRANDÃO, Elaine Reis. Iniciação sexual e afetiva: exercício da autonomia juvenil. In: Maria Luiza Heilborn (Org.). Família e sexualidade. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. p. 63-86.
BRANDÃO, Elaine Reis. Gravidez na adolescência: um balanço bibliográfico. In: Maria Luiza Heilborn (Org.). O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros. Rio de janeiro: Garamond, 2006. p. 61-95.
BRASIL, Ministério da Saúde. Pesquisa nacional de demografia e saúde da criança e da mulher - PNDS 2006: Dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf> (2 dez. 2014).
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
BRASIL, Ministério da Saúde/SVS. Sistema de informações sobre nascidos vivos (Sinasc), 2000 e 2010. Brasília, 2010.
BUTLER, Judith. Le pouvoir des mots: discours de haine et politique du performatif. Paris: Éd. Amsterdam, 2004.
CAETANO, Rosângela; DAIN, Sulamis. O Programa de Saúde da Família
e a reestruturação da Atenção Básica à Saúde nos grandes centros urbanos: velhos problemas, novos desafios. The Advance-Progress (Vidalia), v. 12, n. 1, p. 11-29, 2001.
CALVEZ, Marcel. Le risque comme ressource culturelle dans la prévention du sida. In: Jean-Pierre Dozon; Didier Fassin. Critique de la santé publique: une approche anthropologique. Paris: Ballan, 2001. p. 127-143.
CAMARGO, Keneth R. Medicalização, farmacologização e imperialismo sanitário. Cadernos de saúde pública, v. 29, n. 5, p. 844-846, 2013.
CHARBONNEAU, Johanne. La maternité chez les adolescentes : certaines s’en sortent bien. Recherche sociale, n. 5, v. 1, p. 3-5, 1998.
CHAZAN, Lilian Krakovski. Meio quilo de gente: um estudo antropológico sobre ultrassom obstétrico. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.
CLARKE, Adèle; FISHMAN, Jennifer R.; FOSKET, Jennifer R.; MAMO, Laura; Janet Shin. Technosciences et nouvelle biomédicalisation: racines occidentales, rhizomes mondiaux. Sciences sociales et santé, v. 18, n. 2, p. 11-42, 2000.
CONRAD, Peter. The medicalization of society: on the transformation of human condition into treatable disorders. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2007.
CORRÊA, Humberto. A fecundidade na adolescência: a interpretação de um problema ou um problema de interpretação? Dissertação (Mestrado em Demografia e Estudos Populacionais), Escola Nacional de Ciências Estadísticas, IBGE, Rio de Janeiro, 2004.
CORREA, Marilena; GUILAM, Maria Cristina. O discurso do risco e o aconselhamento genético pré-natal. Cadernos de Saúde Pública, v. 22, n. 10, p. 2141-2149, 2006.
COSTA, Tonia; STOTZ, Eduardo Navarro; GRYNSZPAN, Danielle; SOUZA, Maria do Carmo Borges de. Naturalização e medicalização do corpo feminino: o controle social por meio da reprodução. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, v. 10,
n. 20, p. 363-380, 2006 .
DADOORIAN, Diana. Adolescentes: por que elas querem engravidar? Revista Femina, v. 24, n. 1, p. 47-51, 1996.
DE CERTEAU, Michel. L’invention du quotidien. v. 1, Paris: Gallimard, 2002.
DENYER, Laurie Michelle. Call me’at-risk’: maternal health in São Paulo’s public health clinics and the desire for cesarean technology. Massachusetts, 2009. Doctoral dissertation, Massachusetts Institute of Technology.
GROSSI, Miriam. Gênero e parentesco: familias gays e lésbicas no Brasil. Cadernos Pagu, n. 21, 2003, p. 261-280.
FAYA ROBLES, Alfonsina. L’humanisation de l’accouchement et de la naissance au Brésil: de nouveaux dispositifs de régulation des corps des femmes pauvres? Revue Lien social et Politiques, v. 59, p. 115-124, 2008.
FAYA ROBLES, Alfonsina. Las agentes comunitarias de salud en el Brasil contemporáneo: la “policía amiga” de las madres pobres. Revista Latinoamericana Sexualidad, Salud y Sociedad, n. 12, p. 92-126, 2012.
FAYA ROBLES, Alfonsina. Régulations en santé materno-infantile en milieu populaire à partir de la notion de risque. Anthropologie & Santé, n. 9, 2014 <http://anthropologiesante.revues.org/1525> (6 jan. 2015).
FOUCAULT, Michel. Le Souci de soi, tomo 3: “Histoire de la sexualité”. Paris: Gallimard, 1984.
HEILBORN, Maria Luiza. Gravidez na Adolescência: considerações preliminares sobre as dimensões culturais de um problema social. In: Elisabeth M. Vieira; Maria Eugenia L. Fernandes; Patrícia Bailey; Arlene McKay (Orgs.). Seminário Gravidez na Adolescência, Saúde do Adolescente. Rio de Janeiro, Ministério da Saúde, Projeto de Estudos da Mulher/Family Health International, Associação Saúde da Família, 1998. p. 23-32.
HEILBORN, Maria Luiza; SALEM, Tânia; ROHDEN, Fabíola; BRANDÃO, Elaine; KNAUTH, Daniela; VÍCTORIA, Ceres; AQUINO, Estela; McCALLUM, Cecília; BOZON, Michel. Aproximações socioantropológicas sobre a gravidez na adolescência. Horizontes Antropológicos, v. 8, n. 17, p. 13-44, 2002.
HEILBORN, Maria Luíza. Experiência da sexualidade, reprodução e trajetórias juvenis. In: Maria Luiza Heilborn; Estela M. L. Aquino; Michel Bozon; Daniela Riva Knauth (Orgs.). O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2006. p. 30-58.
HISLOP, Jenny; ARBER, Sara. Understanding women’s sleep management: beyond medicalization-healthicization? Sociology of Health & Illness, n. 7, v. 25, p. 815-837, 2003.
IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. (2 nov. 2014).
JACQUES, Beatrice. Sociologie de l’accouchement. Paris: PUF, 2007.
KATZ, Regina Abramovitch. Adolescentes e maternidade: um destino, um problema, uma escolha? Dissertação de mestrado em Saúde da Criança, Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro. 1999.
LEAL, Ondina Fachel; LEWGOY, Bernardo. Pessoa, aborto e contracepção. In: Ondina Fachel Leal (Org.). Corpo e significado: ensaios de antropologia social. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1995. p. 55-75.
LEAL, Ondina; LEWGOY, Bernardo. Aborto: uma contribuição antropológica à discussão. Revista Filosofia Politica: Nova Série. v. 2, p. 173-195, 1998.
MARTINS, Terezinha Costa, HEILBORN, Maria Luiza. Gravidez na adolescência e fatores de risco entre filhos de mulheres nas faixas etárias de 10 a 14 e 15 a 19 anos em Juiz de Fora, MG. Revista APS, v. 9, n. 1, p. 29-38, 2006.
MEMMI, Dominique. Faire vivre et laisser mourir: le gouvernement contemporain de la naissance et de la mort. Paris: La découverte, 2003.
MEMMI, Dominique. Administrer une matière sensible: conduites raisonnables et pédagogie par corps autour de la naissance et de la mort. In: Didier Fassin; Dominique Memmi (Orgs.). Le gouvernement des corps. Paris: Éd. de l’EHESS, p. 135-154. 2004.
ROSE, Nikolas. Inventando nossos selfs. Psicologia, poder e subjetividade. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.
SECRETARIA Municipal de Saúde. Bairros Cariocas, Rio de Janeiro, 2010 <http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas> (5 nov. 2014).
SCOTT, Russel Parry. Risco, reprodução e gênero na mortalidade infantil. 31º Encontro Anual da Anpocs, Caxambu, 22 a 26 de outubro 2007.
SIMÕES, Celso. A transição da fecundidade no Brasil: análise de seus determinantes e as novas questões demográficas. São Paulo: Arbeir Factory, 2006.
TESSER, Charles Dalcanale. Medicalização social (I): o excessivo sucesso do epistemicídio moderno na saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, v. 10,
n. 19, p. 61-76, 2006.
TORNQUIST, Carmen Susana. Armadilhas da nova era: natureza e maternidade no ideário da humanização do parto. Estudos Feministas, n. 2, v. 10, p. 483-492, 2002.
UZIEL, Anna Paula. Parentalidade e conjugalidade: aparições no movimento homossexual. Horizontes Antropológicos, n. 26, v. 12, 2006, p. 203-227.
VÍCTORA, Cesar; AQUINO, Estela; LEAL, Maria do Carmo; MONTEIRO, Carlos Augusto; BARROS, Fernando; SZWARCWALD, Celia. Saúde de mães e crianças no Brasil: progressos e desafios. The Lancet, series, 11, p. 32-46, 2011 <http://download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/brazilpor2.pdf>.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2016 Civitas - Revista de Ciências Sociais
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/4.0/88x31.png)
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
El envío de originales para esta revista implica la transferencia, por parte de los autores, de los derechos de publicación impresa y digital. Los derechos de autoría para los artículos publicados son del autor, con derechos de la revista sobre la primera publicación. Los autores solamente podrán utilizar los mismos resultados en otras publicados indicando claramente esta revista como el medio de la publicación original. En virtud de ser una revista de acceso abierto, se permite el uso gratuito de los artículos en aplicaciones educacionales y científicas, desde que se cite la fuente (por favor, vea a Licencia Creative Commons a pie de esta página).