Trajetórias juvenis em um campo de contradições
Precarização do trabalho e violações de direitos no futebol masculino profissional
DOI:
https://doi.org/10.15448/1677-9509.2023.1.44003Palabras clave:
juventude, futebol, trabalho, mercado de trabalhoResumen
O presente artigo busca analisar como vem se constituindo a exploração do trabalho juvenil no futebol e o seu impacto nas trajetórias, modos e condições de vida dos jovens. O estudo teve a intenção de identificar como vem se desenvolvendo o mercado da bola em tempos da fi nanceirização do capital, ao analisar como se confi gura o trabalho da juventude no que diz respeito à inserção no referido mercado. Frente a isso, tratou de verificar como o sistema de garantia de direitos atua na proteção social de adolescentes e jovens diante desse contexto. Tem como base uma investigação fundamentada no materialismo histórico-dialético, se constituindo como uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, por meio de um estudo de campo e revisão bibliográfica junto à Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e Artigos do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), incluindo materiais que tivessem relação com o tema das trajetórias juvenis no mercado de trabalho do futebol de alto rendimento. Em relação à pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com jogadores de futebol, ex-jogadores e trabalhadores de comissões técnicas das categorias de base de clubes; com o objetivo de analisar questões que envolvem a exploração do trabalho, as trajetórias, modos e condições de vida a partir da inserção no mercado do futebol. Os resultados apontam para as diversas contradições que constituem a trajetória juvenil, marcadamente fetichizada, pois o mercado de trabalho no futebol para os jovens no caminho da profi ssionalização se manifesta por processos de precarização e violações de direitos. Os achados da pesquisa apontam para a necessidade de romper com os fetiches do mercado da bola, que estão entranhados no imaginário social, pois a realidade, para a maioria dos jogadores de futebol, é marcada pela descartabilidade, pelos baixos salários, pela flexibilização nas relações de trabalho e pelas estruturas de trabalho precarizadas, entre outras questões invisíveis para grande parte da sociedade. Essa aparência, muitas vezes, naturaliza, esconde e oculta processos de violação de direitos que os jovens no caminho da profi ssionalização do futebol podem vivenciar.
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