Avaliação da apraxia em nonagenários: dados de um ambulatório de geriatria
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-652X.2016.2.22034Palavras-chave:
apraxias, testes neuropsicológicos, idoso, doença de Alzheimer, nonagenários.Resumo
Introdução: Apraxia é comumente descrita como um sintoma da doença de Alzheimer (DA). Seu aparecimento em pacientes nonagenários é pouco conhecida.
Objetivo: Avaliar e comparar o desempenho de nonagenários portadores de DA e idosos não portadores em subtestes para apraxia.
Materiais e Métodos: Foram avaliados 78 indivíduos, com graus variados de escolaridade e com 90 anos ou mais de idade, por meio de Miniexame do Estado Mental (MEEM), Cambridge Cognitive Examination (CAMCOG) e o Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer (QAFP). Para analisar a presença de apraxia, foram selecionados oito subitens do CAMCOG: os desenhos do Pentágono, da espiral, da casa, do relógio, e também a tarefa de colocar um pedaço de papel em um envelope; avaliação dos movimentos corretos com uma mão para dar “adeus”, cortar papel com uma tesoura e escovar os dentes. O diagnóstico da DA foi estabelecido de acordo com o National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Stroke and The Alzheimer’s disease and Related Disorders Association (NINCDS-ADRDA).
Resultados: Encontrou-se para o MEEM média de 18,48 pontos, para o CAMCOG 59,94 pontos e nos subitens Apraxia 8,65 pontos no grupo que recebeu diagnóstico de DA, enquanto que os sem DA (grupo controle) apresentou média no MEEM de 26,15 pontos, CAMCOG 82,23 pontos e Apraxia de 9,96 pontos. Estas diferenças são estatisticamente significativas entre os grupos nos testes, respectivamente, p<0,0001, p<0,0001 e p=0,007. Um coeficiente de correlação moderado negativo e significativo pode ser encontrado entre Apraxia e QAFP (r=-0,51; p=0,0003).
Conclusão: A presença de apraxia em nonagenários mostrou valores significativamente maiores naqueles portadores de DA em relação aos não portadores.
Referências
Kuchemann BA. Envelhecimento populacional, cuidado e cidadania: velhos dilemas e novos desafios. Soc Estado. 2012;27(1):165-80. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922012000100010
Batista AS, Jaccoud LB, Aquino L, El-Moor PD. Envelhecimento e dependência: desafios para a organização da proteção social. Brasília: MPS; 2008.
Lima-Costa MF, Matos DL, Camargos VP, Macinko J. Tendências em dez anos das condições de saúde de idosos brasileiros: evidências da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(9):3689-96. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011001000006
Papalia DE, Olds SW, Feldman RD. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed; 2006.
Malloy-Diniz L, Fuentes D, Mattos P, Abreu N. Avaliação neuropsicológica.Porto Alegre: Artmed; 2010.
Guimarães RM, Cunha UGV. Sinais e sintomas em geriatria. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2004.
Sanvito WL. Propedêutica neurológica básica. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2010.
Rothi LJG, Ochipa C, Heilman KM. A cognitive neuropsychological model of limb praxis. Cogn Neuropsychol. 1991;8(6):443 58. http://dx.doi.org/10.1080/02643299108253382
Rodrigues JC, Pawlowski J, Zibetti MR, Fonseca RP, Parente MAMP. Avaliação de apraxias em pacientes com lesão cerebrovascular no hemisfério esquerdo. Psicol Teor Prát. 2011;13(2):209-20.
Rubinstein W, Politis D. Revisón de los patrones de alteración práxicos encontrados en diferentes tipos de demência, sobre la base de un modelo cognitivo. Rev Esp Neuropsicol. 2005;2(4):167-85.
Zadikoff C, Lang AE. Apraxia in movement disorders. Brain. 2005;128(Pt 7):1480-97. http://dx.doi.org/10.1093/brain/awh560
Buchman AS, Bennett DA. Loss of motor function in preclinical Alzheimer’s disease. Expert Rev Neurother. 2011;11(5):665-76. http://dx.doi.org/10.1586/ern.11.57
Sá F, Pinto P, Cunha C, Lemos R, Letra L, Simões M, Santana I. Differences between Early and Late-Onset Alzheimer’s Disease in Neuropsychological Tests. Front Neurol. 2012;3:81. http://dx.doi.org/10.3389/fneur.2012.00081
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-5. 5th ed. Washington, DC: APA; 2014.
Ozkan S, Adapinar DO, Elmaci NT, Arslantas D. Apraxia for differentiation Alzheimer’s disease from subcortical vascular dementia and mild cognitive impairment. Neuropsychiatr Dis Treat. 2013;9:947-51. http://dx.doi.org/10.2147/NDT.S47879
Helmes E. Cognitive screening of older adults: the utility of pentagon drawing. Int Psychogeriatr. 2013;25(3):413-9. http://dx.doi.org/10.1017/S1041610212001998
Lee SY, Oh SW. Visuoperceptual and constructive ability disturbances of patients with traumatic brain injury in Hutt Adaptation of the Bender Gestalt Test. Korean J Clin Psychol. 1998;17(1):311-7.
Johnen A, Frommeyer J, Modes F, Wiendl H, Duning T, Lohmann H. Dementia Apraxia Test (DATE): A Brief Tool to Differentiate Behavioral Variant Frontotemporal Dementia from Alzheimer’s Dementia Based on Apraxia Profiles. J Alzheimers Dis. 2015;49(3):593-605. http://dx.doi.org/10.3233/JAD-150447
Roth M, Tym E, Mountjoy CQ, Huppert FA, Hendrie H, Verma S, Goddard R. CAMDEX. A standardised instrument for the diagnosis of mental disorder in the elderly with special reference to the early detection of dementia. Br J Psychiatry. 1986;149:698-709. http://dx.doi.org/10.1192/bjp.149.6.698
Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. Mini-Mental State: a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res. 1975;12(3):189-98. http://dx.doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6
Yesavage JA, Brink TL, Rose TL, Lum O, Huang V, Adey M, Leirer VO. Development and validation of a geriatric depression screening scale: a preliminary report. J Psychiatr Res. 1982-1983;17(1):37-49. http://dx.doi.org/10.1016/0022-3956(82)90033-4
Pfeffer RI, Kurosaki TT, Harrah CH Jr, Chance JM, Filos S. Measurement of functional activities in older adults in the community. J Gerontol. 1982;37(3):323-9. http://dx.doi.org/10.1093/geronj/37.3.323
Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto I. Sugestões para o Uso do Mini-Exame do Estado Mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr. 2003;61(3-B):777-81. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003000500014
McKhann GM, Knopman DS, Chertkow H, Hyman BT, Jack CR Jr, Kawas CH, Klunk WE, Koroshetz WJ, Manly JJ, Mayeux R, Mohs RC, Morris JC, Rossor MN, Scheltens P, Carrillo MC, Thies B, Weintraub S, Phelps CH. The diagnosis of dementia due to Alzheimer’s disease: recommendations from the National Institute on Aging-Alzheimer’s Association workgroups on diagnostic guidelines for Alzheimer’s disease. Alzheimers Dement. 2011;7(3):263-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.jalz.2011.03.005
Yesavage JA, Brooks JO 3rd, Taylor J, Tinklenberg J. Development of aphasia, apraxia and agnosia and decline in Alzheimer’s disease. Am J Psychiatry. 1993;150(5):742-7. http://dx.doi.org/10.1176/ajp.150.5.742
Ward M, Cecato JF, Aprahamian I, Martinelli JE. Assessment for apraxia in Mild Cognitive Impairment and Alzheimer’s disease. Dement Neuropsychol. 2015;9(1):
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
DIREITOS AUTORAIS
A submissão de originais para a Ciência & Saúde implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Ciência & Saúde como o meio da publicação original.
LICENÇA CREATIVE COMMONS
Em virtude de ser uma revista de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações científicas e educacionais, desde que citada a fonte. De acordo com a Licença Creative Commons CC-BY 4.0, adotada pela Ciência & Saúde o usuário deve respeitar os requisitos abaixo.
Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercialmente.
Porém, somente de acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de maneira alguma que sugira que a Ciência & Saúde apoia você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.
Avisos:
Você não tem de cumprir com os termos da licença relativamente a elementos do material que estejam no domínio público ou cuja utilização seja permitida por uma exceção ou limitação que seja aplicável.
Não são dadas quaisquer garantias. A licença pode não lhe dar todas as autorizações necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, tais como direitos de imagem, de privacidade ou direitos morais, podem limitar o uso do material.
Para mais detalhes sobre a licença Creative Commons, siga o link no rodapé desta página eletrônica.