Gênero como categoria de análise decolonial
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2018.1.28209Palavras-chave:
Gênero. Feminismo. Decolonialidade. RaçaResumo
Qual a função e o papel do gênero? Qual o significado do uso desse termo não apenas para os movimentos feministas, mas para a produção de conhecimento? Por que usar o gênero como categoria de análise para se pensar o “humano”? Busco aqui pensar, cerca de 30 anos depois da publicação do texto cânone de Joan Scott, o que significa usar o gênero como categoria de análise quando perspectivas como a decolonialidade nos mostraram que o gênero pode ser uma forma de colonialidade e pode produzir discursos que escondem a multiplicidade da vivência das relações fora do sistemamundo da colonial modernidade. Sustento ser o gênero uma categoria de análise capaz de desestabilizar o que é ser homem ou ser mulher apenas quando percebido não como uma categoria primária, secundarizando a raça, mas como categoria junto a ela produzida.
Downloads
Referências
BADINTER, Elisabeth. Rumo equivocado: o feminismo e alguns destinos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
BAIRROS, Luiza. Nossos feminismos revisitados. Revista de Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 458-463, 1995.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
BUTLER, Judith. Speaking up, talking back: Joan Scott’s critical feminism. In: Judith Butler; Elizabeth Weed (eds.). The question of gender: Joan W. Scott’s critical feminism. Bloomington: Indiana University Press, 2011.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero, 2011 (20 ago. 2013).
CARNEIRO, Aparecida Sueli. Mulheres em movimento. Revista Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 117-132, 2003 <10.1590/S0103-40142003000300008>.
COLLINS, Patricia Hill. Black feminist thought. New York: Routledge, 2000.
CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: NVersos, 2015.
COOK; Rebecca; DINIZ, Debora. Estereótipos de gênero nas cortes internacionais – um desafio à igualdade: entrevista com Rebecca Cook. Revista de Estudos Feministas, v. 19, n. 2, p. 451-462, 2011 <10.1590/S0104-026X2011000200008>.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
ESPINOSA-MIÑOSO, Yuderkys. Una crítica descolonial a la epistemología feminista crítica. El Cotidiano, marzo-abril, 2014.
FONSECA, Livia Gimenes Dias da. Despatriarcalizar e decolonizar o estado
brasileiro – um olhar pelas políticas públicas para mulheres indígenas. Brasília, 2016. Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade de Brasília,
GARGALLO, Francesca. Feminismos desde Abya Yala: ideas y proposiciones de las mujeres de 607 pueblos en nuestra América. Ciudad de México: Editorial Corte y Confección, 2014 (15 jan. 2016).
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje – Anuário de Antropologia, Política e Sociologia. São Paulo: Anpocs, 1984. p. 223-244.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afrolatinoamericano. Revista Isis Internacional, v. 9, p. 133-141, 1988.
HARRIS, Angela P. Race and essentialism in feminist legal theory. Stanford Law Review, v. 42, n. 3, p. 581-616, 1990 <10.2307/1228886>.
hooks, bell. Ain’t I a woman. London: Pluto Press, 1981.
hooks, bell. Yearning: race, gender, and cultural politics. Cambridge: South End Press, 1990.
hooks, bell. Intelectuais negras. Revista de Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 464-478, 1995.
hooks, bell. Feminism is for everybody. Cambridge: South End Press, 2000.
JESUS, Jaqueline Gomes de. Identidade de gênero e políticas de afirmação identitária. In: Abeh. Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero. Salvador, 2012.
JESUS, Jaqueline Gomes de; ALVES, Hailey. Feminismo transgênero e movimentos de mulheres. Cronos: Revista do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da UFRN, v. 11, n. 2, p. 8-19, 2010.
LIMA COSTA, Claudia de. Feminismos descoloniais para além do humano. Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 929-934, 2014 <10.1590/S0104-026X2014000300012>.
LOURO, Guacira Lopes. O corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
LUGONES, Maria. Rumo a um feminismo decolonial. Revista de Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014 <10.1590/S0104-026X2014000300013>.
MACKINNON, Catharine. Feminism unmodified: discourses on life and law. Harvard: Harvard Universoty Press, 1987.
MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas: Unicamp, 2010.
MENDOZA, Breny. La epistemología del sur, la colonialidad del género y el feminismo latino-americano. In: Yuderkys Espinosa Minoso (org.). Aproximaciones críticas a las prácticas teórico-políticas del feminismo latinoamericano. Buenos Aires: En la Frontera, 2010. p. 19-36.
OYEWÙMÍ, Oyèrónké. Conceptualizing gender: the eurocentric foundations of feminist. Concepts and the challenge of african epistemologies. Codesria Gender Series, v. 1, p. 1-8, 2004.
OYEWÙMÍ, Oyèrónké. The invention of women: making an African sense of Western gender discourses. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1997.
PELÚCIO. Larissa. Subalterno quem, cara pálida? Apontamentos às margens sobre pós-colonialismos, feminismos e estudos queer. Contemporânea – Revista de Sociologia da Ufscar, v. 2, n. 2, p. 395-418, 2012.
PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. Queer decolonial: quando as teorias viajam. Contemporânea – Revista de Sociologia da Ufscar. v. 5, n. 2, p. 411-437, 2015.
PERRA, Hija de. Interpretações imundas de como a teoria queer coloniza nosso contexto sudacal, pobre de aspirações e terceiro-mundista, perturbando com novas construções de gênero aos humanos encantados com a heteronorma. Revista Periódicus, v. 1, n. 2, p. 1-8, 2014.
SALIH, Sara. Judith Butler e a teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
SCOTT, Joan W. Gender: still a useful category of analysis? Diogenes, v. 57, n. 1, p. 7-14, 2010 <10.1177/0392192110369316>.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 15, n. 2, p. 5-22, 1990.
SCOTT, Joan W. Unanswered questions. The American Historical Review, v. 113, n. 5, p. 1422-1430, 2008 <10.1086/ahr.113.5.1422>.
SCOTT, Joan W. Os usos e abusos do gênero. Projeto História, n. 45, p. 327-351, 2012.
SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. E-cadernos CES (Online), v. 18, p. 1-5, 2012 <10.4000/eces.1533>.
SEGATO, Rita Laura. Género, política e hibridismo en la transnacionalización de la cultura yoruba. In: Rita Laura Segato, Las estructuras elementales de la violencia. 2. ed. Buenos Aires: Prometeo, 2013a. p. 221-248.
SEGATO, Rita Laura. Inventando a natureza: família, sexo e gênero nos Xangôs de Recife. Anuário Antropológico, n. 85, 1986.
SEGATO, Rita Laura. La crítica de la colonialidad en ocho ensayos: y una antopología por demanda. Buenos Aires: Prometeo, 2015.
SEGATO, Rita Laura. Santos e daimones: o politeísmo afro-brasileiro e a tradição Arquetipal. 2. ed. Brasília: EDUnB, 2005.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.
STRATHERN, Marilyn. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas: Unicamp, 2006.
VERGUEIRO, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. Salvador, 2015. Dissertação de mestrado. Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, Universidade Federal da Bahia.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Civitas - Revista de Ciências Sociais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
The submission of originals to this journal implies the transfer by the authors of the right for printed and digital publication. Authors retain copyright and grant the journal right of first publication. If the authors wish to include the same data into another publication, they must cite this journal as the site of original publication. As the journal is of open access, the articles are allowed for free use in scientific and educational applications, with citation of the source (please see the Creative Commons License at the bottom of this page).