Vivência e (re)existência à margem do cânone: Olhos d’água, de Conceição Evaristo

Autores

  • Natasha Fernanda Ferreira Rocha UEL
  • Luiz Henrique Moreira Soares UNESP

DOI:

https://doi.org/10.15448/2526-8848.2018.1.31418

Palavras-chave:

literatura afro-brasileira, autoria feminina, literatura contemporânea.

Resumo

A literatura contemporânea brasileira tem se configurado como território que congrega disputas e jogos de poder, espaço de produção de contradições e desconstruções constantes. Assim, destaca-se o fato de que o monopólio da produção artística não se encontra mais estritamente ligado a grandes padrões econômicos – se, por um lado, a literatura, em sua maioria, ainda é produzida pelos mesmos rostos/experiências, por outro, a nova literatura procura ser democrática e “aposta na instituição de um sistema literário partilhado, que reconhece novas subjetividades e novos atores no mundo da cultura, e na reconfiguração do próprio termo literatura” (RESENDE, 2014). O presente artigo, entretanto, objetiva andar à margem do tapete vermelho do cânone para esquadrinhar identidades silenciadas: a mulher negra, enquanto produtora de arte, e as sexualidades não hegemônicas, enquanto representação literária. Para tanto, parte-se da análise de dois contos contidos no livro Olhos d’água (2014), da escritora Conceição Evaristo. Pode-se observar, ao final, que há uma produção de resistências discursivas e corporais à noção de campo literário brasileiro ainda como um lugar reservado à branquitude, ao falocentrismo e à heterossexualidade, – e que essa resistência literária se presta, nesse sentido, como força política que coloca em cheque a manutenção de um poder estabelecido.

 

*** Experience and re(existence) outside the canon: Olhos d’água, from Conceição Evaristo ***

The contemporary Brazilian literature has been configured as a territory that congregates disputes and games ofpower, space for the production of contradictions and constant deconstructions. Thus, the fact that the monopoly of artistic production is no longer strictly linked to high economic standards – if, literature, on the other hand, is still produced by the same faces/experiences, on the other hand, the new literature seeks to be democratic and “focuses on the institution of a shared literary system that recognizes new subjectivities and new actors in the world of culture, and in the reconfiguration of the term literature itself” (RESENDE, 2014). The present article, however, aims at walking away from the red carpet of the canon to search for silenced identities: the black woman as an art producer, and non-hegemonic sexualities, as a literary representation. To do so, we start with the analysis of two short stories contained in the book Olhos d’água (2014), by Conceição Evaristo. In the end, it can be observed that there is a production of discursive and corporal resistances to the notion of the Brazilian literary fieldas a place still reserved for whiteness, phallocentrism and heterosexuality – and that this literary resistance provides itself, in this sense, as a political force that puts in check the maintenance of an established power.

Keywords: Afro-Brazilian literature; female authorship; contemporary literature.

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Biografia do Autor

Natasha Fernanda Ferreira Rocha, UEL

Doutoranda em Letras (Programa de Estudos Literários) pela Universidade Estadual de Londrina – UEL

Luiz Henrique Moreira Soares, UNESP

Mestrando em Letras (Programa de Pós-graduação em Letras) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – campus de São José do Rio Preto

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Publicado

2018-12-28