Casa da mãe solo
na cidade segregada, a produção de um lugar para mulheres e crianças que estão por vir
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2023.1.42252Palavras-chave:
Mãe-solo, Moradia, Feminismo, Infância, OcupaçõesResumo
Mulheres mães-solo tornaram-se um fenômeno social comum não apenas a quem pesquisa o tema. Sua existência remete à produção de diferentes configurações familiares e organizações produzidas pelas mulheres de modo individual ou coletivamente, econômica ou espacialmente. Neste artigo, fruto de pesquisas sobre luta por moradia na cidade de São Paulo, destaca-se a ideia de criação da Casa da Mãe Solo e sua confluência com práticas de empoderamento, tal como chamadas por sua criadora na Ocupação Jardim da União, situada no extremo da Zona Sul paulistana. A Casa é/foi criada de modo concomitante à espera das crianças que estão sendo gestadas. Entrevistas-passo e outras semi-dirigidas somaram-se a observações de campo realizadas ao longo de 2018/2019, compondo metodologicamente a pesquisa. A Casa da Mãe Solo é um ponto de partida para se refletir sobre diferentes configurações de lutas de mulheres em movimentos sociais urbanos por moradia. Ela busca abrigar e produzir discussões, formação, cuidados e solidariedade às mães-solo desta Ocupação, o que, indiretamente, implica reflexões sobre a produção de uma infância periférica na relação com as mulheres. O artigo visa contribuir para estudos sociais da infância e estudos de gênero e mulheres na intersecção com a educação, bem como indagar políticas públicas para mulheres, infância, moradia e educação.
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