A fábrica midiática de inimigos e o risco à democracia: Uma análise do papel dos grandes meios de comunicação na elaboração e adoção de leis penais casuísticas no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.15448/2177-6784.2015.1.18596Palavras-chave:
mídia e sistema penal, punitivismo midiático, casuísmo legislativo, política criminal.Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar, sob um viés crítico, o papel exercido pelos grandes meios de comunicação na elaboração e adoção de leis e medidas penais recrudescentes, no Brasil. Para tanto, defende-se que a colonização das questões criminais pela mídia verifica-se, principalmente, por meio da disseminação de um discurso punitivista centrado em episódios criminosos, a partir dos quais se identificam os inimigos a serem neutralizados. Esse voyeurismo midiático logo se transmuda em intervenção no processo legislativo em matéria penal. A fim de ilustrar esse processo, o presente estudo encontra seu norte na análise de dois fenômenos: o casuísmo de alguns diplomas legislativos brasileiros, os quais refletem a crença de que a intervenção penal é a primeira e única medida passível de solucionar conflitos sociais (senso comum penal); e a fabricação midiática de um novo inimigo – “o vândalo” – pós-jornadas de junho de 2013.
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