Escolas do campo e a guetização do processo pedagógico

Autores

  • Fernanda Wanderer Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Daiane Martins Bocasanta Professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.15448/1981-2582.2019.2.27832

Palavras-chave:

Escolas do campo. Licenciatura em Educação do Campo. Michel Foucault. Zygmunt Bauman.

Resumo

O artigo é fruto de uma investigação desenvolvida com o propósito de examinar as enunciações sobre a escola do campo produzidas por acadêmicos de um Curso de Licenciatura em Educação do Campo. O material de pesquisa escrutinado é constituído por documentos do curso e questionários aplicados junto aos estudantes. Os aportes teóricos advêm do pensamento de Michel Foucault e Zygmunt Bauman. A análise mostrou que os discentes estão capturados pelo enunciado que diz: “a escola do campo deve trabalhar com a forma de vida do campo”. Sobre a recorrência desse enunciado é possível dizer que: a) a valorização exacerbada da cultura do campo atende a uma urgência: manter na zona rural a população que nela reside, evitando seu deslocamento para as periferias das cidades; e b) reforça a guetização do processo pedagógico presente nas escolas do campo.

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Biografia do Autor

Fernanda Wanderer, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Licenciada em Matemática (UFRGS), Mestre e Doutora em Educação (UNISINOS).

Daiane Martins Bocasanta, Professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutora em Educação (UNISINOS), Mestre em Educacão (UNISINOS) e Licenciada em Pedagogia (UNISINOS). Atualmente, é professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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https://doi.org/10.15448/1981-2582.2014.1.15880

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Publicado

2019-11-06

Como Citar

Wanderer, F., & Bocasanta, D. M. (2019). Escolas do campo e a guetização do processo pedagógico. Educação, 42(2), 329–339. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2019.2.27832

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