Não sou/ não curto: sentidos midiatizados de masculinidade, feminilidade e classe social nos discursos de apresentação do aplicativo Grindr
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3710.2016.1.20586Palavras-chave:
midiatização, tecnologia, identidadeResumo
O artigo se propõe a compreender os discursos de apresentação (ou “perfis”) de usuários do aplicativo Grindr, utilizado principalmente por gays do sexo masculino com finalidade de relacionamento. O que nos interessa saber é: quais os perfis para ser um “sujeito de sucesso” no Grindr e como circulam os sentidos de masculinidade, feminilidade e classe social nos discursos e como esses sentidos revelam hegemonias e resistências circulantes na sociedade? Para tanto, o texto abordará as tecnologias como um lugar de hegemonias, distinções e embates, bem como a midiatização das identidades culturais e os cenários das sociabilidades nas metrópoles contemporâneas. Os usuários, em sua maioria, apresentam em seus perfis, enunciados com os dizeres “não sou” ou “não curto”, expressando discursivamente sua identidade a partir da negação do “outro”, colocado como inferior.
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