Polícia e democracia: O tempo que resta das jornadas de junho de 2013
DOI:
https://doi.org/10.15448/2177-6784.2014.2.19497Palavras-chave:
Soberania. Democracia. Polícia.Violência. Segurança Pública.Resumo
No caminho movediço da contiguidade entre violência e direito, mobilizada a crítica pelas cartografias de movimentos e forças políticas inéditas, a polícia reluz como espaço privilegiado e, sobretudo, como ponto cego da soberania política. É por estes caminhos que o artigo arrisca atravessar. A hipótese que se discute está ligada profundamente ao fato de que há, literalmente, guardado, no espectro policial, algo de repugnante. Nas zonas indiscerníveis de indistinção entre espaço político e vida nua é que a força policial se dá, abrindo o campo de vidas matáveis o qual se habita. A urgência de tempos difíceis, ou seja, daqueles de entrada da soberania na imagem da polícia, impõe tomar (e ter) em conta a radicalidade da experiência do abandono da vida ban(d)ida em si, liminar que convida a (re)interrogar permanentemente uma democracia sempre por vir digna deste nome.Referências
ADORNO, Theodor W. Educação após Auschwitz. In: Educação e Emancipação. Tradução de Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
ADORNO, Theodor. O ensaio como forma. In: Notas de Literatura I. Tradução Jorge M. B. de Almeida. São Paulo: Duas cidades/Ed. 34, 2003.
AGAMBEN, Giorgio. Polizia sovrana. In: Mezzi senza fine: Note sulla politica. Torino: Bollati Boringhieri, 1996.
AGAMBEN, Giorgio. Che cos´è il contemporaneo? Roma: Nottetempo, 2008.
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
AGAMBEN, Giorgio. Il Regno e La Gloria: Per uma genealogia teologica dell´economia e del governo. Homo Sacer, II, 2. Torino: Bollati Boringhieri, 2009.
AGAMBEN, Giorgio. L´uso dei corpi. Homo sacer, IV, 2. Vicenza: Neri Pozza Editore, 2014.
ALCADIPANI, Rafael. “Respeito e (Des)Confiança na Polícia”. In: LIMA, Renato Sérgio de; BUENO, Samira (coords.). Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Ano 7. São Paulo: 2013.
ANISTIA INTERNACIONAL. Informe 2012 – O Estado dos Direitos Humanos no Mundo. Londres, 2012.
ARENDT, Hannah. Eichmman em Jerusalém. Tradução José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
BAUMAN, Zigmunt. Modernidade e Holocausto. Tradução Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
BENJAMIN, Walter. Crítica da Violência – Crítica do Poder. In: Documentos de Cultura, Documentos de Barbárie (escritos escolhidos). Seleção e apresentação de Willi Bolle. Tradução de Celeste de Sousa et. al. São Paulo: Cultrix/Editora da USP, 1986.
BUENO, Samira; CERQUEIRA, Daniel; LIMA, Renato Sérgio de. Sob fogo cruzado II: letalidade da ação policial. In: LIMA, Renato Sérgio de;
BUENO, Samira (Coord.). Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Ano 7. São Paulo: 2013.
CAMUS, Albert. O Homem Revoltado. Tradução de Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2011.
CASTRO, Edgardo. Lecturas foucaulteanas: una historia conceptual de la biopolítica. La Plata: UNIPE: Editorial Universitária, 2011.
CERQUEIRA, Nazareth. Questões preliminares para a discussão de uma proposta de diretrizes constitucionais sobre segurança pública. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais, ano 6, n. 22, 1998.
COMBLIN, Pe. Joseph. A ideologia da Segurança Nacional: o poder militar na América Latina. Tradução de Veiga Fialho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
DELEUZE, Gilles. Foucault. Tradução de Cláudia Sant´Anna Martins et. al.. São Paulo: Brasiliense, 2006.
DERRIDA, Jacques. Auto-imunidade: suicídios reais e simbólicos – Um diálogo com Jacques Derrida. In: Filosofia em Tempo de Terror: diálogos com Jürgen Habermas e Jacques Derrida. BORRADORI, Giovanna. Tradução de Roberto Muggiati. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004a.
DERRIDA, Jacques. Papel-máquina. Tradução de Evandro Nascimento. São Paulo: Estação Liberdade, 2004b.
DERRIDA, Jacques. Fé e Saber: As duas fontes da ´religião´ nos limites da simples razão. In: VATTIMO, Gianni; DERRIDA, Jacques (Org.). A Religião – O Seminário de Capri. São Paulo: Estação Liberdade, 2000.
DERRIDA, Jacques. Force de Loi: “Fondement Mystique de l´Autorité”. Translated by Mary Quaintance. In: Cardozo Law Review, New York, v. 11, n. 5-6, July-Aug. 1990.
DERRIDA, Jacques. Uma certa possibilidade impossível de dizer o acontecimento. Tradução de Piero Eyben. In: Revista Cerrados – Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura da UnB, Brasília, v. 21, n. 33, 2012b.
DERRIDA, Jacques. Dar la muerte. Traducción de Cristina de Peretti y Paco Vidarte. Barcelona: Paidós, 2006.
DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova Internacional. Tradução de Anamaria Skinner. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
DERRIDA, Jacques. Força de Lei: o fundamento místico da autoridade. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
DERRIDA, Jacques. Limited Inc. Tradução de Constança Marcondes Cesar. Campinas: Papirus, 1991.
DERRIDA, Jacques. Mémories – pour Paul de Man. Paris: Galilée, 1988.
DERRIDA, Jacques. Pensar em não ver: escritos sobre as artes do visível. MASÓ, Joana; MICHAUD, Ginette; BASSAS, Javier (Orgs.). Tradução de Marcelo Jacques de Moraes. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012a.
DERRIDA, Jacques. Políticas da Amizade. Seguido de O Ouvido de Heidegger. Tradução de Fernanda Bernardo. Porto: Campos das Letras, 2003a.
DERRIDA, Jacques. Séminaire La peine de mort. Volume I (1999-2000). Édition établie par Geoffrey Bennington, Marc Crépon et Thomas Dutoit. Paris: Galilée, 2012c.
DERRIDA, Jacques. Vadios: dois ensaios sobre a razão. Coordenação, tradução e notas de Fernanda Bernardo. Coimbra: Palimage, 2003b.
ESPOSITO, Roberto. Bíos – Biopolítica y filosofía. Buenos Aires: Amorrortu, 2011.
FOUCAULT, Michel. Os Anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FOUCAULT, Michel. Seguridad, Territorio, Población. Curso en el Collège de France (1977-1978). Edicción establecida por Michel Senellart, bajo la dirección de François Ewald y Alessandro Fontana. Traducido por Horacio Pons. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2006.
FREGIÉR, Honoré-Antoine. Des classes dangereuses de la population dans les grandes villes, et des moyens de les rendre meilleures. Paris: J.-B. Baillière, Libraire de L’Académie Royale de Médecine, 1840.
KAFKA, Franz. Diarios I (1910-1923). Edicción a cargo de Max Brod. Traducción de Feliu Formosa. Mexico: Tusquets Editores, 1995.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. 5. ed.. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
LIRA NETO, João de. Castello: a marcha para a ditadura. São Paulo: Contexto, 2004.
MADARASZ, Norman; SOUZA, Ricardo Timm de. Lógicas de transformação: críticas da democracia. Porto Alegre: Editora Fi, 2013.
MARICATO, Ermínia et al. Cidades rebeldes – Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Carta Maior/Boitempo, 2013.
PELBART, Peter Pál. Vida capital: ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2011.
PLEYERS, Geoffrey. Alter-Globalization: Becoming Actors in the Global Age. Cambridge: Polity, 2010.
ROSA, Alexandre Morais da; AMARAL, Augusto Jobim do. Cultura da punição: a ostentação do horror. Rio de janeiro: Lumen Juris, 2014.
ROUDINESCO, Elisabeth. De que amanhã... Diálogo. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.
SANTOS, Juarez Cirino dos. A criminologia radical. Forense: Rio de Janeiro, 1981.
SENASP – Secretaria Nacional de Segurança Pública. Brasília: Ministério da Justiça, 2013.
SLOTERDIJK, Peter. Ira e tempo: ensaio político-psicológico. Tradução de Marco Casanova. São Paulo: Estação Liberdade, 2012.
SOARES, Luiz Eduardo. PEC-51: revolução na arquitetura institucional da segurança pública. In: Boletim (publicação oficial do IBCCRIM), n. 252, nov. 2013.
SOUZA, Ricardo Timm de. Justiça em seus Termos – Dignidade humana, dignidade do mundo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
SOUZA, Ricardo Timm de. Razões plurais: itinerários da racionalidade ética no século XX – Adorno, Bergson, Derrida, Levinas, Rosenzweig. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
SOUZA, Ricardo Timm de. Totalidade & Desagregação: sobre as fronteiras do pensamento e suas alternativas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.
SVAMPA, Maristella. Cambio de epoca: movimientos sociales y poder político. Buenos Aires: CLACSO/Siglo XXI, 2008.
YOUNG, Jock. Left idealism, reformism and beyond: from new criminology to Marxism. In: Capitalism and the Rule of Law: From deviancy theory to Marxism. FINE, Bob et al. (Ed.). London: Hutchinson, 1979.
ZAFFARONI, Eugenio Raul. La palabra de los muertos: Conferencias de criminologia cautelar. Buenos Aires: Ediar, 2011.
ZAVERUCHA, Jorge. Relações civil-militares: o legado autoritário da Constituição brasileira de 1988. In: TELES, Edson; SAFATLE, Vladimir (Org.). O que Resta da Ditadura: a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010.
ŽIŽEK, Slavoj. Problemas no Paraíso. In: MARICATO, Ermínia et al. Cidades Rebeldes – Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Carta Maior/Boitempo, 2013.
ŽIŽEK, Slavoj. O ano em que sonhamos perigosamente. Tradução Rogério Bettoni. São Paulo: Boitempo, 2012.
ŽIŽEK, Slavoj. Violência: Seis notas à Margem. Tradução de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água, 2009.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
DIREITOS AUTORAIS
A submissão de originais para a Sistema Penal & Violência implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Sistema Penal & Violência como o meio da publicação original.
LICENÇA CREATIVE COMMONS
Em virtude de ser uma revista de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações científicas e educacionais, desde que citada a fonte. De acordo com a Licença Creative Commons CC-BY 4.0, adotada pela Sistema Penal & Violência o usuário deve respeitar os requisitos abaixo.
Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercialmente.
Porém, somente de acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de maneira alguma que sugira que a Sistema Penal & Violência apoia você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.
Avisos:
Você não tem de cumprir com os termos da licença relativamente a elementos do material que estejam no domínio público ou cuja utilização seja permitida por uma exceção ou limitação que seja aplicável.
Não são dadas quaisquer garantias. A licença pode não lhe dar todas as autorizações necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, tais como direitos de imagem, de privacidade ou direitos morais, podem limitar o uso do material.
Para mais detalhes sobre a licença Creative Commons, siga o link no rodapé desta página eletrônica.