Juventudes e os retrocessos político-sociais da Nova Direita no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.15448/1677-9509.2023.1.43600Palavras-chave:
Juventudes, Condição Juvenil, Neoliberalismo, Ideologia da Nova DireitaResumo
A crise capitalista tem implicado elevadas taxas de desempregos entre os(as) jovens, precarização das relações de trabalho, criminalização da juventude negra e alto índice de violência sobre os(as) jovens. Mas, segundo a tese defendida por este artigo, essas implicações incidem de forma diferenciada no segmento etário, pois as juventudes comportam e são diferenciadas por classe, gênero, raça/etnia. As correntes teóricas funcionalistas que homogeneízam as juventudes são reatualizadas em tempos de avanço do neoconservadorismo. É um artigo teórico, de revisão de literatura intencional, escolhida pela capacidade de fundamentar criticamente a tese que busca defender. Conclui-se que não apenas a pluralidade no modo de ser jovem é desconsiderada e até criminalizada, como também as formas de proteção e enfrentamento das suas vulnerabilidades sofrem retrocessos com o avanço da Nova Direita no Brasil.
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