Espaço público digital e ativismo dos coletivos
(re)definindo fronteiras entre público e privado
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2025.1.46314Palavras-chave:
Espaço público digital, Subjetividade e política, Coletivos, Participação, Sociedade civilResumo
Este artigo analisa a relação dialógica entre os constrangimentos estruturais referentes ao uso crescente de ferramentas digitais de comunicação e as ações de ativistas de coletivos que recorrem a essas ferramentas para imputar novos sentidos sobre participação e política. O recurso a ferramentas digitais de comunicação, a ênfase na biografia pessoal como motivação para o engajamento político, o adensamento das relações de amizade na luta política e o discurso da horizontalidade são algumas dimensões do novo ativismo político dos coletivos que indicam a redefinição de padrões estruturantes da cultura política no Brasil, como a própria separação entre público e privado. Em linhas gerais, o artigo se debruça sobre pesquisa empírica para argumentar que o ativismo dos coletivos e o debate teórico sobre espaço público no século 21 constituem um jogo de espelhos, a transformação de um está refletida no outro.
Downloads
Referências
Arendt, Hannah. 2016. A condição humana. Forense universitária.
Buhlmann, Marc, Wolgang Merkel, e Bernnhard Wessels. 2007. The quality of democracy: democracy barometer for established democracies. NCCR Democracy working paper 10.
Butler, Judith. 2019. Corpos em aliança e as políticas das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Civilização Brasileira.
Butler, Judith. 2004. Undoing gender. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203499627
Castells, Manuel. 1996. The rise of the network society. Blackwell Publishers.
Cohen, Jean, e Andrew Arato. 1994. Civil society and political theory. MIT Press.
Costa, Wagner M. da. 2024. É na horizontalidade que nos entendemos: as experiências, biografias e narrativas dos ativistas de coletivos no Rio de Janeiro. Tese em Sociologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Collins, Patricia H. 2019. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Editora Boitempo.
Corrochano, Maria Carla, Nilma Lino Gomes, Cláudia Vianna, Silvani dos Santos Valentin e Eugenia Portela de Siqueira Marques. 2024. Entrevista com Patricia Hill Collins. Revista Brasileira de Educação 29: e290038. https://doi.org/10.1590/s1413-24782024290038. DOI: https://doi.org/10.1590/s1413-24782024290038
DaMatta, Roberto. 1997. A Casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rocco.
Diamond, Larry, e Leonardo Morlino. 2004. The quality of democracy. Journal of democracy 15 (4): 20-31. https://doi.org/10.1353/jod.2004.0060. DOI: https://doi.org/10.1353/jod.2004.0060
Fischer, Renate, e Otfried Jarren. 2024. The plataformization of public sphere and its challenge to democracy. Philosophy and Social Criticism 50 (1): 200-15. https://doi.org/10.1177/01914537231203535. DOI: https://doi.org/10.1177/01914537231203535
Freire, Gilberto. 1963. Casa grande e senzala. Editora UNB.
Giddens, Anthony. 1991. As consequências da modernidade. Ed. UNESP.
Gohn, Maria da Glória. 1985. A força da periferia. Vozes.
Gohn, Maria da Glória. 2008. Novas teorias dos movimentos sociais. Loyola.
Gohn, Maria da Glória. 2013. Sociologia dos movimentos sociais. Cortez.
Gohn, Maria da Glória. 2014. Manifestações de junho de 2013 no Brasil e praças dos indignados no mundo. Vozes.
Gohn, Maria da Glória. 2022. Ativismos no Brasil. Vozes.
Guimarães, Nadya Araújo. 2021. Entrevista com Patricia Hill Collins. Tempo Social 33 (1): 287 -322. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2021.174340. Habermas, Jürgen. 2022. Reflections and hypotheses on a further structural transformation of the political public sphere. Theory, Culture & Society 39 (4): 145-71. https://doi.org/10.1177/02632764221112341. DOI: https://doi.org/10.1177/02632764221112341
Habermas, Jürgen. 2002. A constelação pós nacional: ensaios políticos. Littera Mundi.
Habermas, Jürgen. 2011. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Tempo Brasileiro.
Habermas, Jürgen. 2003. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Tempo Brasileiro.
Hobsbawn, Eric. 1995. Era dos extremos: o breve século 20: 1914-1991. Companhia das Letras.
Holanda, Sergio Buarque de. 1995. Raízes do Brasil. Companhia das Letras.
Inglehart, Ronald. 1999. Trust, well-being and democracy. In Democracy and trust, organizado por Mark Warren. Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511659959.004
Ituassu, Arthur, Caroline Pecoraro, Leticia Capone, Luiz Leo e Vivian Mannheimer .2023.Mídias digitais, eleições e democracia no Brasil: uma abordagem qualitativa para o estudo de percepções de profissionais de campanha. Dados - Revista de Ciências Sociais 66 (2): 1-30. https://doi.org/10.1590/dados.2023.66.2.294. DOI: https://doi.org/10.1590/dados.2023.66.2.294
Keck, Margaret, e Kattryn Sikkink. 1999. Transnational advocacy networks in international and regional politics. International Social Science Journal 51 (1): 89-101. https://doi.org/10.1111/1468-2451.00179. DOI: https://doi.org/10.1111/1468-2451.00179
Lauth, Hans-Joachim. 2016. The internal relationships of the dimensions of democracy: the relevance of trade-offs for mesuring the quality of democracy. International Political Science Review 37 (5): 606-17. https:// doi.org/10.1177/0192512116667630. DOI: https://doi.org/10.1177/0192512116667630
Leal, Victor Nunes. 1986. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. Alfa-ômega.
Lima Neto, Fernando. 2023. Os coletivos no horizonte das jornadas de junho: novos sentidos sobre democracia e participação. Desigualdade e Diversidade 24: 58-69.
Lima Neto, Fernando, e Marina H. Tovolli. 2023. Coletivos como espaços de ação política: praticando os valores da horizontalidade, partilha, performance, confronto e sensibilidade. In Movimentos e coletivos sociais: categorias em disputa, organizado por Angela Paiva, Fernando
Lima Neto, Taísa Sanches. Editora PUC-Rio
Lima Neto. Fernando. 2021. Power and culture: the cultural foundations of Brazilian sociology. Cultural Sociology 14 (1): 3-21. https://doi.org/10.1177/1749975519885470. DOI: https://doi.org/10.1177/1749975519885470
McDonald, Kevin. 2004. Oneself as another: from social movement to experience movement. Current sociology 24 (4): 575-93. https://doi.org/10.1177/0011392104043492. DOI: https://doi.org/10.1177/0011392104043492
Marques, Marcelo, e Vanessa Marx. 2020. Os coletivos em cena: algumas contribuições para o debate. Simbiótica 7 (3): 8-32. https://doi.org/10.47456/simbitica.v7i3.33691. Manin, Bernard. 1991. Principes du gouvernement représentatif. Flammarion. DOI: https://doi.org/10.47456/simbitica.v7i3.33691
Mattone, Alice, e Diego Ceccobelli. 2024. Activists in the data stream: the practices of daily grassroots politics in Southern Europe. Bristol University Press. DOI: https://doi.org/10.56687/9781529239539
Moisés, José Álvaro. 2010. Democracia e confiança: por que os cidadãos desconfiam das instituições públicas? Edusp.
Mouffe, Chantal. 1993. The Return of the political. Verso.
Morlino, Leonardo. 2004. What is a good democracy? Democratization 11 (5): 10-32. https://doi.org/10.1080/13510340412331304589. DOI: https://doi.org/10.1080/13510340412331304589
Melucci, Albeto. 1989. Um objetivo para os movimentos sociais? Lua Nova 17: 49-66. https://doi.org/10.1590/S0102-64451989000200004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-64451989000200004
Norris, Pippa. 2001. Digital divide? Civic engagement, information poverty and the internet worldwide. Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9781139164887
Oliveria, Victor, Mirian Lacerda, e Regina Novaes. 2021.
Juventudes, educação, política e violência: uma entrevista com Regina Novaes. Educar em Revista 37: e71209. https://doi.org/10.1590/0104-4060.71209. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-4060.71209
Paiva, Angela. 2021. Dinâmicas sociais na luta por direitos no Brasil. Ed. PUC-Rio.
Paiva, Angela. 2013. Pedagogia alternativa nos movimentos sociais. Desigualdade & Diversidade 12: 29-42. Paiva, Angela, Fernando Lima Neto, e Taísa Sanches. 2023. Movimentos e coletivos sociais: categorias em disputa. Editora PUC-Rio.
Penteado, Claudio C., Ivan Fortunato. 2015. Mídia e políticas públicas: possíveis campos exploratórios. Revista Brasileira de Ciências Sociais 30 (87): 129-41. https://doi.org/10.17666/308705-17/2015.129-141. DOI: https://doi.org/10.17666/308705-17/2015.129-141
Penteado, Carlos C., e Brauner G. Cruz Junior. 2019. Ação política na internet na era das redes sociais. Ponto e Vírgula 26: 109-22. https://doi.org/10.23925/1982-4807.2019i26p109-122. DOI: https://doi.org/10.23925/1982-4807.2019i26p109-122
Perez, Olívia Cristina. 2019. Relação entre os coletivos com as jornadas de junho. Opinião Pública 25 (3): 577-96.https://doi.org/10.1590/1807-01912019253577. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-01912019253577
Perez, Olívia C., e Alberto Luís A. Silva Filho. 2017. Coletivos: um balanço da literatura sobre as novas formas de mobilização da sociedade civil. Latitude 11 (1): 255-94. https://doi.org/10.28998/2179-5428.20170107. DOI: https://doi.org/10.28998/2179-5428.20170107
Poell, Thomas, David Nieborg, e José van Dijck. 2020. Plataformização. Revista Fronteiras- Estudos Midiáticos 22 (1): 2-10. https://doi.org/10.4013/fem.2020.221.01. DOI: https://doi.org/10.4013/fem.2020.221.01
Putnam, Robert. 1997. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. FGV.
Pleyers, Geoffrey. 2011. Ativismo das ruas e online dos movimentos pós 2011. Lutas Sociais 17 (2): 83-93. https://doi.org/10.23925/ls.v17i31.25725.
Pleyers, Geoffrey. 2010. Alter-globalization: becoming actors in the Global Age. Polity Press.
Rancière, Jacques. 1995. La mésentente: politique et philosophie. Galilée.
Reis, Elisa. 1988. Processos e escolhas. Contracapa.
Rocha, Camila. 2021. Menos Marx, mais Mises: o liberalismo e a nova direita no Brasil. Todavia.
Santos, Liliane R., e Claudio Luis de C. Penteado. 2023. Emancipação 3: 1-18. https://doi.org/10.5212/Emancipacao.v.23.2320344.012. DOI: https://doi.org/10.5212/Emancipacao.v.23.2320344.012
Schmitt, Carl. 1992. O Conceito do Político. Vozes.
Schwartzman, Simon. 1988. Bases do autoritarismo brasileiro. Campus.
Schweidel, Davide, e Wendy M. Moe. 2016. Binge watching and Advertising. Journal of Marketing 80 (5): 1-19. https://doi.org/10.1509/jm.15.0258. DOI: https://doi.org/10.1509/jm.15.0258
Touriane, Alan. 2006. Na fronteira dos movimentos sociais. Sociedade e Estado 21 (1): 17-28. https://doi.org/10.1590/S0102-69922006000100003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922006000100003
Touraine, Alain. 1992. Critique de la modernité. Fayard.
Uslaner, Eric. 1999. Democracy and social capital. In Democracy and trust, organizado por Mark Warren. Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511659959.005
Urbinati, Nadia. 2000. Representation as advocacy: a study of democratic deliberation. Political Theory 28 (6): 758-86. https://doi.org/10.1177/0090591700028006003. DOI: https://doi.org/10.1177/0090591700028006003
Van Dijck, José, Thomas Poell, e Martijn de Wall. 2018. The plataform society: public values in a connective world. Oxford University Press.
Weber, Max. 1964. Ensaios de sociologia. Zahar.
Wieviorka, Michel. 2001. La différence. Balland.
Wolfe, Alan. 1989. Whose keeper? Social science and moral obligations. University of California Press. DOI: https://doi.org/10.1525/9780520309821
Woolley, Samuel, e Philip Howard. 2019. Computational propaganda: political parties, politicians and political manipulation on social media. Oxford University Press.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Civitas: revista de Ciências Sociais

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.