Exílio e diáspora nas personagens de ficção Paulo Martins (Terra em transe) e Paco (Terra estrangeira)

Autores

  • Paulo Marcondes Ferreira Soares UFPE

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2014.1.16187

Palavras-chave:

Cinema nacional. Cinema e política. Personagens de ficção. Exílio e diáspora.

Resumo

O estudo centra-se em aspectos dados às configurações das personagens Paulo Martins, do filme Terra em transe (Glauber Rocha, 1967), e Paco, do filme Terra estrangeira (Walter Salles e Daniela Thomas, 1996), relativamente às dimensões identitárias, políticas e de contextualidade (tempo diegético e espaço diegético) vividas por essas personagens na sociedade interna dos filmes vis a vis às dimensões culturais e identitárias, mas, também, políticas e contextuais em que tais películas foram produzidas. Não se trata de traçar um perfil psicológico das personagens, mas de refletir o que as leva, e em que circunstâncias, a assumir determinadas atitudes frente ao impasse em que se encontram e de como suas atitudes, apesar de estarem relacionadas a situações históricas distintas, são construções ficcionais que se ligam a processos identitários que remetem a um sentido de lugar. O ponto que move meu argumento está numa passagem de um texto do crítico Paulo Emílio Salles Gomes, sobre A personagem cinematográfica, em que diz: “Fundamentalmente arte de personagens e situações que se projetam no tempo”. E eu acrescentaria: no espaço. Nesse texto, Gomes inicia uma discussão sobre o problema da autonomia no cinema, um debate fervoroso que historicamente opôs teóricos formalistas e realistas. No que pese às alegorias a propósito de um lugar de origem, bem como a amarga situação vivida pela derrota política nas histórias ficcionais desses filmes, eles operam a partir de referentes miméticos que coincidem em termos de estrutura fílmica, mas, distinguem-se em termos das possibilidades políticas encontradas pelas suas personagens em face de uma tomada de decisão. Ao passo que Paulo Martins se volta para o enfrentamento em defesa de um projeto político de nação, Paco parte para o exílio, lançado numa diáspora, sem quaisquer projetos políticos e sem o vislumbre de um lugar. Ante a possibilidade de ser confinado a um exílio interno, Paulo Martins se lança numa rota suicida de enfrentamento; por sua vez, Paco se vê lançado num exílio externo e numa situação à deriva, por absoluta falta de condições materiais e emocionais de permanência no lugar, em direção a uma existência regida pelo signo da instabilidade e da morte, mas, em busca de suas origens ancestrais. Numa situação, a personagem é compelida ao enfrentamento; na outra, à fuga.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Marcondes Ferreira Soares, UFPE

Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco e professor do Departamento de Sociologia e do PPG em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, PE.

Downloads

Publicado

2014-04-11

Como Citar

Soares, P. M. F. (2014). Exílio e diáspora nas personagens de ficção Paulo Martins (Terra em transe) e Paco (Terra estrangeira). Civitas: Revista De Ciências Sociais, 14(1), 93–125. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2014.1.16187

Edição

Seção

Dossiê