Entre o antropoceno e o afrofuturismo
A parábola do semeador, de Octavia Butler, e Um céu entre mundos, de Sandra Menezes
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45860Palavras-chave:
afrofuturismo, Antropoceno, octavia bulter, sandra menezesResumo
A literatura contemporânea tem se reinventando através de escritoras/es que propõem novos olhares para os problemas que nos cercam, novas formas de visualizar o amanhã, as quais são capazes de apresentar os impactos das nossas ações enquanto sociedade ou de reconstruir e repensar a realidade em que vivemos. Essas transformações que acontecem no âmbito literário perpassam áreas sociológicas, filosóficas, históricas e, por que não, ecológicas, evidenciando um contato direto da ficção com os espaços que nos cercam, um emaranhamento que nos abre novas discussões, novas temáticas e novas análises literárias. Atentando-se a isso, o presente artigo tem por objetivo criar um diálogo entre o afrofuturismo e o antropoceno, aplicando essas duas discussões na literatura contemporânea para a análise das obras literárias: A parábola do semeador (2018), da escritora norte-americana Octavia Butler, distopia escrita em 1993 que aborda o fim da sociedade norte-americana nos anos de 2024 até 2027; e Um céu entre mundos (2021), da escritora brasileira Sandra Menezes, utopia que narra o retorno da personagem central para uma Terra que está sendo reconstruída após a degradação humana. Considerando que ambas as escritoras trabalham com a literatura afrofuturista, ou seja, são escritoras negras pensando através da ficção científica novas ideias de futuro, o presente artigo entrelaça a literatura negra com o antropoceno. As duas narrativas serão atravessadas por esse diálogo teórico, a fim de revisitar e repensar a literatura afrofuturista também como uma literatura que dialoga com a desconstrução e com a reconstrução do mundo. Para tanto, parto de uma confluência entre teóricos afrofuturistas, como Mark Dery (1994), Samuel Delany (1984) e Lisa Yaszek (2012), bem como com Malcom Ferdinand (2022), para pensar a literatura afrofuturista a partir do livro Uma ecologia decolonial.
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