Movimentos e estado como coletivos instáveis e heterogêneos
Uma agenda teórico-metodológica a partir de três estudos de casos
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2020.2.36757Palavras-chave:
Movimentos sociais, Estado, Teoria social, Política ontológica, HeterogeneidadeResumo
Neste texto apresenta-se uma proposta teórico-metodológica para pesquisar movimentos e estado tomando como base as associações que estabelecem a partir de três pesquisas: sobre as transformações do Landless People's Movement (LPM) da África do Sul, as interações entre movimentos rurais brasileiros e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na implementação da política de reforma agrária, e a transnacionalização da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). O principal efeito do artigo é uma definição ontológica de movimentos e do estado como coletivos cuja existência é marcada por contínuos agenciamentos de elementos heterogêneos e instáveis. Não sendo possível tomá-los como unidades analíticas fechadas, cabe às pesquisas observar construções contínuas de grupos e coletivos contingentes às associações contextuais que se formam – desde antes, portanto, de sua expressão pública. Para tanto, propõe-se que sejam compreendidos quais elementos, agenciados de forma específica e descritível, permitem que as coisas tomem os cursos que normalmente observamos e analisamos. Sugere-se ainda o emprego metodológico das controvérsias como categorias analíticas e a observação dos processos na longa duração
Downloads
Referências
Abers, Rebecca, Marcelo Kunrath da Silva e Luciana Tatagiba. 2018. Movimentos sociais e políticas públicas: repensando atores e oportunidades políticas. Lua Nova: Revista de Cultura e Política 105: 15-46. https://doi.org/10.1590/0102-015046/105.
Abers, Rebecca, Lizandra Serafim e Luciana Tatagiba. 2014. Repertórios de interação estado-sociedade em um estado heterogêneo: a experiência na era Lula. Dados 57 (2): 325-357. https://doi.org/10.1590/0011-5258201411.
Abers, Rebecca e Marisa Von Bülow. 2011. Movimentos sociais na teoria e na prática: como estudar o ativismo através da fronteira entre estado e sociedade? Sociologias 13 (28): 52-84. https://doi.org/10.1590/S1517-45222011000300004.
Alvarez, Sonia. 2000. A globalização dos feminismos latino-americanos. In Cultura e política nos movimentos sociais latino-americanos. Novas leituras, organizado por Sonia Alvarez, Evelina Dagnino e Arturo Escobar, 383-426. Belo Horizonte: UFMG.
Alvarez, Sonia. 2014. Para além da sociedade civil : reflexões sobre o campo feminista. Cadernos Pagu 43: 13- 56. https://doi.org/10.1590/0104-8333201400430013.
Boltanski, Luc, e Laurent Thévenot. 1999. The sociology of critical capacity. European Journal of Social Theory 2: 359-378. https://doi.org/10.1177/13684319922224464.
Borras Jr., Saturnino, e Marc Edelman. 2016. Political dynamics of transnational agrarian movements. Nova Scotia: Fernwood Publishing, Carvalho, Priscila Delgado. 2018. A produção do transnacional: compilações da agricultura familiar e camponesa na Contag e no MPA. Tese em Ciência Política, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.
Dagnino, Evelina, Alberto Olvera e Aldo Panfichi, orgs. 2006. A disputa pela construção democrática na América Latina. São Paulo: Paz e Terra.
De la Cadena, Marisol. 2015. Earth beings: ecologies of practice across Andean worlds. Durham: Duke University Press. https://doi.org/10.1215/9780822375265
DeLanda, Manuel. 2006. A new philosophy of society. Assemblage theory and social complexity. London: Continuum.
Deleuze, Giles, e Felix Guattari. 1980. Mille plateaux. Paris: Les Éditions de Minuit.
Doimo, Ana Maria. 1995. A vez e a voz do popular: movimentos sociais e participação política no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Anpocs.
Geertz, Clifford. 2008. Thick description: Toward an interpretive theory of culture. In The cultural geography reader, organizado por Timothy Oakes e Patricia L. Price, 41-51. London: Routledge.
Greenberg, Stefen. 2007. The landless people’s movement and the failure of post-apartheid land reform. In Voices of protest: social movements in post-apartheid South Africa, organizado por Richard Ballard, Adam Habib e Imraan Valodia, 133-154. Scottsville: University of KwaZulu-Natal Press.
Keck, Margaret, e Kathryn Sikkink. 1998. Activists beyond borders. Ithaca: Cornell University Press.
James, Deborah. 2007. Gaining ground? Rights and property in South African land reform. Abingdon: Routledge-Cavendish. https://doi.org/10.4324/9780203945391.
Latour, Bruno. 2005. Reassembling the social: an introduction to actor-network-theory. Oxford: Oxford University Press.
Latour, Bruno, e Steve Woolgar. 1997. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará.
Law, John. 2004. After method. Mess in social science research. London: Routledge. https://doi.org/10.4324/9780203481141.
McAdam, Doug, Sidney Tarrow e Charles Tilly. 2001. Dynamics of contention. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511805431
Medeiros, Leonilde S. 2014. O sindicalismo rural nas últimas décadas: mudanças e permanências. In O sindicalismo na era Lula: paradoxos, perspectivas e olhares, organizado por Roberto Véras de Oliveira, Maria Aparecida Bridi e Marcos Ferraz, 247–282. Belo Horizonte: Fino Traço Editora.
Melucci, Alberto. 1996. Challenging codes. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511520891.
Mngxitama, Andile. 2006. The taming of land resistance: lessons from the National land committee. Journal of Asian and African Studies 41 (1-2): 39-69. https://doi.org/10.1177/0021909606061747.
Mol, Annemarie. 1999. Ontological politics. A word and some questions. The Sociological Review 47 (S1): 74-89. https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1999.tb03483.x.
Ntsebeza, Lungisile, e Ruth Hall, eds. 2007. The land question in South Africa: the challenge of transformation and redistribution. Cape Town: HSRC Press.
Ntsebeza, Lungisile. 2013. South Africa’s countryside: prospects for change from below. In The promise of land. Undoing a century of dispossession in South Africa, organizado por Fred Hendricks, Lungisile Ntsebeza e Kirk Helliker, 130-156. Auckland Park: Jacana.
Penna, Camila. 2015. Conexões e controvérsias no Incra de Marabá. Rio de Janeiro: Garamond.
Penna, Camila. 2018. Gênese da relação de parceria entre Incra e movimentos sociais como modelo para implementação de políticas de reforma agrária. Lua Nova: Revista de Cultura e Política 105: 115-48. https://doi.org/10.1590/0102-115148/105.
Picolotto, Everton L. 2018. Pluralidade sindical no campo? Agricultores familiares e assalariados rurais em um cenário de disputas. Lua Nova: Revista de Cultura e Política 104: 201-238. https://doi.org/10.1590/0102-201238/104.
Phillips, John. 2006. Agencement/Assemblage. Theory, Culture & Society 23 (2-3): 108-109. https://doi.org/10.1177/026327640602300219.
Rosa, Marcelo Carvalho. 2015. A journey with the Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) across Brazil and on to South Africa. Études Rurales 196: 43-56. https://doi.org/10.4000/etudesrurales.10371.
Rosa, Marcelo Carvalho. 2012a. Landless: meanings and transformations of a collective action category in Brazil. Agrarian South: Journal of Political Economy https://doi.org/10.1177/227797601200100204
Rosa, Marcelo Carvalho. 2012b. A terra e seus vários sentidos: por uma sociologia e etnologia dos moradores de fazenda na África do Sul contemporânea. Sociedade e Estado 27: 361-385. https://doi.org/10.1590/S0102-69922012000200008.
Teixeira, Marco Antonio. 2018. Movimentos sociais, ações coletivas e reprodução social: a experiência da Contag (1963-2015). Tese em Sociologia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj), Rio de Janeiro, Brasil.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Civitas - Revista de Ciências Sociais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).