Disjunções e ambivalências: famílias migrantes nordestinas no ABC paulista
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2019.3.28647Palavras-chave:
Famílias. Migrações. Trabalho. Geração. Trajetórias.Resumo
Este artigo mira em dois alvos. O primeiro, de caráter mais teórico, referese à tentativa de extrair consequências analíticas da junção de três variáveis: famílias, trabalho e migrações. Conquanto não se reivindique a sua prioridade frente a outras variáveis, a suposição é a de que os elementos de intersecção que emergem quando trabalhamos com essas três frentes constituem um “lugar” analítico fecundo para a análise de trajetórias de vida. Em um segundo momento, discutimos os processos de transmissão geracional no afã de compreender os modos como os projetos e as estratégias de vida são elaborados, vivenciados e transmitidos de uma geração a outra. Para tal, tomamos dois casos de trajetórias de famílias de migrantes nordestinos instalados na região do ABC Paulista observando o recorte geracional. A pesquisa ocorreu entre os anos de 2014 e 2016, com entrevistas biográficas com os membros das famílias que tinham como traço comum, além da trajetória de migração, a inserção de algum de seus membros nas indústrias da região. Os resultados sugerem a centralidade da “família” enquanto projeto coletivo para “melhorar de vida”.
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