Morte, linguagem e xamanismo em "Passagem das horas" de Álvaro de Campos
DOI:
https://doi.org/10.15448/2526-8848-2019.1.32967Palavras-chave:
Morte, Linguagem, Xamanismo, Estilística, Álvaro de Campos.Resumo
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise da estrutura do poema “Passagem das horas” de Álvaro de Campos. Ao considerar o próprio desenvolvimento dos versos, a manifestação da morte na linguagem poética tal como aqui aparece, intenciona-se pensar de que forma a variação linguística no estilo de Álvaro de Campos é uma forma de morte e uma ruptura com relação à usual concepção de morte, a realização de um êxtase, que em termos semióticos, considera-se xamânico. A esse propósito, investigar-se-ão as particularidades de cada uma das três seções do poema. Primeiro, o eu lírico reconta as lembranças várias de sua própria vida, a partir da qual constitui-se um sensacionismo nostálgico. Segundo, o eu lírico angustia-se diante da morte, em termos de uma linguagem antitética e anafórica. Terceiro, o eu lírico realiza uma aclamação à morte ou um transe xamânico, pois ao personificar a morte em dama da noite, ama-a fervorosamente, demonstra o estatuto criativo e curativo da linguagem considerada delirante e, evidentemente, a indiscernibilidade entre criação, morte e delírio.
*** Death, language and shamanism in "Passage of the hours" by Álvaro de Campos ***
The present work aims to analyze the structure of the poem "Passage of the Hours" by Álvaro de Campos. In considering the development of the verses themselves, the manifestation of death in poetic language as it appears here, one intends to think of how linguistic variation in the style of Alvaro de Campos is a form of death and a rupture with respect to the usual concept of death, the constitution of an ecstasy, which in semiotic terms, is considered shamanic. In this regard, the particularities of each of the three sections of the poem will be investigated. First, the lyrical self retells the various memories of its own life, from which nostalgic sensation is created. Second, the lyrical self anguishes before death, in terms of an antithetic and anaphoric language. Third, the lyrical self performs an acclamation to death or a shamanic trance; by embodying death as a lady of the night, he loves her intensely, demonstrating the creative and curative status of language considered delirious, and evidently the indiscernibility between creation, death, and delirium.
Keywords: Death; Language; Shamanism; Stylistics; Álvaro de Campos.
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Referências
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