Análise da marcha de crianças com paralisia cerebral com e sem uso de órteses de tornozelo e pé

Autores

  • Daiane Bridi Universidade de Caxias do Sul
  • Ingrid Corso Cavião Universidade de Caxias do Sul
  • Vinícius Mazzochi Schmitt Universidade de Caxias do Sul (UCS)
  • Raquel Saccani Universidade de Caxias do Sul
  • Leandro Viçosa Bonetti Universidade de Caxias do Sul (UCS)
  • Fernanda Cechetti Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
  • Patrícia Regina Righês P. Zatta Universidade de Caxias do Sul

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2018.2.29390

Palavras-chave:

paralisia cerebral, criança, hemiparesia, órtese, marcha.

Resumo

OBJETIVOS: Analisar os parâmetros lineares da marcha de crianças com paralisia cerebral hemiparética espástica, usuárias de órteses de tornozelo e pé articuladas.

MÉTODOS: Foi realizada a análise tridimensional da marcha de oito crianças com paralisia cerebral hemiparética espástica, com idade entre 5 e 10 anos, classificadas nos níveis I e II do Sistema de Classificação da Função Motora Grossa, com e sem o uso de órtese de tornozelo e pé. Um sistema de cinemetria com sete câmeras integradas capturou a trajetória tridimensional dos marcadores no corpo dos participantes durante a marcha, sendo os dados coletados em uma taxa de amostragem de 100 Hz. Para as comparações foram utilizados o teste t pareado e o teste t para uma amostra.

RESULTADOS: Em relação às variáveis espaço-temporais da marcha das crianças com paralisia cerebral comparadas com os valores da normalidade, apenas a velocidade (tanto com a órtese quanto sem a órtese) apresentou diferença estatisticamente significativa. O valor médio normal da velocidade da marcha é de 1,25 m/s, enquanto nos participantes sem uso de órtese a velocidade média foi de 0,98±0,10 m/s (p=0,0001) e com o uso de órtese a velocidade média foi de 0,96±0,21 m/s (p=0,0001). Na comparação entre as crianças usando ou não a órtese de tornozelo e pé articulada, a velocidade, a cadência e o comprimento do passo foram respectivamente de 0,98±0,10 m/s, 131±16,15 passos/min e 0,44±0,08 m nas crianças sem a órtese; e de 0,96±0,21 m/s, 128,37±22,9 passos/min e 0,48±0,05 m nas crianças com a órtese. As diferenças não foram estatisticamente significativas.

CONCLUSÕES: A comparação entre o mesmo grupo com e sem o uso das órteses de tornozelo e pé articuladas sugere que o uso das mesmas nas crianças com paralisia cerebral possa promover um aumento do comprimento do passo e uma diminuição da velocidade e da cadência em relação à condição sem órtese, favorecendo uma melhor distribuição de peso no membro parético e proporcionando uma melhor simetria na marcha. Entretanto as diferenças não foram estatisticamente significativas. Assim, espera-se que os resultados obtidos neste estudo possam servir de piloto para futuras pesquisas, com amostras maiores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daiane Bridi, Universidade de Caxias do Sul

Graduada em Fisioterapia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Ciências da Vida

Ingrid Corso Cavião, Universidade de Caxias do Sul

Graduada em Fisioterapia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Ciências da Vida

Vinícius Mazzochi Schmitt, Universidade de Caxias do Sul (UCS)

Graduado em Fisioterapia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Ciências da Vida

Raquel Saccani, Universidade de Caxias do Sul

Fisioterapeuta, Docente da Universidade de Caxias do Sul (UCS); Pós-Doutoranda em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Ciências da Vida

Leandro Viçosa Bonetti, Universidade de Caxias do Sul (UCS)

Fisioterapeuta, Docente da Universidade de Caxias do Sul (UCS); Doutor em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Ciências da Vida

Fernanda Cechetti, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Fisioterapeuta, Docente da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Departamento de Fisioterapia

Patrícia Regina Righês P. Zatta, Universidade de Caxias do Sul

Fisioterapeuta, Docente da Universidade de Caxias do Sul (UCS); Mestre em Reabilitação e Inclusão pelo Centro Universitário Metodista do IPA.

Ciências da Vida

Referências

Rosenbaum P, Paneth N, Leviton A, Goldstein M, Bax M, Damiano D, Dan B, Jacobsson B. A report: the definition and classification of cerebral palsy. April 2006. Dev Med Child Neurol Suppl. 2007;49(109):8-14.

Oskoui M, Coutinho F, Dykeman J, Jetté N, Pringsheim T. An update on the prevalence of cerebral palsy: A systematic review and meta-analysis. Dev Med Child Neurol 2013;(55):509-19. https://doi.org/10.1111/dmcn.12080

Tarran, ABP, Castro, NMD, Filho, MCM, Abreu, AP. Paralisia Cerebral. In: Fernandes AC, Ramos, ACR, Filho MCM, Ares MJJ. Reabilitação. 2ª ed. Barueri, SP: Manole; 2015. p. 27-69.

Palisano R, Rosenbaum P, Walter S, Russell D, Wood E, Galuppi B. Development and reliability of a system to classify gross motor function in children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol.1997;39(4):214-23. https://doi.org/10.1111/j.1469-8749.1997.tb07414.x

Kane K, Manns P, Lanovaz J, Musselman K. Clinician perspectives and experiences in the prescription of ankle-foot orthoses for children with cerebral palsy. Physiother Theory Pract. 2018;Feb:1-9. https://doi.org/10.1080/09593985.2018.1441346

Ribeiro DS, Oliveira MND, Amorim CR, Botelho SM, Mascarenhas CHM, Matos JMT, Santos IM, Reis MS, Rebouças JD. Alterações musculoesqueléticas em crianças com paralisia cerebral no município de Jequié-Bahia. C&D. 2017;10(1):114-21.

Aboutorabi A, Arazpour M, Bani MA, Saeedi H, Head JS. Efficacy of ankle foot orthoses types on walking in children with cerebral palsy: A systematic review. Ann Phys Rehabil Med. 2017;60(6):393-402. https://doi.org/10.1016/j.rehab.2017.05.004

Toledo, GMM, Metzker, RG. Atuação fisioterapêutica em crianças com distúrbios de movimento que utilizam órteses de membros inferiores: da teoria à prática. In: Carvalho, JA. Órteses: um recurso terapêutico complementar. 2ª ed. Barueri, SP: Manole, 2013. p. 154-168.

Novak I, McIntyre S, Morgan C, Campbell L, Dark L, Morton N, Stumbles E,Wilson SA, Goldsmith S. A systematic review of interventions for children with cerebral palsy: State of the evidence. Devel Med Child Neurol. 2013;55(10):885-910. https://doi.org/10.1111/dmcn.12246

Kerkum YL, Harlaar J, Buizer AI, van den Noort JC, Becher JG, Brehm MA. Optimising Ankle Foot Orthoses for children with Cerebral palsy walking with excessive knee flexion to improve their mobility and participation; protocol of the AFO-CP study. BMC Pediatrics. 2013;13:17. https://doi.org/10.1186/1471-2431-13-17

Ries AJ, Novacheck TF, Schwartz MH. The efficacy of ankle-foot orthoses on improving the gait of children with diplegic cerebral palsy: a multiple outcome analysis. AAPM&R. 2015;7(9):922-9. https://doi.org/10.1016/j.pmrj.2015.03.005

Figueiredo EM, Ferreira GB, Maia RCM, Kirkwood RN, Fetters L. Efficacy of ankle-foot orthoses on gait of children with cerebral palsy: systematic review of literature. Pediatric Phys Ther. 2008;20(3):207-23. https://doi.org/10.1097/PEP.0b013e318181fb34

Eddison N, Chockalingam N. The effect of tuning ankle foot orthoses-footwear combination on the gait parameters of children with cerebral palsy. Prosthet Orthot INT. 2013;37(2):95-107. https://doi.org/10.1177/0309364612450706

Danino B, Erel S, Kfir M, Khamis S, Batt R, Hemo Y, Wientroub S, Hayek S. Influence of orthosis on the foot progression angle in children with spastic cerebral palsy. Gait Posture. 2015;42(4):518-22. https://doi.org/10.1016/j.gaitpost.2015.08.006

Vieira S, Hossne WS. Metodologia científica para a área de saúde. Rio de Janeiro: Elsevier; 2001.

Köche JC. Fundamentos de metodologia científica - teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 27ªed. Petrópolis, RJ: Vozes; 2010.

Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ, Duncan MS, Giugliani C. Medicina ambulatorial - condutas de atenção primária baseada em evidências. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2013.

Bohannon, RW, Smith, MB. Interrater reability of a modified Ashworth scale of muscle spasticity. Phys Ther. 1987;67(2):206-7. https://doi.org/10.1093/ptj/67.2.206

Laroche D, Duval A, Morisset C, Beis JN, d'Athis P, Maillefert JF, Ornetti P. Test-retest reliability of 3D kinematic gait variables in hip osteoarthritis patients. Osteoarthritis Cartilage. 2011;19(2):194-9. https://doi.org/10.1016/j.joca.2010.10.024

Westphal PJ, Ferreira J, Schimit VM, Cecheti F, Bonetti LV, Saccani R. Análise cinemática da marcha em indivíduos com hemiparesia espástica após acidente vascular cerebral. Sci Med. 2016;26(2):ID22776. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2016.2.22776

Dusing SC, Thorpe DE. A normative sample of temporal and spatial gait parameters in children using the GAITRite® electronic walkway. Gait Posture. 2007;25(1):135-9. https://doi.org/10.1016/j.gaitpost.2006.06.003

Bussab WO, Morettin PA. Estatística Básica. 9ª Ed. Porto Alegre: Saraiva; 2017.

Toledo, GMM, Metzker, RG. Atuação fisioterapêutica em crianças com distúrbios de movimento que utilizam órteses de membros inferiores: da teoria à prática. In: Carvalho, JA. Órteses: um recurso terapêutico complementar. 2ª ed. Barueri, SP: Manole; 2013. p. 154-68.

Cury VCR, Mancini MC, Melo AP, Fonseca ST, Sampaio RF, Tirado MGA. Efeitos do uso de órtese na mobilidade funcional de crianças com paralisia cerebral. Rev Bras Fisioter. 2006;10(1):67-74. https://doi.org/10.1590/S1413-35552006000100009

Wren TA, Dryden JW, Mueske NM, Dennis SW, Healy BS, Rethlefsen SA. Comparison of 2 orthotic approaches in children with cerebral palsy. Pediatr Phys Ther. 2015;27:218-26. https://doi.org/10.1097/PEP.0000000000000153

Balaban B, Yasar E, Dal U, Yazicioglu K, Mohur H, Kalyon TA. Disability and Rehabilitation. 2007;29(2):139-44. https://doi.org/10.1080/17483100600876740

Schweizer K, Brunner R, Romkes J. Upper body movements in children with hemiplegic cerebral palsy walking with and without an ankle-foot orthosis. Clin Biomech. 2014;29:387-94. https://doi.org/10.1016/j.clinbiomech.2014.02.005

Wahid F, Begg R, Sangeux M, Halgamuge S, Ackland DC. The Effects of an Ankle Foot Orthosis on Cerebral Palsy Gait: A Multiple Regression Analysis. Conf Proc IEEE Eng Med Biol Soc. 2015:5509-12. https://doi.org/10.1109/EMBC.2015.7319639

Saxena S, Rao BK, Kumaran S. Analysis of postural stability in children with cerebral palsy and children with typical development: An observational study. Pediatr Phys Ther. 2014;26(3):325-30. https://doi.org/10.1097/PEP.0000000000000060

Bennett BC, DR Shawn, FA Mark. The effects of ankle foot orthoses on energy recovery and work during gait in children with cerebral palsy. Clin Biomech 2012;27:287-91. https://doi.org/10.1016/j.clinbiomech.2011.09.005

Downloads

Publicado

2018-06-11

Como Citar

Bridi, D., Cavião, I. C., Schmitt, V. M., Saccani, R., Bonetti, L. V., Cechetti, F., & Zatta, P. R. R. P. (2018). Análise da marcha de crianças com paralisia cerebral com e sem uso de órteses de tornozelo e pé. Scientia Medica, 28(2), ID29390. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2018.2.29390

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)