Políticas da toxicidade
Práticas de convivência e hipointervenções em uma área continuamente poluída
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.35559Palavras-chave:
Políticas da toxicidade, Risco, Hipointervenções, Violência lentaResumo
Este artigo analisa as estratégias e hipointervenções utilizadas pelos moradores da Fercal, no Distrito Federal, Brasil, para lidar com a presença ubíqua, desigual e contínua da poluição do ar por partículas totais em suspensão (PTS), derivada da atuação de duas fábricas de cimento locais, a Votorantim Cimento e a Cimento Planalto (Ciplan). A pesquisa foi operacionalizada através da realização de 30 entrevistas semi-estruturadas, entre os anos de 2017 e 2018. Levando em consideração o caráter lento e contínuo deste tipo de toxicidade, ressaltamos as relações de assimetria, sentimentos de desconfiança e de frustração com a insolubilidade da poluição do ar entre população, fábricas e o poder público, indicando que práticas de limpeza, de cuidado comunitário e negociações feitas diretamente com as empresas foram formas encontradas pelo público para permanecerem com alguma qualidade de vida em um local insalubre.
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