Insegurança alimentar, consumo alimentar e estado nutricional de mulheres beneficiadas pelo Programa Bolsa Família
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-652X.2019.3.32907Palavras-chave:
políticas públicas, segurança alimentar e nutricional, desigualdades em saúde, mulheres.Resumo
Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de insegurança alimentar em mulheres beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, relacionando com o consumo alimentar, estado nutricional e a classe socioeconômica.
Materiais e Métodos: Estudo transversal com 201 mulheres em Palmeira das Missões-RS. A insegurança alimentar foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. O consumo alimentar pelos marcadores de consumo alimentar, a classe socioeconômica pelo Critério de Classificação Econômica Brasil e o estado nutricional pelo índice de massa corporal.
Resultados: A média de idade foi de 37,92 (desvio padrão 10,39 anos). A amostra apresentou 91,5% de insegurança alimentar, 61,1% de excesso de peso e 75,1% eram de baixa classe socioeconômica. Foi observado alto consumo de bebidas adoçadas (67,2%), de legumes/verduras (74,6%) e de feijão (77,4%). A maior prevalência de insegurança alimentar está nas classes D-E e os níveis de insegurança alimentar diminuem conforme aumenta a classe socioeconômica (p=0,009). A segurança alimentar apresentou relação com o consumo de frutas e o hábito de realizar café da manhã. O sobrepeso apresentou maior prevalência na insegurança alimentar moderada (47,4%).
Conclusão: As mulheres do Programa Bolsa Família apresentaram alta insegurança alimentar relacionada ao excesso de peso.
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