A identidade na vida e a identidade na arte
Um panorama identitário nas obras de Bakhtin
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2021.3.40852Palavras-chave:
Identidade, Alteridade, Círculo de BakhtinResumo
Este trabalho se propôs a investigar possibilidades interpretativas da categoria identidade a partir de pressupostos afins construídos pelo Círculo de Bakhtin, materializados em teorias como cronotopo (2018), alteridade (2011) e corpo (1987). Uma vez na Linguística Aplicada, esta pesquisa considera que os sujeitos estão situados em determinado tempo e espaço e, portanto, produzem práticas discursivas situadas. Assim, a abordagem linguística é fundamental para a construção e compreensão das identidades, porquanto sua matéria-prima é, justamente, a linguagem, seja ela corporificada na vida seja na arte. Desse modo, além das obras bakhtinianas, nos valemos de considerações tecidas por Volóchinov (2019) e Medviédev (2016) que fundamentam a afirmação anterior e justificam a relação entre o mundo da vida e o mundo da arte, uma vez que os estudos de Bakhtin tomam como objeto a literatura e, ainda assim, esses encontram aplicabilidade e materialidade para além do literário. Nesse sentido, evidenciamos primeiro como a identidade se arquiteta a partir das condições materiais fornecidas pelo tempo e pelo espaço, o que o autor denomina cronotopo, e em seguida observamos como as categorias da alteridade e corpo contribuem para formular uma ideia de construção identitária pela linguagem. Enfim, problematizamos como essas questões estão refratadas no mundo da vida e como essa teoria é responsiva a muitas problemáticas contemporâneas. Ao final da análise, ficou evidente que os estudos do Círculo acerca da identidade fornecem a abertura para novas questões e modos de pensar essa categoria. Além disso, partindo desses postulados, torna-se evidente não só a possibilidade de oxigenação da teoria, mas a percepção de sua valiosa atualidade.
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