IMUNOSSENESCÊNCIA – O ENVOLVIMENTO DAS CÉLULAS T NO ENVELHECIMENTO

Autores

  • Alessandra Peres Instituto de Geriatria e Gerontologia, PUCRS; Instituto de Pesquisas Biomédicas
  • Nance Beyer Nardi Departamento de Genética, Laboratório de Imunogenética, UFRGS
  • José Artur Bogo Chies Departamento de Genética, Laboratório de Imunogenética, UFRGS

Palavras-chave:

Gerontologia

Resumo

O envelhecimento da população humana é uma realidade que traz consigo uma série de considerações. Os países industrializados possuem em sua população cerca de 20% de indivíduos com mais de 60 anos (idosos) e a proporção de indivíduos com idade maior que 85 anos cresce 6 vezes mais rápido do que a população em geral (WICK et al., 2000). Este crescimento da população idosa tem-se acelerado nos últimos 10 anos e há uma grande preocupação econômica em relação à área da saúde, uma vez que a maioria destes indivíduos necessita constantemente de atendimento médico. No Brasil, as projeções demográficas estimam que no período entre 2000 e 2050 a proporção de idosos na população deve subir de 5,1% para 14,2% (CHAIMOWICKZ, 1997). Desta forma, o Brasil, em 2025, passará de 16º país em número de idosos no mundo para 6º lugar, com mais de 30 milhões de indivíduos acima dos 60 anos. O Estado do Rio Grande do Sul (RS) apresenta um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, com a melhor média em relação a longevidade (expectativa de vida ao nascer), educação e padrão de vida (DA CRUZ; ALHO, 2000). No entanto, a longevidade não está necessariamente associada a um envelhecimento saudável. O envelhecimento é um fenômeno biológico e psicológico que gera influências em nível familiar e social. O processo de envelhecimento caracterizado pela perda gradual das funções orgânicas, onde o idoso retém sua capacidade intelectual e física em níveis aceitáveis, é chamado de senescência. Quando sinais de degeneração muito intensos aparecem, ocorre o envelhecimento patológico, chamado senilidade. O indivíduo idoso, na maioria das vezes, apresenta um aumento na suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças tais como câncer, doenças autoimunes e infecções. Na tabela 1 é apresentado as principais causas de morte nos países desenvolvidos em 1998, no Brasil e no Rio Grande do Sul, podendo-se observar a importância de doenças infecciosas ou causadas por parasitas. Em países em desenvolvimento, infecções por influenza e pneumococos são as principais causas de morte por patógenos em idosos. Sabe-se que estas enfermidades estão diretamente relacionadas ao sistema imune (SI). Diante disto, muitos pesquisadores passaram a avaliar o perfil imunológico de indivíduos idosos através da análise de células e moléculas envolvidas na resposta imune. Porém, resultados conflitantes surgiram, e até o presente momento não se conseguiu estabelecer um padrão imunológico que indique se o idoso é saudável ou não. A aplicação de um protocolo (desenvolvido em 1984), conhecido como Protocolo SENIEUR, tem sido realizada com o objetivo de identificar e selecionar indivíduos idosos saudáveis (LIGHART et al., 1984). Existe uma grande discussão (CASTLE et al., 2001) sobre a validade deste protocolo, uma vez que estudos que não o utilizaram apresentaram resultados semelhantes a estudos que o aplicaram em populações distintas, enquanto que outros estudos que aplicaram este formulário apresentaram resultados destoantes (SANSONI et al., 1997; GINALDI et al., 2000). O termo imunossenescência, que será utilizado neste trabalho, refere-se ao envelhecimento do sistema imune. No entanto, como afirmado anteriormente, este envelhecimento não está necessariamente associado à doença, mas sim, a uma série de alterações funcionais e morfológicas nas células que compõem o sistema imune.

Downloads

Publicado

2006-12-06

Edição

Seção

Artigos originais