Retratos não-modelares da modernidade: hegemonia e contra-hegemonia no pensamento brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2017.3.26580

Palavras-chave:

Modernidade. Pensamento social brasileiro. Teoria sociológica.

Resumo

O presente artigo almeja apurar no seio do pensamento social brasileiro a existência de elementos que indiquem alternativas a noções sociológicas consolidadas acerca da modernidade. Indaga-se sobre as premissas que subjazem imagens do Brasil talhadas em algumas obras ditas “clássicas” de interpretação de nossa formação social. Em seguida, busca-se identificar peças-chave do quadro de referência que, desde longa data, circunscreve os horizontes de ideação sociológica acerca da experiência moderna. Logo após, são contempladas as reflexões de analistas contemporâneos a respeito do valor heurístico de retratos do país delineados no seio do pensamento brasileiro. Por fim, à luz de programas e abordagens da teoria social contemporânea, lança-se mão de insights e sugestões ensaiadas em tais interpretações “clássicas” com o propósito de indicar saídas a alguns dos impasses e limites da sociologia da modernidade sublinhados na atualidade.

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Biografia do Autor

Sergio Barreira de Faria Tavolaro, Universidade de Brasília

Professor Adjunto do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília

Bolsista Produtividade CNPq

Áreas: pensamento social brasileiro; teoria sociológica

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Publicado

2017-12-15

Como Citar

Tavolaro, S. B. de F. (2017). Retratos não-modelares da modernidade: hegemonia e contra-hegemonia no pensamento brasileiro. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 17(3), e115-e141. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2017.3.26580