A gênese do indivíduo perigoso: A crítica filosófica foucaultiana às escolas clássica e positivista de criminologia
DOI:
https://doi.org/10.15448/2177-6784.2014.2.18518Palavras-chave:
Michel Foucault. Criminologia. Poder. Controle social.Resumo
Pretendemos neste trabalho expor como a filosofia histórica de Michel Foucault serve-nos de ferramenta crítica para analisarmos as características que norteiam as escolas clássica e positivista de Criminologia. No caso da escola clássica, a análise foucaultiana afirma que não houve uma humanização nas formas de punir na Europa novecentista e sim uma sofisticação do controle social que emergiu com o surgimento da prisão como pena par excellence, sustentada por relações de poder. Sobre a escola positivista de influência lombrosiana, tivemos um redirecionamento do crime do ato para o criminoso, o que acabou por consolidar processos de “normalização” que passaram a categorizar indivíduos considerados anormais. Por fim, concluímos ao mostrar que ambas as escolas sustentaram teorias que historicamente deram origem a uma “codificação da suspeita”, a partir da qual os códigos normativos constroem um sistema penal orientado por um saber científico-criminológico em nome do ideal da “defesa social”.Referências
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