Reflexões sociológicas

proibição da linguagem neutra em Porto Alegre

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/2178-5694.2023.1.44257

Palavras-chave:

Linguagem neutra, Inclusão, Facticidade, Validade e pânico

Resumo

Este artigo versa sobre a proibição da linguagem neutra em escolas de Porto Alegre, RS, mediante a Lei n. 13.154/22. Com o intuito de analisar o fato ocorrido com uma literatura sociológica, movimentou-se Habermas para pensar a facticidade e validade dessa proposta legislativa que surge não apenas nesta cidade, mas em diversas no Brasil, demonstrando-se praticamente um fenômeno social de pânico moral, este alinhado a uma agenda conservadora. A lei demonstra-se, sobretudo, um instrumento para perseguir e detectar quem pensa de maneira inclusiva, escrita num tom de preocupação com a língua portuguesa, mas que está mais para uma luta para impor uma narrativa ideológica do que qualquer outro sentido. Narrativa esta, estritamente moralista, tradicional e com um fundo preconceituoso.

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Biografia do Autor

Lucas Oliveira da Silva, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Licenciado em Ciências Sociais (PUCRS), mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS e integrante do IDADES – Grupo de Estudos e Pesquisas em Antropologia (PPGCS/PUCRS), coordenado pela Prof. Dra. Fernanda Bitencourt Ribeiro.

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Publicado

2023-12-01

Como Citar

Oliveira da Silva, L. (2023). Reflexões sociológicas: proibição da linguagem neutra em Porto Alegre. Conversas & Controvérsias, 10(1), e44257. https://doi.org/10.15448/2178-5694.2023.1.44257

Edição

Seção

Dossiê: Representação Política e Ideologia