Margaridas Africanas, trabalhadoras negras do serviço público municipal de Porto Alegre
fios e tramas do racismo estrutural
DOI:
https://doi.org/10.15448/1677-9509.2023.1.43637Palavras-chave:
Mulheres negras, Serviço público municipal, Racismo estrutural.Resumo
Este estudo aborda o tema sobre as trabalhadoras negras no serviço público municipal de Porto Alegre, evidenciando suas histórias de vida e trajetórias profissionais, no contexto do racismo estrutural, no período pós 1990 do século XX. Para fins de investigação, a problematização do estudo partiu das trajetórias profissionais das trabalhadoras negras no município, que atuam nas áreas da educação, saúde e assistência social. A metodologia utilizada teve como aporte teórico-metodológico o materialismo histórico-dialético, onde foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva analítica, com aplicação da técnica de triangulação das informações. Bem como, se utilizou a história oral para a escuta das histórias e trajetórias no contexto do racismo estrutural, que afeta diretamente as mulheres negras ao longo de suas vidas, com questões relacionadas à classe, ao gênero e à raça. Foram entrevistadas seis mulheres negras servidoras públicas de Porto Alegre, militantes da luta antirracista. Também se utilizou da técnica da análise documental sobre servidores(as) públicos(as) negros(as) na Prefeitura de Porto Alegre. Como resultados, constatou-se que do total de servidores(as) públicos de Porto Alegre, 6,11% são servidoras negras. E dentre as servidoras mulheres, 10,29% são negras. Verifica-se que os fios e tramas do racismo estrutural, tendo como protagonistas as mulheres negras servidoras públicas de Porto Alegre, apontam o entrelaçamento entre classe, raça e gênero, demonstrando as formas de lutas e resistências das mulheres negras em seu tempo sócio-histórico. Os resultados, evidenciam a histórica desigualdade das mulheres negras trabalhadoras na sociedade capitalista/racista e o acirramento desta pós golpe de 2016. O racismo estrutural se particulariza no trabalho, na realidade e vivência das mulheres negras servidoras públicas da prefeitura, onde constatou-se que todas as servidoras negras pesquisadas sofreram e sofrem racismo em seus locais de trabalho de diversas maneiras. Conclui-se que as lutas sociais vividas pelas trabalhadoras negras servidoras do município, especialmente no que diz respeito às formas de organização e resistência contra o racismo estrutural e o racismo institucional no serviço público municipal, fortalecem a resistência como um aspecto central para a luta pela emancipação humana, sendo esta permanente e num processo histórico contínuo, e no leito da luta.
Downloads
Referências
A ATUALIDADE do pensamento de Lélia Gonzalez. Nossa Causa, Curitiba, 2021. Disponível em: https://nossacausa.com/atualidade-do-pensamento-de-lelia-gonzalez/2021/. Acesso em: 31 jan. 2022.
ALMEIDA, Ludmila; NUNES, Eduarda. Lélias em movimento. Portal Geledés, São Paulo, 2021. Disponível em: https://www.geledes.org.br/lelias-em-movimento/.Acesso em: 31 jan. 2022.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
CARLOS, Anna Beatriz Passos da Silva. “Amar a negritude”: a descolonização na luta antirracista. Portal Geledés, São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.geledes.org.br/amar-a-negritude-a-descolonizacao-na-luta-antirracista/. Acesso em: 25 abr. 2022.
CARNEIRO, Sueli. Escritos de uma vida. São Paulo: Pólen, 2019.
COLLINS, Patrícia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2019.
DINIZ, Rodrigo; LIMA, Neusa Cavalcante; MARTINELLI, Maria Lúcia; MONTEIRO, Amor Antônio (orgs.). A história oral na pesquisa em serviço social. São Paulo: Cortez, 2019.
FOLHA DE S. PAULO. Na Piauí 185. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2022.
GARCIA, Maria Fernanda. A princesa escravizada no Brasil que lutou pela liberdade de seu povo. Observatório do Terceiro Setor, São Paulo, s.d. Disponível em: https://observatorio3setor.org.br/carrossel/a-princesa-escravizada-no-brasil-que-lutou-pela-liberdade-de-seu-povo/. Acesso em: 31 jan. 2022.
HOOKS, bell. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. São Paulo: Elefante, 2019.
KENNEDY, Randall. Nigger: the strange career of a troublesome word. New York: Pantheon, 2002.
KILOMBA, Grada. Memórias de plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
MARINGONI, Gilberto. História: o destino dos negros após a abolição. Desafios do Desenvolvimento, São Paulo, v. 70, 2011. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%3D28&Itemid=23. Acesso em: 18 fev. 2021.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2017.
NASCIMENTO, Jadson. Rosa Parks: ativista na luta contra a segregação racial, “mãe do moimento dos direitos civis” (EUA). Agência de Notícias das Favelas, Rio de Janeiro, 2021. Disponível em: https://www.anf.org.br/rosa-parks-ativista-na-luta-contra-a-segregacao-racial-mae-do-movimento-dos-direitos-civis-eua/. Acesso em: 31 jan. 2022.
NZINGA, a rainha negra que combateu os traficantes portugueses. Portal Geledés, São Paulo, 2015. Disponível em: https://www.geledes.org.br/nzinga-a-rainha-negra-que-combateu-os-traficantes-portugueses/. Acesso em: 31 jan. 2022.
UNIVERSA. “Nasci feminista”: 7 lições que Elza Soares deixou para todas as mulheres. Portal Geledés, São Paulo, 2022. Disponível em: https://www.geledes.org.br/nasci-feminista-7-licoes-que-elza-soares-deixou-para-todas-as-mulheres/. Acesso em: 12. jan. 2022.
VALADARES, Loreta. As faces do feminismo. São Paulo: Anita Garibaldi, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Textos & Contextos (Porto Alegre) implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Textos & Contextos (Porto Alegre) como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.