Ubuntu no Novo Serviço Público?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2024.1.42170

Palavras-chave:

Teoria da Administração pública, Novo serviço público, Pós-colonialismo, Ubuntu.

Resumo

Com a crise do petróleo no início da década de 1970, assistiu-se ao princípio do fim dos “anos dourados” do modelo burocrático. Na década seguinte, o modelo já estava amplamente desacreditado; por conseguinte, condições materiais e intelectuais levaram a crer e defender a superioridade do modelo substituto, a Nova Gestão Pública (NGP). No entanto, estudiosos apontam que a NGP não passa de “crenças pré-científicas”, e Denhardt e Denhardt (2000) propuseram o modelo do Novo Serviço Público (NSP) que, dentre outros aspetos, visa superar o individualismo e o economicismo subjacente à NGP. No entanto, os pressupostos que fundamentam o NSP propõem o resgate de valores que há décadas são defendidos pelo Ubuntu. Questiona-se: o que é Ubuntu, quais são os pressuposto do Novo Serviço Público e quais são os seus pontos de convergência. Em termos ontológicos, este estudo adopta uma visão subjetivista e, epistemologicamente, ancora-se no pós-colonialismo. Este é um estudo de caso associado à pesquisa qualitativa que tecnicamente alicerçou-se na revisão da literatura e análise de discurso. Concluiu-se que as propostas do Novo Serviço Público convergem com os fundamentos do Ubuntu e que, a despeito de serem epistemologias construídas em lados diferentes das fronteiras, podem dialogar e se complementar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tomás Heródoto Fuel, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique.

Mestre em Ciência Política e Estudos Africanos pela Universidade Pedagógica (UP), em Maputo, Moçambique. Doutorando em Administração Pública e Governo na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, SP, Brasil. Docente na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Maputo, Moçambique.

Referências

Abrucio, Fernando. 1997. O impacto do modelo gerencial na Administração Pública Um breve estudo sobre a experiência internacional recente. Cadernos ENAP, 10:6-49

Adamolekun, Ladipo. 2005. African Development Bank Re-Orienting Public Management in Africa: Selected Issues and Some Country Experiences. Economic Research Working Paper Series 81: 1-37.

Almeida, Sandra. 2010. Prefácio. In Pode o subalterno falar?, organizado por Spivak, Gayatri, 7-17. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Ayee, Joseph. 2015. Public Sector Reform in Africa. Commonwealth Association for Public Administration and Management 21: 14-22. https://doi.org/10.5848/csp.0854.00003. DOI: https://doi.org/10.5848/CSP.0854.00003

Ayee, Joseph. 2008. Reforming the African public sector: Retrospect and prospects. Dakar: Codesria.

Bhabha, Homi. 1994. The Location of Culture. New York: Routledge

Bhambra, Gurminder. 2014. Postcolonial and decolonial dialogues. Postcolonial Studies 17 (2): 115-21. https://doi.org/10.1080/13688790.2014.966414. DOI: https://doi.org/10.1080/13688790.2014.966414

Blunt, Peter, e Merrick Jones.1997. Exploring the limits of Western leadership theory in East Asia and Africa. Personnel Review 26 (1/2): 6-23. https://doi.org/10.1108/00483489710157760. DOI: https://doi.org/10.1108/00483489710157760

Botlhale, Emmanuel. 2019. Public Sector Reforms in Botswana. Good Seed but Bad Soil ? Forum for Development Studies 46 (3): 527-46. https://doi.org/10.1080/08039410.2018.1562963. DOI: https://doi.org/10.1080/08039410.2018.1562963

Cunliffe, Ann. L. 2010. Crafting Qualitative Research: Morgan and Smircich 30 Years On. Organizational Research Methods 14 (4): 647-73. https://doi.org/10.1177/1094428110373658. DOI: https://doi.org/10.1177/1094428110373658

Denhardt, Robert. B., e Janet. V.Denhardt. 2000. The new public service. Serving rather than steering. Public Administration Review 60 (6): 549-59. https://doi.org/10.1111/0033-3352.00117. DOI: https://doi.org/10.1111/0033-3352.00117

DiMaggio, Paul e Walter Powell. 2005. A gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos campos organizacionais. ERA – Revista de Administração de Empresas 45 (2): 74-89. https://doi.org/0034-7590.

Dithmar, Justus Christoph. 1745. Einleitung in die oeconomische-Policey-und Cameral-Wissenschafften. Rue vermebrte- Edition.

Gade, Christian. 2011. The historical development of the written discourses on ubuntu. South African Journal of Philosophy 30 (3): 303-29. https://doi.org/10.4314/sajpem.v30i3.69578. DOI: https://doi.org/10.4314/sajpem.v30i3.69578

Guerrero, Omar. 1986. Las Ciencias de la administracion en el estado absoluto. México: Fontamara.

Hailey, John. 2008. Ubuntu: A literature Review. London: Tutu Foundation.

Justi, Johann Heinrich Gottlob von. 1750. Abhandlung Von dem Zusammenhang Vollkommenheit der Sprache mit dem Glühenden Zustand der Wissenschaften: Wobey zugleich Zu Anhörung einer Rede Von den Unzertrennlichen Zusammenhang eines blühenden Zustandes der Wissenschaften mit denjenigen Mitteln, welche einen Staatmächtig und glücklich machen. Wien: Trattner

Karyeija, Gerald K. 2012. Public sector reforms in Africa. What lessons have we learnt? Forum for Development Studies 39 (1): 105-24. https://doi.org/10.1080/08039410.2011.635378. DOI: https://doi.org/10.1080/08039410.2011.635378

Kissinger, Henry. 2012. Sobre a China. São Paulo: Editora Objetiva

Manning, Nick. 2001. The legacy of the New Public Management in developing countries. International Review of Administrative Sciences 67 (2001): 297-312. https://doi.org/10.1177/0020852301672009. DOI: https://doi.org/10.1177/0020852301672009

Merton, Robert. 1940. Bureaucratic Structure and Personality. Social Forces 18 (4): 560-8. https://doi.org/10.2307/2570634. DOI: https://doi.org/10.2307/2570634

Mignolo, Walter D. 2002. The Geopolitics of knowledge and the colonial difference. The South Atlantic Quarterly 101 (1): 57-96. https://doi.org/10.2307/3720138. DOI: https://doi.org/10.1215/00382876-101-1-57

Mignolo, Walter D., e Madina V. Tlostanova. 2012. Theorizing from the Borders Shifting to Geo and Body-Politics of Knowledge. European Journal of Social Theory 9 (2): 205-21. https://doi.org/10.1177/1368431006063333. DOI: https://doi.org/10.1177/1368431006063333

Mkandawire, Thandika, e Charles Soludo. 1998. Our continent our future African

Perspectives on Structural Adjustment. Dakar: Codesria.

Motta, Fernando, e Luiz Bresser-Pereira. 1980. Introdução à organização burocrática. 4. ed. São Paulo: Brasiliense.

Ncube, Lisa. 2010. Ubuntu: a transformative leadership philosophy. Journal of Leadership Studies 4 (3): 77-82. https://doi.org/10.1002/jls. DOI: https://doi.org/10.1002/jls.20182

Nkomo, Stella. 2011. A postcolonial and anti-colonial reading of “African” leadership and management in organization studies. Tensions, contradictions and possibilities. Organization 18 (3): 1-22. https://doi.org/10.1177/1350508411398731. DOI: https://doi.org/10.1177/1350508411398731

Nussbaum, Barbara. 2003. African culture and Ubuntu. Perspectives 17 (1): 1-12.

Paintere, Martin, e Jon Pierre. 2004. Challenges to state policy capacity: global trends and comparative perspectives. New York: Springer DOI: https://doi.org/10.1057/9780230524194

Pillay, Pregala, Moggie Subban, e Vasei Govender. 2013. Perspectives on African leadership in the spirit of Ubuntu. African Journal of Public Affairs 6 (2): 104-15.

Pollitt, Christopher, e Geert Bouckaert. 2002. Avaliando reformas da gestão pública: uma perspectiva internacional. Revista do Serviço Público 53 (3): 7-31. https://doi.org/10.21874/rsp.v53i3.287. DOI: https://doi.org/10.21874/rsp.v53i3.287

Quijano, Aníbal. 2002. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Revista Novos Rumos 17 (37): 4-28. https://doi.org/10.36311/0102-5864.17.v0n37.2192. DOI: https://doi.org/10.36311/0102-5864.17.v0n37.2192

Ramos, Guerreiro. 2006. A sociologia de Max Weber: sua importância para a teoria e a prática da administração. Revista do Serviço Público 57 (2): 267-82. https://doi.org/10.21874/rsp.v57i2.200. DOI: https://doi.org/10.21874/rsp.v57i2.200

Robinson, Mark. 2015. From Old Public Administration to the New Public Service Implications for Public Sector Reform in Developing Countries. Singapura: UNDP.

Seckendorf, Veit L.von. 1665. Additiones oder Zugaben und Erleuterungen zu dem Tractat des Teutscher Fürsten-Stats. Frankfurt: Thomas Matthias Göken

Seppel, Marten. 2017. Cameralism in Practice State Administration and Economy in Early Modern Europe. In Cameralism in Practice. State Administration and Economy in Early Modern Europe, organizado por Marten Seppel e Keith Tribe, 1-16. New York: The Boydell Press. DOI: https://doi.org/10.1017/9781787440777.001

Shafritz, Jay M., e Albert C. Hyde. 1978. Classics of public administration. Stamford: Cengage Learning

Sonnenfels, Joseph von. 1764. Antrittsrede. Wien: Paul Krausens.

Tragtenberg, Maurício. 1966. O pensamento de Max Weber. Revista de História 32 (65): 169-91. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.1966.124027. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.1966.124027

Wilson, Woodrow. 2005. O estudo da Administração. Revista Do Serviço Público 56 (3): 349-66. https://doi.org/10.21874/rsp.v56i3.236. DOI: https://doi.org/10.21874/rsp.v56i3.236

Wodak, Ruth. 2009. The glocalization of politics in television: fiction or reality? DOI: https://doi.org/10.1057/9780230316539_5

European Journal of Cultural Studies 13 (1): 43-62. https://doi.org/10.1177/1367549409352553. DOI: https://doi.org/10.1177/1367549409352553

Uneca. 2011. Governing development in Africa – the role of the state in economic transformation. Addis Ababa: Economic Commission for Africa.

Downloads

Publicado

2024-03-05

Como Citar

Fuel, T. H. (2024). Ubuntu no Novo Serviço Público? . Civitas: Revista De Ciências Sociais, 24(1), e42170. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2024.1.42170