O horror passado permanece vivo: acerca de Setenta, de Henrique Schneider

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/2526-8848.2020.1.36117

Palavras-chave:

Setenta, Brasil, Romance, Ditadura, Tortura

Resumo

Este ensaio procura trazer à tona os elementos contemporâneos do romance Setenta, de Henrique Schneider, publicado em 2019, tratando de apontar algumas das principais imagens que o livro expõe. O romance desconstrói a consciência apaziguada de um estado de coisas conduzido a sua repetição no Brasil em que vivemos, país ao mesmo tempo oligárquico e paupérrimo. Este ensaio trata de abordar a construção narrativa do romance e os problemas filosóficos e históricos subjacentes a ele, dialogando com algumas referências nacionais e internacionais sobre o tema da memória ética e do testemunho desde a perspectiva literária. Foca no caráter fragmentário do romance para lidar com o horror vivido no passado recente no Brasil e na América Latina, desde uma consciência crítica a respeito do tema, apontando para a necessidade estética de lidar com os traumas provocados na sociedade brasileira nesse período.

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Biografia do Autor

Alexandre Pandolfo, Pesquisador independente

Formado em Direito (PUCRS), atuando como bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq. Mestre em Ciências Criminais (PUCRS), bolsista CAPES. Doutor em Teorias Críticas da Literatura (PUCRS), bolsista CNPq. Pós-doutor em Letras (UFPel), bolsista PNPD/CAPES. Pós-doutor em Literatura (UFSC), bolsista PNPD/CAPES.

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Publicado

2020-07-16

Edição

Seção

Libera (Seção livre)