Desambiguação de sentenças na interface fonologia-sintaxe-semântica
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2018.1.28698Palavras-chave:
Ambiguidade sintática, Processamento sintático, Interface fonologia-sintaxe-semânticaResumo
Partimos dos resultados de Angelo & Santos (2017) em sua investigação sobre a desambiguação de sentenças com base em pistas prosódicas para tentar esclarecer uma questão que ficou em aberto em seu trabalho. As autoras realizaram um teste de compreensão com sentenças do tipo SN1-V-SN2-Atributo (e.g. O pai visitou o filho feliz) e chegaram à conclusão de que um alongamento nas sílabas do SN2, formando domínios prosódicos distintos entre SN2 e Atributo ([visitou o filhoϕ] [felizϕ]), favorece uma interpretação não local, em que o Atributo é interpretado como predicativo do sujeito e não como adjunto adnominal. Entretanto, as autoras perceberam uma variação entre as interpretações com aposição local e não local na compreensão de sentenças sem o alongamento prosódico. Ou seja, segundo as autoras, a ausência da marcação prosódica não favoreceria uma ou outra interpretação, ao passo que a marcação prosódica alongada favoreceria a interpretação não local. Em nosso trabalho, argumentamos que a desambiguação desse tipo de sentença depende basicamente da resolução de um conflito entre três princípios de diferentes naturezas gramaticais que estão atuando em conjunto na desambiguação de sentenças com essa estrutura: um princípio de natureza prosódica, outro de natureza sintático-computacional e outro de ordem semânticopragmática. Para provar nosso ponto, elaboramos um teste off-line de compreensão de sentenças e o aplicamos a 270 informantes. Nossos resultados apontam para uma interação entre esses três princípios na resolução da ambiguidade dessas sentenças.
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