Por uma teoria da justiça feminista

As críticas de Nussbaum e Okin a Rawls

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2022.1.41469

Palavras-chave:

Autonomia, Feminismo, Doutrinas morais, Justiça, Liberalismo

Resumo

Este artigo tem o objetivo de apresentar e desenvolver as críticas feministas à Teoria da Justiça de John Rawls, especialmente por meio do diálogo e das contribuições de Martha Nussbaum e Susan Okin para um liberalismo feminista. Para tanto, discutimos três pontos centrais no debate entre essas duas filósofas feministas e Rawls: a) a noção de família como uma instituição básica da sociedade; b) a distinção entre doutrinas morais abrangentes razoáveis e não razoáveis; e c) a concepção de pessoa política com autonomia plena. As críticas à teoria rawlsiana feitas por feministas demonstram a riqueza e a profundidade de Rawls para o liberalismo contemporâneo, ao mesmo tempo em que apontam para os problemas que teorias que tradicionalmente não desenvolvem um olhar crítico para a situação generificada dos sistemas democráticos encontram ao abordar a situação da cidadania das mulheres. As demandas do feminismo liberal, relacionadas à situação de mulheres ao redor do mundo, são muito bem-articuladas por Nussbaum a partir de sua crítica interna ao liberalismo rawlsiano, enfatizando que algumas das disposições teóricas desse autor (sobretudo no tocante à situação da família) não parecem ser radicais o suficiente para garantir a disponibilidade integral dessas capacidades para mulheres e crianças. Da mesma forma, o diálogo de Nussbaum com as críticas de Okin aprofundaram o debate sobre os limites da teoria da justiça rawlsiana.

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Biografia do Autor

Tatiana Vargas Maia, Universidade La Salle (Unilasalle), Canoas, RS, Brasil.

Doutora em Ciência Política pela Southern Illinois University, Carbondale, USA. Professora da Universidade La Salle (Unilasalle), em Canoas, RS, Brasil.

Camila Palhares Barbosa, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil.

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Publicado

2022-04-06

Como Citar

Maia, T. V., & Barbosa, C. P. (2022). Por uma teoria da justiça feminista: As críticas de Nussbaum e Okin a Rawls. Veritas (Porto Alegre), 67(1), e41469. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2022.1.41469

Edição

Seção

Ética e Filosofia Política