E em seu nome será exercido

Representação descritiva e desigualdade política de gênero e raça no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.3.39559

Palavras-chave:

Câmara dos Deputados, Gênero, Raça, Bolsonaro, #EleNão

Resumo

O artigo emprega o conceito de representação descritiva em uma investigação sobre as condicionantes socioeconômicas, institucionais e contextuais da desigualdade política. O escopo de análise é a eleição da Câmara de Deputados em 2018. São observados os padrões de representação descritiva segundo critérios de gênero, cor e raça no âmbito da bancada da unidade da federação. A pesquisa emprega análises estatísticas para avaliar os fatores relacionados com a desigualdade descritiva presente e sua alteração entre 2014 e 2018. O número limitado de casos permite abordagens detalhadas sobre as relações identificadas. Propõe-se a interpretação de que a ocorrência de redução da desigualdade política na unidade da federação está associada à candidatura de Bolsonaro de duas formas: (a) menor reeleição de titulares; e (b) politização da pauta de gênero em termos eleitorais. Nota-se nos fatores socioeconômicos e institucionais, respectivamente, condicionalidade e interveniência. A partir do caso investigado, propõe-se um modelo interpretativo das condicionantes socioeconômicas, institucionais e contextuais da mudança de curto prazo na desigualdade política parlamentar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Augusto Neftali Corte de Oliveira, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, RS, Brasil. Professor da Escola de Humanidades e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), em Porto Alegre, RS, Brasil.

Referências

Almeida, Carla, Lígia Luchmann e Ednaldo Ribeiro. 2012. Associativismo e representação política feminina no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política 8: 237-63. https://doi.org/10.1590/S0103-33522012000200009.

Almeida, Silvio. 2019. Racismo estrutural. São Paulo: Editora Jandaíra.

Arato, Andrew. 2002. Representação, soberania popular, e accountability. Lua Nova 55: 85-103. https://doi.org/10.1590/S0102-64452002000100004.

Araújo, Clara e José Eustáquio Diniz Alves. 2007. Impactos de indicadores sociais e do sistema eleitoral sobre as chances das mulheres nas eleições e suas interações com as cotas. Dados 50 (3): 535-77. https://doi.org/10.1590/S0011-52582007000300004.

Araújo, Clara. 2001. As cotas por sexo para a competição legislativa: o caso brasileiro em comparação com experiências internacionais. Dados 44 (1): 155-94. https://doi.org/10.1590/S0011-52582001000100006.

Araújo, Clara. 2010. The Limits of women’s quotas in Brazil. DS Bulletin 41 (5): 17-24. https://doi.org/10.1111/j.1759-5436.2010.00162.x.

Araújo, Clara. 2016. Valores e desigualdade de gênero: mediações entre participação política e representação democrática. Civitas 16 (2): e36-e61. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2016.2.23143.

Borges, André. 2019. Razões da fragmentação: coligações e estratégias partidárias na presença de eleições majoritárias e proporcionais simultâneas. Dados 62 (3): e01-37. https://doi.org/10.1590/001152582019179.

Campos, Luiz Augusto e Carlos Machado. 2015. A cor dos eleitos: determinantes da sub-representação política dos não brancos no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Política 16: 121-151. https://doi.org/10.1590/0103-335220151606.

Coradini, Odaci Luiz. 2007. Engajamento associativo- sindical e recrutamento de elites políticas: tendências recentes no Brasil. Revista de Sociologia e Política 28: 181-203. https://doi.org/10.1590/S0104-44782007000100012.

Guedes-Neto, João Victor. 2021. Voto e identificação partidária em 2018: ordenação social na política brasileira. Opinião Pública 26 (3): 431-451. https://doi.org/10.1590/1807-01912020263431.

Johnson III, Ollie. 2000. Representação racial e política no Brasil: parlamentares negros no Congresso Nacional (1983-99). Estududos afro-asiáticos 38: 7-29. https://doi.org/10.1590/S0101-546X2000000200001.

Laakso, Markku e Rein Taagepera. 1979. “effective” number of parties: a measure with application to West Europe. Comparative Political Studies 12 (1): 3-27. https://doi.org/10.1177/001041407901200101.

Louis, Marie-Victoire. 2006. Diga-me: o que significa gênero? Sociedade e Estado 21 (3): 711-24. https://doi.org/10.1590/S0102-69922006000300008.

Machado, Carlos Augusto, Luiz Augusto Campos e Filipe Recch. 2019. Race and competitiveness in brazilian elections. Brazilian Political Science Review 13 (3): e0005–1/31. https://doi.org/10.1590/1981-3821201900030003.

Meireles, Fernando e Luciana Vieira Rubin Andrade. 2017. Magnitude eleitoral e representação de mulheres nos municípios brasileiros. Revista de Sociologia Política 25 (63): 79-101. https://doi.org/10.1590/1678-987317256304.

Miguel, Luis Felipe e Flávia Biroli. 2010. Práticas de gênero e carreiras políticas: vertentes explicativas. Revista de Estudos Feministas 18 (3): 653-79. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2010000300003 .

Miguel, Luis Felipe, Danusa Marques e Carlos Machado. 2015. Capital familiar e carreira política no Brasil: gênero, partido e região nas trajetórias para a Câmara dos Deputados. Dados 58 (3): 721-47. https://doi.org/10.1590/00115258201557.

Mills, Charles. 1999. The racial contract. Ithaca: Cornell University.

Oliveira, Augusto Neftali Corte de. 2015. Desigualdades da Política no Brasil: representação descritiva na eleição de 2014 para a Câmara dos Deputados. Mediações 20 (2): 235-261. https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v-20n2p235.

Pateman, Carole. 1993. O contrato sexual. São Paulo: Paz e Terra.

Phillips, Anne. 1998. The politics of presence. Oxford: Oxford University.

Phillips, Anne. 2011. O que há de errado com a democracia liberal? Revista Brasileira de Ciência Política 6: 339-63. https://doi.org/10.1590/S0103-33522011000200013.

Pitkin, Hanna Fenichel. 1972. The concept of representation. Los Angeles: University of California.

Power, Timothy e Rodrigo Rodrigues-Silveira. 2019. Mapping ideological preferences in brazilian elections, 1994-2018. Brazilian Political Science Review 13 (1): e01-27. https://doi.org/10.1590/1981-3821201900010001.

Prá, Jussara Reis. 2014. Mulheres, direitos políticos, gênero e feminismo. Cadernos Pagu (43): 169-196. https://doi.org/10.1590/0104-8333201400430169.

Sacchet, Teresa e Bruno Wilhelm Speck. 2012. Financiamento eleitoral, representação política e gênero: uma análise das eleições de 2006. Opinião Pública (18) 1: 177-97. https://doi.org/10.1590/S0104-62762012000100009.

Sacchet, Teresa. 2009. Capital social, gênero e representação política no Brasil. Opinião Pública 15 (2): 306-32. https://doi.org/10.1590/S0104-62762009000200002.

Sacchet, Teresa. 2013. Democracia pela metade: candidaturas e desempenho eleitoral das mulheres. Cadernos Adenauer 2 (2): 85-107.

Santo, Thais M. de e Douglas M. R. Porto. 2020. Primeiro como negação: esperança, ética do cuidado e autonomia no #EleNão. Revista Sociologias Plurais (6) 2: 63-84. https://doi.org/10.5380/sclplr.v6i2.75087.

Spohr, Alexandre Piffero, Cristiana Maglia, Gabriel Machado e Joana Oliveira de Oliveira. 2016. Participação política de mulheres na América Latina: o impacto de cotas e de lista fechada. Revista Estudos Feministas 24 (2): 417-41. https://doi.org/10.1590/1805-9584-2016v-24n2p417.

Downloads

Publicado

2021-12-08

Como Citar

Oliveira, A. N. C. de. (2021). E em seu nome será exercido: Representação descritiva e desigualdade política de gênero e raça no Brasil. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 21(3), 489–500. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.3.39559