Da Extinção Das Abelhas ao Caos
Reflexões sobre a Dimensão Ecoqueer da Ficção Brasileira Contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.45837Palavras-chave:
ecoqueer, caos, afeto, ficção, futuros.Resumo
A angústia que temos sentido nos últimos anos, com o turbilhão de informações relacionadas ao caos não só climático, mas político, econômico e social, tem (potencialmente) resultando no aumento de publicações sobre o colapso generalizado. Especulando sobre o futuro do que entendemos como planeta e as múltiplas compreensões de mundos, diverses autores têm usado a ficção como ferramenta — ou escape — para propor possibilidades de um porvir. Nesse sentido, cabe questionar que formas de criar e pensar as relações entre existências tornam possíveis imaginários futuros; e de que modo pensar sobre afeto e cuidado, sob uma perspectiva queer pode oferecer horizontes futuros frutíferos. Em A extinção das abelhas (2021), Natalia Borges Polesso reflete sobre os limites desse caos e a viabilidade de novos arranjos afetivos nas ruínas. A partir da análise literária deste texto, sob a ótica da Ecologia Queer, em conversa com autoras como Catriona Sandilands, Greta Gaard, and Donna Haraway, busco explorar novas configurações de mundos, fora dos binarismos, tensionando hierarquias de espécie, gênero, sexualidade, classe, geografia e raça. Assim, o que busco é afirmar a ficção — e a literatura — como uma ecologia queer ao mostrar sua ação como potencializadora dimensional das cadeias que compõem as complexas relações interespécie, sendo capaz de fertilizar as práticas correntes de world-making (PRATT, 2022).
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